MIGUEL GASPAR - PÚBLICO
Há quem diga que Pedro Passos Coelho anda a dar demasiados tiros nos pés na campanha do PSD. É uma teoria que tem pernas para andar. Mas há outra que descreve melhor o que está a acontecer. Os tiros nos pés têm sido tantos que é de duvidar que a campanha do PSD ainda tenha pés. E, não se sabe se qualquer dia, pelo andar da carruagem, não deixa pura e simplesmente de ter pernas para andar…
Os tiros nos pés ajudam a explicar as sondagens em forma de montanha russa. Na sondagem PÚBLICO/TVI/Intercampus de segunda-feira, o PSD de Passos aparecia com uma vantagem de seis pontos sobre o PS. Perdeu quatro pontos em quatro dias. A coisa parece matemática. Um disparate por dia, um ponto a menos por dia. Os temas puxados por Passos Coelho para a campanha ao longo desta semana foram todos ao lado: não se percebeu se houve ou não nomeações irregulares ou o se houve um não um défice oculto.
Mas a referência ao referendo ao aborto, ontem, na entrevista à Renascença, foi um passo longe de mais. Passos tentou desfazer o tiro ao longo de todo o dia mas o mal estava feito. E qual era o mal? Sabendo-se que Passos Coelho votou sim no referendo ao aborto e que tem, em geral, posições abertas em questões de costumes, a perplexidade era justificada.
Nesta campanha, como em quase todas, o voto dos indecisos é fundamental. Ora um eleitor “indeciso” não vota como um eleitor “convencido”. O primeiro vota no menos mau, o segundo vota por convicção. Quando escolhemos o menos mau, estamos eventualmente mais sensíveis às coisas que o candidato não pode fazer e menos dispostos a perdoar disparates do que quando votamos por convicção.
O racional desta eleição é conhecido. Passos tinha a vantagem do seu lado à partida e precisava de ter feito um percurso sem erros. Em vez disso, insiste em tentar marcar a agenda todos os dias com temas diferentes e que defende mal. Ao retomar o tema do referendo ao aborto, feriu a boa imagem pessoal que, ideologias à parte, consegue passar. Ficou a suspeita de que queria agradar a um determinado sector da sociedade.
Em política, o excesso não é bom companheiro. Nesta campanha em forma de montanha russa, Passos Coelho já andou vezes de mais para cima e para baixo. E desta vez nem se pode queixar que o excesso de falatório seja culpa do partido. É ele quem fala de mais.
Mas a referência ao referendo ao aborto, ontem, na entrevista à Renascença, foi um passo longe de mais. Passos tentou desfazer o tiro ao longo de todo o dia mas o mal estava feito. E qual era o mal? Sabendo-se que Passos Coelho votou sim no referendo ao aborto e que tem, em geral, posições abertas em questões de costumes, a perplexidade era justificada.
Nesta campanha, como em quase todas, o voto dos indecisos é fundamental. Ora um eleitor “indeciso” não vota como um eleitor “convencido”. O primeiro vota no menos mau, o segundo vota por convicção. Quando escolhemos o menos mau, estamos eventualmente mais sensíveis às coisas que o candidato não pode fazer e menos dispostos a perdoar disparates do que quando votamos por convicção.
O racional desta eleição é conhecido. Passos tinha a vantagem do seu lado à partida e precisava de ter feito um percurso sem erros. Em vez disso, insiste em tentar marcar a agenda todos os dias com temas diferentes e que defende mal. Ao retomar o tema do referendo ao aborto, feriu a boa imagem pessoal que, ideologias à parte, consegue passar. Ficou a suspeita de que queria agradar a um determinado sector da sociedade.
Em política, o excesso não é bom companheiro. Nesta campanha em forma de montanha russa, Passos Coelho já andou vezes de mais para cima e para baixo. E desta vez nem se pode queixar que o excesso de falatório seja culpa do partido. É ele quem fala de mais.
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