MARTINHO JÚNIOR
“DANOS COLATERAIS”
As Decisões do Conselho de Segurança da ONU, perdendo-se a oportunidade para o cessar fogo, o diálogo entre as partes e as obrigações perante o povo líbio e os largos milhares de trabalhadores migrados que viviam naquele país, directa ou indirectamente estão na origem de mais miséria e morte num espectro que alastra para lá das fronteiras do conflito e se estende por diversas regiões, inclusive Mediterrâneo dentro.
Os resultados da ingerência militar na Líbia são cada vez mais contraditórios aos seus propósitos: é este um dos preços do petróleo que os países produtores estão a pagar, em nome da cobiça anglo-saxónica!
De quem é a responsabilidade directa duma situação como esta?
Sendo de Kadafi na sua quota parte, dos rebeldes (uns verdadeiros, cada vez menos verdadeiros, outros agentes do império) a responsabilidade alastra à medida da miséria e da morte, para outros intervenientes que tendo tido a oportunidade de outras alternativas, escolheram uma vez mais a pior delas, por que como Hitler não sabem fazer melhor!
Sílvio Berlusconi, Sarkozy, Cameron e Obama têm cada vez mais quota parte de responsabilidade, por cada um dos inocentes que encontram fim perante a inevitabilidade do pântano que se soma a outros muitos mais pântanos em que todos nós cidadãos do mundo amantes da vida, estamos a cair, mesmo que os “danos colaterais” tenham sido produzidos não em nosso nome!
Os dirigentes africanos que votaram a favor da Resolução 1973, têm também sua quota parte de responsabilidade, ao não assumirem de forma prevenida outra disposição senão aquela que aceitou o enredo das potências ocidentais e, por fim, da OTAN.
África está a pagar mais barbaridades, a juntarem-se às muitas outras barbaridades que tem vindo a sofrer ao longo de séculos e, tendo sido o berço da humanidade, está também a tornar-se, um pesadelo e um sepulcro das esperanças que deveriam alimentar a humanidade!
OTAN FORA DE ÁFRICA JÁ! - PAZ SIM, NATO NÃO!
Martinho Júnior - 9 de Maio de 2011
Naufrágio em Lampedusa: leitores do “Il Giornale” fazem apologia à morte de imigrantes
Direção do “Il Giornale” divulgou uma nota, na qual se dissocia dos comentários deixados por seus leitores sobre o naufrágio de um barco de imigrantes em Lampedusa.
Lampedusa, 7 de abril de 2011 - "Esperamos que não encontrem outros com vida", "Pena, muitos sobreviveram", "Naufrágio de um barcone? Quem se importa?" - estes foram alguns comentários deixados por leitores do "Il Giornale" no site da empresa sobre a notícia da tragédia ocorrida ontem em Lampedusa, onde uma embarcação com 300 migrantes afundou.
A apologia à morte de imigrantes feita pelos leitores do “Il Giornale” levou a redação do jornal a emitir uma nota - mas só no final da tarde – dissociando-se dos comentários expressos. "Il Giornale.it se dissocia e considera deplorável, de maneira mais absoluta, alguns comentários escritos pelos leitores sobre este artigo. Devido o conteúdo ofensivo, muitos comentários foram removidos. Convidamos todos os leitores a manter o debate sobre um plano mais civil e sem provocações gratuitas", diz a nota.
A precária embarcação de migrantes e refugiados, principalmente somalis, bengalis, sudaneses e eritreus, proveniente da Líbia, afundou a 65 quilômetros da Ilha de Lampedusa, em águas territoriais de Malta. A Guarda Costeira italiana e pescadores sicilianos conseguiram salvar, até o final da tarde de ontem, 50 das 300 pessoas que estavam a bordo do barco. Segundo informações da Organização Internacional da Imigração (OII), entre os imigrantes estavam cinco crianças e 40 mulheres, das quais apenas duas sobreviveram.
A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Unhcr), Laura Bodrini, entrevistada pela Rádio Vaticana, disse que o número de mortos pode chegar a 200. "Os sobreviventes chegaram em Lampedusa com o terror no rosto, em estado de choque", disse Bodrini, informando que uma das duas mulheres sobreviventes está grávida.
A Guarda Costeira da Itália investiga as circunstâncias do naufrágio. Segundo as primeiras informações divulgadas, o barco havia partido da Líbia há pelo menos dois dias. Sobreviventes contaram aos representantes da OII que eles conseguiram nadar até os barcos de socorro que se aproximavam, mas vários outros se afogaram porque não sabiam ou não conseguiam nadar.
O capitão de um pesqueiro siciliano, que conseguiu resgatar três pessoas, disse que a cena foi impressionante. "Foi terrível. As cabeças dos náufragos ficavam fora da água e depois afundavam. Todos gritavam por socorro", relatou Francesco Rifiorito à Ansa.
Nota PG: Este conteúdo foi publicado em 12 de Maio mas por “avaria” do Blogger “desapareceu”, tendo agora surgido nos rascunhos. Ao voltarmos a publicar toma automaticamente a posição no dia em que o republicamos. Pedimos desculpa pela “anormalidade”. Nos arquivos de dia 12 de Maio, na barra lateral, esse dia não existe e para republicar somos obrigados a fazer demorados acertos por via do mau funcionamento do novo editor do Blogger.
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