terça-feira, 31 de maio de 2011

Sérvia: GENERAL RATKO MLADIC FOI EXTRADITADO PARA O TRIBUNAL DE HAIA





Crimes da guerra da Bósnia-Herzegovina

Ratko Mladic foi já extraditado para Haia, para ser julgado no Tribunal Penal Internacional para a Ex-Jugoslávia (TPI-J). O anúncio foi feito pelo ministro sérvio da Justiça, Snezana Malovic. “Já está no avião”, disse.

Mladic foi transportado do tribunal de crimes de guerra para o aeroporto de Belgrado, num comboio formado por cinco jipes e um veículo de transporte de presos, pouco depois de o recurso que o seu advogado apresentou ter sido recusado. As estradas por que passou foram cortadas ao trânsito normal. A escolta policial do ex-comandante das forças militarizadas dos sérvios bósnios usava máscaras, coletes à prova de bola e armas automáticas, descreve a Reuters.

Quanto chegar a Haia, o general Mladic deverá ser conduzido à zona penitenciária do tribunal, e depois comparecerá a uma audiência inicial No centro de detenção encontram-se actualmente 36 pessoas. Uma delas é Radovan Karadzic, o antigo chefe político dos sérvios da Bósnia.

O gabinete do procurador do TPI-J está a estudar a possibilidade de juntar o processo de Mladic ao de Karadzic. Ambos são acusados de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade na guerra da Bósnia (1992-1995).

QUEM É MLADIC?

Responsável pelo massacre de Srebrenica

Perfil: Ratko Mladic

PÚBLICO, Agências

Depois da guerra e depois do massacre de Srebrenica (1995), o general Ratko Mladic continuou a passear por Belgrado. Jantava em restaurantes caros e ia a jogos de futebol. Tudo isso a coberto do apoio do então Presidente Slobodan Milosevic. Só depois de este ser preso, em 2001, é que o general se evadiu. Até hoje. O "Carniceiro da Bósnia" foi finalmente apanhado.

Foi o rosto e o mandante de um dos piores massacres cometidos na Europa depois da II Guerra Mundial. Nascido em Kalinovik, na Bósnia, em 1942, Mladic tornou-se militar ainda durante a Jugoslávia de Tito.

Quando a nação se começou a desintegrar, começou a combater os “inimigos” da Bósnia e da Sérvia, nomeadamente os muçulmanos da Bósnia. Em Maio de 1992, a Assembleia Sérvia-Bósnia votou favoravelmente a criação de um exército, nomeando Mladic comandante. Foi a partir daqui que nasceu o "Carniceiro da Bósnia".

Em 1995 conduziu a investida sérvia-bósnia ao enclave de Srebrenica - um protectorado da ONU - onde estavam refugiados milhares de civis em fuga dos ataques sérvios no nordeste da Bósnia.

As forças sérvias bombardearam Srebrenica durante cinco dias até que o general Mladic entrou na cidade. No dia seguinte separaram os homens das mulheres e crianças, que foram enfiadas em autocarros e levadas para território muçulmano.

Os homens muçulmanos entre os 12 e os 77 anos ficaram, para serem “interrogados” sobre crimes de guerra. Nos cinco dias seguintes, as forças sérvias mataram pelo menos 7500 homens e rapazes.

Depois da guerra, Mladic regressou a Belgrado, onde ainda viveu algum tempo em liberdade, até à detenção de Milosevic.

A partir de Outubro de 2004, antigos colaboradores de Mladic começaram a entregar-se aos tribunais numa altura em que Belgrado começou a ficar sob forte pressão internacional para levar à justiça os seus criminosos de guerra.

Pensou-se que, depois da detenção de Radovan Karadzic (o líder dos sérvios bósnios durante a guerra), em Julho de 2008, Mladic não tardaria a aparecer, mas ainda demorou quase mais três anos para que, agora, o massacre de Srebrenica possa começar a ser vingado.

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