quinta-feira, 19 de maio de 2011

Timor-Leste: Ramos-Horta culpa Executivo pela frustrada adesão à ASEAN




TIMOR DIGITAL

Díli - O Presidente da República timorense, José Ramos-Horta, culpou o Executivo de Xanana Gusmão pela frustrada adesão de Timor-Leste como Estado-membro da Associação de Nações do Sudoeste Asiático (ASEAN).

De acordo com Ramos-Horta, a rejeição, por Singapura, da candidatura de Timor-Leste como Estado-membro permanente daquela associação de Estados, resultou da falta de preparação dos membros do Executivo de Xanana.

Muito crítico do Executivo, o Presidente da República declarou que terá aconselhado repetidamente para que todos os membros do Governo se preparassem para as negociações, mas que terá sido ignorado pelos mesmos. «Eu avisei muitas vezes que os Ministros de Estado deveriam fazer uma boa preparação para intervirem nas negociações. Mas a comissão interministerial criada há três anos pelo Executivo nunca realizou uma reunião de coordenação do processo de adesão», referiu Ramos-Horta.

O Presidente declarou ainda acreditar que outros países membros da ASEAN discordem da decisão de Singapura de bloquear a entrada de Timor-Leste. Segundo o Presidente da República, Myanmar, Laos ou Cambodja constituíam Estados fragilizados quando aderiram à ASEAN há alguns anos, referindo a necessidade de um processo de transição do país antes da adesão de Timor-Leste como Estado-membro permanente do grupo.

Para o Secretário-Geral da Fretilin e ex-primeiro-ministro, Mari Alkatiri, o insucesso da candidatura do país lusófono prende-se com debilidades da diplomacia timorense neste processo de candidatura. Alkatiri declarou ainda que, anterior à candidatura de Timor-Leste à ASEAN, o Executivo deveria ter exercido influência sobre todos os Estados-membros daquela associação de Estados para garantir o sucesso da iniciativa. «Eu penso que esta seja uma falha da nossa diplomacia. Falhanço porquê? Se nós fazemos uma proposta de adesão, nós devemos começar por consultar todos os parceiros (membros da ASEAN) para que a nossa candidatura seja aceite por todos», declarou Alkatiri.

«O Executivo não deveria ter submetido a proposta de adesão ao secretariado daquela associação de países sem saber se teria apoio por parte dos países membros. Deveria ter existido por parte do Executivo timorense a preocupação de saber qual a posição de Singapura sobre as necessidades timorenses para o sucesso da adesão antes de Timor ter feito a sua candidatura», manifestou o Secretário-Geral da Fretilin.

Vários membros do Parlamento timorense de diferentes forças políticas concordam com este adiamento da entrada do país para a ASEAN. O deputado timorense do Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), Adérito Hugo da Costa declarou a sua concordância com a decisão de Singapura que impede Timor-Leste de se tornar Estado membro da ASEAN em 2012. Adérito da Costa considera que o país necessita de maior preparação antes da adesão do país à associação regional. No mesmo sentido, Mário Viegas Carrascalão, deputado do Partido Social-Democrata declarou que Timor-Leste não possui recursos humanos suficientes para competir numa economia regional.

(c) PNN Portuguese News Network

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