FILIPE DUARTE SANTOS – I ONLINE
Adivinhe quem vai ficar à frente da FIFA mais quatro anos. A novidade é que nunca a credibilidade foi tão baixa e a pressão para mudar tão alta
Já se sabia que a FIFA não é propriamente a organização mais vanguardista do planeta - lembre-se, por exemplo, das resistências à adopção das novas tecnologias para apoio à arbitragem. Por isso não é de admirar que a votação para a escolha do novo presidente, ontem no congresso do organismo em Zurique, se fizesse ainda de papel e caneta. Os representantes das 208 federações votantes eram chamados por ordem alfabética, iam à cabine fazer o gatafunho e no final os votos acabaram contados manualmente um a um. E enquanto o resultado não era anunciado, o silêncio fazia da sede da FIFA uma casa meio assombrada, não propriamente porque havia grande expectativa quanto ao vencedor, mas mais pelo clima de paz podre que impede grandes alegrias.
O suíço Joseph Blatter, claro, é o novo e velho presidente. Nada muda. Venceu com 186 votos em 203 possíveis, numa reeleição para um quarto mandato de quatro anos que já estava bem encaminhada, especialmente depois do afastamento do seu único adversário, Mohammed bin Hammam, investigado por suspeita de compra de votos. O escândalo com o presidente da Confederação Asiática foi só o último que abanou a FIFA, uma espécie de cidade flutuante onde tudo se negoceia, desde um voto a um Mundial de futebol. É essa evidência, provada com o tsunami de denúncias de corrupção feitas especialmente no último ano, que coloca grande pressão no mandato de Joseph Blatter, também ele acusado (mas não investigado pelo Comité de Ética do organismo) e agora forçado a limpar a casa. Aliás, não é coincidência que proponha finalmente reformas "radicais". "Não quero ver a FIFA nesta situação. Existem suspeitas que não podemos ignorar", disse ontem depois de confirmada a sua vitória e conhecendo os comunicados que alguns dos patrocinadores que mais dinheiro investem na FIFA - Adidas, Coca-Cola e Emirates - já tinham emitido em aviso.
Ontem, Joseph Blatter viu aprovadas propostas que garantem mais independência e capacidade de investigação para o Comité de Ética e garantiu um novo método de atribuição dos Mundiais, com todos os países-membros da FIFA a exercerem o voto, ao contrário do que acontecia até aqui (escolhiam os 22 membros do Comité Executivo). A votação dos Mundiais de 2018 (Rússia) e de 2022 (Qatar), aliás, foi o epicentro do terramoto e hoje ainda há quem tente recuperar o prejuízo. Por exemplo, a Federação inglesa, que viu a sua candidatura ao Mundial-2018 ridicularizada pela obtenção de apenas dois votos em 22, ainda apresentou ontem uma proposta de adiamento da eleição, mas o congresso chumbou-a.
Voltando às reformas radicais, Blatter também quer aprofundar a colaboração com as polícias internacionais mas só não pediu uma limitação de mandatos para o presidente, algo que até o governo de Timor-Leste já sugeriu. "O problema da FIFA é igual ao de qualquer outra liderança [...] em que os dirigentes procuram manter-se nos seus postos para além do razoável", disse esta semana José Ramos-Horta, ele que em Março tinha recebido Blatter em Timor.
O suíço Joseph Blatter, claro, é o novo e velho presidente. Nada muda. Venceu com 186 votos em 203 possíveis, numa reeleição para um quarto mandato de quatro anos que já estava bem encaminhada, especialmente depois do afastamento do seu único adversário, Mohammed bin Hammam, investigado por suspeita de compra de votos. O escândalo com o presidente da Confederação Asiática foi só o último que abanou a FIFA, uma espécie de cidade flutuante onde tudo se negoceia, desde um voto a um Mundial de futebol. É essa evidência, provada com o tsunami de denúncias de corrupção feitas especialmente no último ano, que coloca grande pressão no mandato de Joseph Blatter, também ele acusado (mas não investigado pelo Comité de Ética do organismo) e agora forçado a limpar a casa. Aliás, não é coincidência que proponha finalmente reformas "radicais". "Não quero ver a FIFA nesta situação. Existem suspeitas que não podemos ignorar", disse ontem depois de confirmada a sua vitória e conhecendo os comunicados que alguns dos patrocinadores que mais dinheiro investem na FIFA - Adidas, Coca-Cola e Emirates - já tinham emitido em aviso.
Ontem, Joseph Blatter viu aprovadas propostas que garantem mais independência e capacidade de investigação para o Comité de Ética e garantiu um novo método de atribuição dos Mundiais, com todos os países-membros da FIFA a exercerem o voto, ao contrário do que acontecia até aqui (escolhiam os 22 membros do Comité Executivo). A votação dos Mundiais de 2018 (Rússia) e de 2022 (Qatar), aliás, foi o epicentro do terramoto e hoje ainda há quem tente recuperar o prejuízo. Por exemplo, a Federação inglesa, que viu a sua candidatura ao Mundial-2018 ridicularizada pela obtenção de apenas dois votos em 22, ainda apresentou ontem uma proposta de adiamento da eleição, mas o congresso chumbou-a.
Voltando às reformas radicais, Blatter também quer aprofundar a colaboração com as polícias internacionais mas só não pediu uma limitação de mandatos para o presidente, algo que até o governo de Timor-Leste já sugeriu. "O problema da FIFA é igual ao de qualquer outra liderança [...] em que os dirigentes procuram manter-se nos seus postos para além do razoável", disse esta semana José Ramos-Horta, ele que em Março tinha recebido Blatter em Timor.
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