segunda-feira, 27 de junho de 2011

Milhares de apoiantes e opositores do referendo manifestaram-se em Marrocos




ANC - LUSA

Rabat, 26 jun (Lusa) - Milhares de apoiantes e opositores do projeto de revisão constitucional em Marrocos, submetido a referendo a 01 de julho, manifestaram-se hoje à tarde pacificamente nas maiores cidades do país.

Na capital, Rabat, sob um calor sufocante, a mobilização foi bastante fraca: opositores e apoiantes não somavam mais de um milhar de pessoas no local.

O rei Mohammed VI de Marrocos apresentou há dez dias um projeto de reformas constitucionais que reforçam o papel do primeiro-ministro embora mantendo o estatuto religioso do monarca e o seu papel de chefe de Estado.

Pela primeira vez, os manifestantes favoráveis ao referendo concentraram-se em grande número em Casablanca. Uma fonte próxima do ministério do Interior contactada pela agência AFP estimou o número de manifestantes em "dezenas de milhares de pessoas".

Os manifestantes responderam à convocatória de partidos políticos e da confraria religiosa sufi "Zaouia Boudchichia", favorável ao poder e dirigida pelo xeque Hamza, que disse ter mobilizado em massa os seus "discípulos".

Por sua vez, cerca de 7000 pessoas do Movimento do 20 de Fevereiro, que reivindica mudanças políticas radicais, manifestaram-se pacificamente no bairro popular de Hay Mohammadi, em Casablanca.

"Trata-se de manifestações pacíficas nacionais, as quintas, para mostrar que utilizaremos a rua até à concretização do nosso objetivo: uma verdadeira monarquia parlamentar", declarou Ahmed Mediany, um ativista de esquerda e membro da secção de Casablanca do Movimento do 20 de Fevereiro.

"A opção pacífica é uma estratégia fundamental. No domingo passado, mudámos o local da manifestação para evitar qualquer confronto com os contra-manifestantes", acrescentou.

A 19 de junho, manifestações convocadas pelo Movimento do 20 de Fevereiro, que apela para o boicote ao referendo sobre o projeto de reforma constitucional agendado para 01 de julho, encontraram-se frente a frente com outras de apoiantes do escrutínio.

A maioria dos partidos políticos apelou para a aprovação do projeto constitucional, que reforça os poderes do primeiro-ministro embora preservando o essencial das prerrogativas reais, ao passo que três partidos de esquerda e o movimento de jovens do 20 de Fevereiro defendem um boicote.

Na sexta-feira, o movimento islâmico Justiça e Beneficência, um dos mais importantes de Marrocos, exortou também os votantes a "boicotarem" o escrutínio e declarou que participaria nas manifestações de hoje ao lado dos jovens do 20 de Fevereiro.

Decorreram também manifestações em Tânger, no norte do país, e em Marraquexe, no sul.

*Foto em Lusa

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