quinta-feira, 2 de junho de 2011

ONU: EMBAIXADORES LUSÓFONOS VÃO REUNIR-SE TODOS OS MESES PARA TER “MAIS VOZ”





Os representantes dos países lusófonos nas Nações Unidas vão passar a reunir-se mensalmente em Nova Iorque para trabalharem a agenda comum no Conselho de Segurança, caso da Guiné-Bissau, e no sistema ONU, e assim ter “mais voz” na organização.

“Vamos fazer com que, ao tornarmos mais regulares os nossos encontros, possamos também seguir mais de perto e falar mais como uma voz mais ouvida a nível da ONU”, disse à agência Lusa o embaixador de Angola junto das Nações Unidas, Ismael Martins.

O diplomata, cujo país preside atualmente à CPLP, falava em Nova Iorque, na missão de Angola, após a primeira reunião de concertação regular em mais de um ano, em que participaram também os embaixadores de Portugal e Timor Leste, a representante permanente adjunta do Brasil e diplomatas das restantes missões dos “oito”.

Depois de uma paragem motivada pela ausência em Nova Iorque de alguns diplomatas, incluindo do próprio embaixador angolano, as reuniões terão agora lugar no dia 15 de cada mês.

O objetivo é fazer um “acompanhamento mais próximo” das reuniões do Conselho de Segurança, onde Portugal e Brasil estão atualmente representados.

No final deste mês, o dossier da Guiné-Bissau vai subir ao órgão de Segurança e Defesa da ONU, e o diplomata angolano espera desenvolvimentos.

“Vai-se tornando possível falar, ou pelo menos sonhar, com a conferência de doadores [para a Guiné-Bissau] num futuro próximo, e estamos prontos a trabalhar com as autoridades da guineenses, a encorajá-las para tomar a decisão certa e o país continuar no caminho certo”, disse Martins.

O recente perdão da dívida internacional guineense, que envolveu o Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Clube de Paris, “foi uma espécie de voto de encorajamento às autoridades guineenses para continuarem nesta direção”, afirmou.

Também na agenda dos países lusófonos vai estar a reforma do Conselho de Segurança, onde o Brasil está a lutar por conseguir um lugar permanente e os países africanos dois.

O objetivo é, para já, “desbloquear o processo passando-se para um processo de negociação real”, afirma o diplomata.

“Aqui também temos ideias mais ou menos comuns. (…) Esta posição brasileira tem uma razão de ser e pode ser perfeitamente apoiada. Em África pensamos que precisamos de ter uma presença que se sinta, que de facto possa ser vista pelo resto do continente africano como porta-voz das aspirações africanas”, disse Martins.

Na reunião de quarta feira, os diplomatas passaram em revista também as diferentes candidaturas submetidas por membros da CPLP, em particular a do brasileiro José Graziano da Silva ao cargo de diretor da Organização para a Agricultura e Alimentação.

No caso de Angola, o objetivo é voltar ao Conselho Económico e Social (ECOSOC) da ONU, já em 2012.

Luanda prepara-se também para albergar o centro regional de informação da ONU para os países africanos lusófonos, o que deverá acontecer “dentro de seis a doze meses”, de acordo com o diplomata angolano.

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