quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pobreza e excesso de população em Luanda são "bomba-relógio" - vice-presidente BM




CFF - LUSA

Lisboa, 09 jun (Lusa) - A vice-presidente do Banco Mundial para África considerou em entrevista à Lusa que a pobreza e o excesso de população em Luanda são uma "bomba-relógio" e aconselhou o governo angolano a incluir os cidadãos na discussão sobre o futuro do país.

"Espero que os angolanos percebam a urgência de resolver este problema (da pobreza). Angola urbanizou-se muito rapidamente e quando olhamos para a capital Luanda vemos uma concentração massiva de pessoas e sinais diários de pobreza urbana que o governo precisa combater porque é uma bomba-relógio", disse Obiageli Ezekwesili, em entrevista à Lusa à margem da reunião anual do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que decorre em Lisboa.

A responsável do Banco Mundial considerou, por outro lado, que a situação nas zonas rurais também não pode ser descurada.

"Quando visitei uma escola numa localidade rural em Angola, era muito cedo e as crianças estavam todas a dormir devido à má nutrição. Todas estas questões contam e é preciso resolvê-las de forma integrada. A má nutrição impede as crianças de aprenderem, por isso elas tentarão ir para Luanda onde irão engrossar o volume de população sem formação e sem empregos", disse.

Obiageli Ezekwesili defendeu que "é preciso envolver a população" e criar "confiança pública na forma como o governo está a abordar este tipo de problemas.

A vice-presidente do Banco Mundial para África comentava assim as recentes manifestações de contestação ao regime de José Eduardo dos Santos em Luanda, que culminaram com a detenção de vários manifestantes, e os confrontos de setembro de 2010 por causa do aumento do preço dos alimentos em Moçambique.

Para Obiageli Ezekwesili, Angola e Moçambique enfrentam problemas semelhantes porque ambas as economias são baseadas na exploração dos recursos naturais, desincentivando o crescimento de outros setores.

"A solução passa por olhar as macro e as micro políticas como um todo e gerir prudentemente os recursos provenientes das minas ou do petróleo, direcionando-os para a educação. Quando se transfere este capital para o capital humano, está-se a apostar em capital mais duradouro", disse.

Obiageli Ezekwesili sublinhou ainda a necessidade de resolver o problema das infraestruturas, ligando as zonas rurais às urbanas, considerando que desta forma é possível criar o contexto para a realização de negócios, atrair o setor privado e gerar emprego.

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