Silva Pais, o PIDE mor |
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O último director da PIDE, Silva Pais, cuja memória está a ser evocada no julgamento da peça "A filha rebelde", não tem bom nome que possa ser defendido em tribunal, disse o professor catedrático José Manuel Tengarrinha.
"Ele pode ser sido uma boa pessoa em família, mas a sua atitude pública, o seu comportamento foi altamente condenável como principal responsável da repressão do Estado Novo", disse o antigo deputado, várias vezes detido pela PIDE.
Em causa está uma peça de teatro estreada no Teatro D. Maria II, em 2007, e que conta a história de Annie Silva Pais, filha do antigo director da PIDE.
Os sobrinhos de Silva Pais processaram os dois antigos directores do Teatro Nacional D. Maria II - Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira - e a autora da adaptação do texto, Margarida Fonseca Santos, por difamação e ofensa à memória de Silva Pais.
Em tribunal "defende-se o bom nome de uma pessoa que tem bom nome. Ele não tem bom nome", opinou Tengarrinha, actualmente com 80 anos.
Para o fundador do Movimento Democrático Português, é preciso separar as águas: por um lado a "afeição familiar" dos sobrinhos de Silva Pais e por outro o comportamento "cruel, opressivo e repressivo" do antigo director da PIDE.
"É confundir as duas coisas. Ele não tem bom nome. Eu estive várias vezes preso quando ele foi director e sei bem o que passei e qual era a opinião dele sobre os presos políticos e como deviam ser "apertados" para denunciar", recordou.
O julgamento começou no dia 3 de maio e a próxima audiência está marcada para o dia 22, para audição de Valdemar Cruz e José Pedro Castanheira, jornalistas do semanário Expresso e autores do livro "Filha Rebelde", testemunhas arroladas por ambas as partes do processo.
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