sexta-feira, 22 de julho de 2011

“As estradas são óptimas para RAID, são péssimas para as comunicações entre as populações"




SAPO TL

No fim-de-semana de 16 e 17 Julho o país presenciou o 1º Raid TLA – Nas Rotas de Timor-Leste. Com o total apoio da Presidência da República, o arranque deu-se precisamente no Palácio Presidencial, em Díli. No total foram 44 viaturas e mais de 100 participantes a percorrerem os 348,600 km de Dili – Nartarbora – Manatuto – Díli.

Para quem já esteve em Timor-Leste, sabe de antemão o péssimo estado em que se encontram as estradas. E há alturas do ano em que as mesmas se tornam intransitáveis, impossibilitando as pessoas de quererem conhecer um pouco mais do país. Mas não com o Raid.

Para o participante Filipe Barata, esta prova permitiu “conhecer uma parte de Timor-Leste que de outra forma não conheceria e de uma forma segura.” Mas nem por isso deixaram de existir os inevitáveis acidentes envolvendo uma viatura da própria organização (ver foto) e de um participante, “felizmente sem problemas físicos, tanto num caso como no outro,” informa o organizador do Raid Moisés Martins. Porém registaram-se mortes, “um porco e sete galinhas”, informou o responsável máximo da TLA Vasco Carrascalão, durante o jantar de distribuição de prémios.

Um evento do género atrai, em qualquer parte do mundo, as populações locais e Timor-Leste não foi excepção. “Houve uma recepção francamente positiva. Grande animação e um apoio total à caravana por ser uma coisa diferente e verem pela primeira vez todo este aparato,” explica Moisés Martins, que apesar da ausência do presidente Ramos-Horta, contou com a participação do Comandante Geral da PNTL, Longuinhos Monteiro.

A prova foi dividida em várias etapas e em cada uma delas havia um tempo a ser cumprido. “O troço [veja o mapa da prova] era novo para nós e não fazíamos a mínima ideia de como calcular as distâncias e o tempo,” começa por explicar Inês Van Breemen que juntamente com o seu companheiro Paul Van Breemen, fizeram a prova num Pajero Júnior. “ Estamos cá há quatro meses e ainda não passeamos assim tanto. Não deu para tirar muitas fotografias”, lamenta.

Em contrapartida, a única equipa feminina (todas elas professoras provenientes da Escola Portuguesa de Díli) presente no evento preocupou-se menos com o relógio e mais com a paisagem. “O nosso objectivo foi não nos preocuparmos muito com os tempos. Conhecemos o interior de Timor, vimos paisagens lindíssimas, a população foi maravilhosa e acolhedora. As dificuldades foram perfeitamente superadas com calma, segurança e determinação, todas elas características femininas,” afirmam orgulhosas.

O troféu do 1º lugar acabou por ficar “em casa”, equipa constituída pelo português Bernardo Barradas e pelo timorense José “Zeca” das Neves, ambos da TLA, acompanhados por uma neo- zelandesa e um australiano. Para o participante timorense o RAID permitiu-lhe visitar distritos que nunca visitado como Aileu e Manatuto. Enalteceu ainda o facto de Timor-Leste poder mostrar ao mundo que tem capacidade para organizar este tipo de eventos.

No cômputo geral, a organização faz um balanço positivo e futuramente o RAID poderá enveredar para uma vertente mais profissional fruto da exigência não só dos próprios competidores como também dos patrocinadores. No entanto, fica a opinião do participante Filipe Barata. “As estradas são óptimas para RAID, são péssimas para as comunicações entre as populações”. Agora que o Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste foi aprovado, mãos à obra!


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