sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Eleições: Líder do PAICV recomenda criação de comissão parlamentar de inquérito




CLI - LUSA

Cidade da Praia, 18 ago (Lusa) -- O presidente do PAICV (no poder) defendeu hoje que o parlamento cabo-verdiano deve criar uma comissão de inquérito para investigar as denúncias da alegada compra de votos e pressões sobre os eleitores.

José Maria Neves, líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) e também primeiro-ministro, afirmou que desde 1991 tem havido denúncias de atos eleitorais ilícitos que devem ser investigados para serem esclarecidos "de uma vez por todas".

"Sobre esta questão da compra de votos, o parlamento devia criar uma comissão de inquérito para investigar as votações de 1991 a 2011, para avaliarmos os atos eleitorais e todas as denúncias que foram feitas para credibilizarmos as instituições do país", disse.

"E as instituições devem funcionar, designadamente a Procuradoria-Geral da República, os tribunais e a Comissão Nacional de Eleições. Esta comissão deve ser criada para avaliar e responsabilizar aqueles que promovem eventuais manipulações de consciências ou compra de votos", argumentou.

José Maria Neves garantiu que, nesta matéria, o seu partido tem a "consciência tranquila", acrescentando que o PAICV "é forte como tamarindo e duro como uma rocha, mas também é limpo como a água da lagoa".

"Não temos nada a esconder. Portanto, eu quero que todos estejam tranquilos em relação à postura do PAICV e apelo para que sejam feitos todos os inquéritos e análises que entenderem em relação a esta matéria. Acho que vamos descobrir coisas muito curiosas", assegurou, sem precisar.

O presidente do PAICV defendeu também que o Código Eleitoral cabo-verdiano deve ser revisto, para que possa haver observadores nacionais a acompanhar as eleições cabo-verdianas, de forma a "analisar quem é quem nos processo eleitorais em Cabo Verde".

O líder do PAICV também comentou as transferências que foram feitas pelo Tesouro cabo-verdiano nos últimos dias de campanha da primeira volta, explicando que se tratavam de situações urgentes da administração pública que tinham de ser resolvidas, negando que tenha havido ilícito eleitoral.

"As transferências foram feitas em regime de urgência para acudir necessidades urgentes da administração pública, que só não foram respondidas antes por causa do atraso na aprovação do Orçamento de Estado", justificou.

"Trata-se de pessoas que tinham salários em atraso nas frentes de alta intensidade de mão-de-obra desde de janeiro, fevereiro e março, por exemplo. Estas transferências não foram ilícitas", disse.

No balanço da campanha eleitoral, José Maria Neves reconheceu que, na primeira volta, houve "excessos de ambos os lados", mas garantiu que o partido está agora "unido em torno da candidatura de Manuel Inocêncio Sousa" às presidenciais de domingo.

"O partido está muito mais unido e coeso neste momento da campanha eleitoral. Já há grande adesão dos militantes e estruturas do partido que estiveram com a candidatura de Aristides Lima e os dados que temos apontam para uma vitória de Manuel Inocêncio Sousa na segunda volta", reivindicou.

José Maria Neves explicou que, após as eleições, a comissão política do partido deverá reunir-se para discutir as questões internas, admitindo a possibilidade de realização de um congresso extraordinário.

Garantiu que "ninguém vai sair do PAICV" e que "não haverá quaisquer divisões" no partido.
"Penso que o PAICV sairá reforçado destas eleições e isso servirá para aprofundar o debate interno. O PAICV é um partido democrático, onde há liberdade e a possibilidade de criação de tendências. Por isso, temos todas as condições para, depois das eleições, refletir aprofundadamente sobre as questões que emergiram na arena pública durante a campanha e poder tomar as decisões que foram mais importantes", avançou.

A marcação de um congresso extraordinário vai depender, segundo o presidente do partido, do "debate na comissão política e, principalmente, do conselho nacional, órgão com competência para o convocar".

*Foto em Lusa

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