sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Guiné-Bissau: Oposição promete marchas até que primeiro-ministro seja julgado





Bissau - A oposição na Guiné-Bissau garantiu hoje (sexta-feira) que vai continuar a fazer manifestações até que o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior seja levado a tribunal, e teceu duras críticas ao Presidente da República, acusado de "andar aos ziguezagues". 
 
Há cerca de um mês que os partidos da oposição na Guiné-Bissau vêm promovendo manifestações, a exigir que sejam apuradas as eventuais responsabilidades do primeiro-ministro em assassinatos cometidos em 2009.

Esta semana o Presidente da República, Malam Bacai Sanhá, considerou não haver razões para demitir o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, tendo os partidos da oposição, unidos num "colectivo da oposição democrática", respondido em conferência de imprensa que da parte deles não vão desistir de ver Carlos Gomes Júnior em tribunal. 
 
A oposição, cujo maior partido é o PRS (Partido da Renovação Social), lamentou o "ambíguo posicionamento" do Presidente, que também terá entrado no "jogo do empurra para a justiça institucional", acrescentaram.

De acordo com a oposição, o chefe de Estado quer que sejam remetidos os "quatro bárbaros assassinatos de 2009 para as autoridades castrenses, julgando poder, desta forma, imputar a exclusividade da responsabilidade destes crimes aos militares. 
   
Se Malam Bacai Sanhá "não andasse aos ziguezagues e tivesse cumprido com o prometido, ou seja divulgar os nomes dos políticos no activo envolvidos nos assassinatos, não estaríamos aqui, hoje, a reclamar justiça", defendeu a oposição. 
 
Segundo os partidos, ninguém esquece como o Presidente e o primeiro-ministro "saíram altamente beneficiados com aqueles assassinatos", e a oposição "não deixará cair por terra impunemente e sem justiça os algozes de Baciro Dabó e Hélder Proença", nem descansará enquanto não forem apuradas as responsabilidades de Carlos Gomes Júnior e do Presidente interino da altura, Raimundo Pereira.
 
Na conferência de imprensa, os partidos apresentaram também uma certidão de arquivamento de um processo contra Hélder Proença, demonstrando, disseram, que este nunca esteve envolvido em algum golpe de Estado, como o governo o acusou há dois anos, dias depois da sua morte. 
 
Na conferência de imprensa, Marciano Indi, do PRID (Partido Republicano da Independência e Desenvolvimento), disse que Carlos Gomes é suspeito dos assassinatos de há dois anos e acrescentou que "num Estado de direito ninguém defende criminosos nem se solidariza com eles". 
 
Sori Djalo, pelo PRS, garantiu que o primeiro-ministro tem de ir a tribunal e garantiu que "as marchas não vão parar nunca" porque é preciso levar Carlos Gomes Júnior à justiça. 
 
Em 2009, o Presidente "Nino" Vieira, o chefe das Forças Armadas, general Tagmé Na Waié e os deputados Baciro Dabó e Hélder Proença, foram assassinados em circunstâncias que permanecem por esclarecer.  

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