quinta-feira, 25 de agosto de 2011

POR ENQUANTO QUEDA DE KADAFI NÃO AFETA ANGOLA, diz especialista





ENTREVISTA A ORLANDO CASTRO

Com o provável fim da "Era Kadhafi ", o presidente angolano José Eduardo dos Santos passa a ser um dos chefes de Estado africanos com mais tempo no poder. Poderia ele ser o próximo a ser derrubado?

Ao que tudo indica a era do ditador líbio Muammar Kadhafi, 32 anos no poder, pertence ao passado. Depois dele, o angolano José Eduardo dos Santos e Theodoro Obiang, da Guiné Equatorial, passam a liderar a lista dos chefes de Estado com mais tempo à frente de um país africano.

José Eduardo dos Santos assumiu Angola em 1979. A Deutsche Welle quis saber quais poderiam ser as consequências da queda de Khadafi para o regime de José Eduardo dos Santos e entrevistou Orlando Castro, jornalista luso-angolano, natural do Huambo, e "exilado no Porto", como ele mesmo salientou.

A opinião do exilado

"É obvio que a queda do Kadhafi terá consequências para o regime angolano, se for visto numa perspectiva de interesse do ocidente", resume o jornalista.

"José Eduardo dos Santos é um presidente - não eleito - que está no poder há mais de 30 anos e, portanto, tem todas as características de um ditador".

Segundo o entrevistado, "há ditadores bons e maus" e avaliar o tipo de ditador vai depender do critério adotado pela comunidade internacional. Para Castro, tudo depende dos interesses das potências internacionais.

"Enquanto der jeito ao ocidente que Angola mantenha o regime político que tem, José Eduardo dos Santos não sofrerá consequências".

Que seja eterno enquanto dure

O luso-angolano ressaltou que quando o Ocidente deixar de ter interesse no ditador, "serão criadas todas as estratégias para que ele caia".

"Tudo é interesse. Enquanto Kadhafi foi útil, esteve no poder. E José Eduardo dos Santos, neste momento, é uma garantia de alguma estabilidade para o Ocidente", complementa.

 Para Castro "é muito mais fácil negociar com um regime ditatorial do que com um regime democrático". O motivo é longo tempo do chefe de Estado no poder, o que faz com que "os países da comunidade internacional já saibam quem é o interlocutor e como funciona o sistema; conhecem os meios de corrupção e a estrutura. Se fosse um regime democrático - e houvesse alternância no poder - era muito mais difícil negociar e corromper, porque as pessoas vão mudando", explica.

"Por enquanto é de interesse que José Eduardo dos Santos esteja no poder para que o Ocidente e a China continuem fazendo os grandes negócios com Angola", coloca Castro à Deutsche Welle.

A posição de Angola

Angola tem acompanhado com atenção aos acontecimentos na Líbia. Durante a cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), realizada em Luanda, o ministro angolano dos Negócios Estrangeiros, George Chicoty, expressou a solidariedade em nome de Angola e da SADC para com o ex-ditador Líbio.

Segundo o regime angolano, Kadhafi enfrenta uma crise não merecida, alimentada por forças estrangeiras. Há poucos dias, José Eduardo dos Santos recebeu um enviado especial do seu ex-homólogo, Muammar Kadhafi, segundo noticiou a agência de notícias Angop.

Autor: António Cascais - Edição: Bettina Riffel / António Rocha

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Orlando Castro - Jornalista (CP 925)
A força da razão acima da razão da força
http://www.altohama.blogspot.com - http://www.artoliterama.blogspot.com

4 comentários:

Anónimo disse...

DIVIDIR PARA MELHOR REINAR.

É o que tem feito o capitalismo em África e onde quer que seja e, enquanto ele persistir, África está à mercê do que lhe cai em cima vindo de fora e utilizando os ovos das serpentes que estão dentro.

Não há líder algum em Angola que ponha em causa o capitalismo e o que ele neste momento traz para África: divisão, neo colonialismo, subdesenvolvimento crónico e insuperável, rapinas das riquezas, guerras umas atrás das outras, fome generalizada em regiões inteiras (como no "corno de África"), holocaustos como os do Ruanda e da RDC...

Serão alguma vez os candidatos à Presidência de Angola elementos fiáveis quando não põem em causa o capitalismo?

Não o sendo JES, não há ninguém na "oposição" que o prove ser e esse é também um dos males de Angola e de África!

África precisa dum amplo movimento de libertação, que cultive paz, justiça social, equilíbrio, participação, criatividade e cidadania, recuperando e adaptando ao século XXI o movimento de libertação do século XX, mas com uma energia ainda maior, a energia das grandes decisões, as de não darmos em África nem mais um passo atrás, nem mais espaço a abutres!

Os povos africanos merecem muito melhores dirigentes que os que hoje possui!

Martinho Júnior

Luanda

Anónimo disse...

“Não se justificam a fome, a ignorância e a doença que assolam África”, disse Mo Ibrahim, para quem a solução terá de pessar obrigatoriamente por “bons líderes, boas instituições e boa governação”, sem os quais “não haverá Estado de Direito, não haverá desenvolvimento”.

Carlos Lacerda

Anónimo disse...

Vc pelo menos podia falar da Coréia do Norte, que nos anos oitenta ajudou o Mugabe a trucidar civis lá no Zimbabue. E de uma Etiópia governada por comunistas, que durante a grande fome recebeu mais comida dos EUA do que da URSS.

Ah, esqueci. A URSS tinha que importar comida dos EUA. Como é que poderia doar alimentos em quantidade satisfatória para os seus camaradas na África, não é mesmo?

Anónimo disse...

... e no entanto quanto não devem os "democráticos" pelo facto da URSS ter feito o esforço maior para derrotar os nazis?

O maior peso da IIª Guerra Mundial caiu sobre a URSS: mais de 25 milhões de mortos!

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