ENTREVISTA A ORLANDO CASTRO
Com o provável fim da "Era Kadhafi ", o presidente angolano José Eduardo dos Santos passa a ser um dos chefes de Estado africanos com mais tempo no poder. Poderia ele ser o próximo a ser derrubado?
Ao que tudo indica a era do ditador líbio Muammar Kadhafi, 32 anos no poder, pertence ao passado. Depois dele, o angolano José Eduardo dos Santos e Theodoro Obiang, da Guiné Equatorial, passam a liderar a lista dos chefes de Estado com mais tempo à frente de um país africano.
José Eduardo dos Santos assumiu Angola em 1979. A Deutsche Welle quis saber quais poderiam ser as consequências da queda de Khadafi para o regime de José Eduardo dos Santos e entrevistou Orlando Castro, jornalista luso-angolano, natural do Huambo, e "exilado no Porto", como ele mesmo salientou.
A opinião do exilado
"É obvio que a queda do Kadhafi terá consequências para o regime angolano, se for visto numa perspectiva de interesse do ocidente", resume o jornalista.
"José Eduardo dos Santos é um presidente - não eleito - que está no poder há mais de 30 anos e, portanto, tem todas as características de um ditador".
Segundo o entrevistado, "há ditadores bons e maus" e avaliar o tipo de ditador vai depender do critério adotado pela comunidade internacional. Para Castro, tudo depende dos interesses das potências internacionais.
"Enquanto der jeito ao ocidente que Angola mantenha o regime político que tem, José Eduardo dos Santos não sofrerá consequências".
Que seja eterno enquanto dure
O luso-angolano ressaltou que quando o Ocidente deixar de ter interesse no ditador, "serão criadas todas as estratégias para que ele caia".
"Tudo é interesse. Enquanto Kadhafi foi útil, esteve no poder. E José Eduardo dos Santos, neste momento, é uma garantia de alguma estabilidade para o Ocidente", complementa.
Para Castro "é muito mais fácil negociar com um regime ditatorial do que com um regime democrático". O motivo é longo tempo do chefe de Estado no poder, o que faz com que "os países da comunidade internacional já saibam quem é o interlocutor e como funciona o sistema; conhecem os meios de corrupção e a estrutura. Se fosse um regime democrático - e houvesse alternância no poder - era muito mais difícil negociar e corromper, porque as pessoas vão mudando", explica.
"Por enquanto é de interesse que José Eduardo dos Santos esteja no poder para que o Ocidente e a China continuem fazendo os grandes negócios com Angola", coloca Castro à Deutsche Welle.
A posição de Angola
Angola tem acompanhado com atenção aos acontecimentos na Líbia. Durante a cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), realizada em Luanda, o ministro angolano dos Negócios Estrangeiros, George Chicoty, expressou a solidariedade em nome de Angola e da SADC para com o ex-ditador Líbio.
Segundo o regime angolano, Kadhafi enfrenta uma crise não merecida, alimentada por forças estrangeiras. Há poucos dias, José Eduardo dos Santos recebeu um enviado especial do seu ex-homólogo, Muammar Kadhafi, segundo noticiou a agência de notícias Angop.
Autor: António Cascais - Edição: Bettina Riffel / António Rocha
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Orlando Castro - Jornalista (CP 925)
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A força da razão acima da razão da força
http://www.altohama.blogspot.com - http://www.artoliterama.blogspot.com
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4 comentários:
DIVIDIR PARA MELHOR REINAR.
É o que tem feito o capitalismo em África e onde quer que seja e, enquanto ele persistir, África está à mercê do que lhe cai em cima vindo de fora e utilizando os ovos das serpentes que estão dentro.
Não há líder algum em Angola que ponha em causa o capitalismo e o que ele neste momento traz para África: divisão, neo colonialismo, subdesenvolvimento crónico e insuperável, rapinas das riquezas, guerras umas atrás das outras, fome generalizada em regiões inteiras (como no "corno de África"), holocaustos como os do Ruanda e da RDC...
Serão alguma vez os candidatos à Presidência de Angola elementos fiáveis quando não põem em causa o capitalismo?
Não o sendo JES, não há ninguém na "oposição" que o prove ser e esse é também um dos males de Angola e de África!
África precisa dum amplo movimento de libertação, que cultive paz, justiça social, equilíbrio, participação, criatividade e cidadania, recuperando e adaptando ao século XXI o movimento de libertação do século XX, mas com uma energia ainda maior, a energia das grandes decisões, as de não darmos em África nem mais um passo atrás, nem mais espaço a abutres!
Os povos africanos merecem muito melhores dirigentes que os que hoje possui!
Martinho Júnior
Luanda
“Não se justificam a fome, a ignorância e a doença que assolam África”, disse Mo Ibrahim, para quem a solução terá de pessar obrigatoriamente por “bons líderes, boas instituições e boa governação”, sem os quais “não haverá Estado de Direito, não haverá desenvolvimento”.
Carlos Lacerda
Vc pelo menos podia falar da Coréia do Norte, que nos anos oitenta ajudou o Mugabe a trucidar civis lá no Zimbabue. E de uma Etiópia governada por comunistas, que durante a grande fome recebeu mais comida dos EUA do que da URSS.
Ah, esqueci. A URSS tinha que importar comida dos EUA. Como é que poderia doar alimentos em quantidade satisfatória para os seus camaradas na África, não é mesmo?
... e no entanto quanto não devem os "democráticos" pelo facto da URSS ter feito o esforço maior para derrotar os nazis?
O maior peso da IIª Guerra Mundial caiu sobre a URSS: mais de 25 milhões de mortos!
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