sábado, 27 de agosto de 2011

Portugal: VAI CHOVER EM OUTUBRO!




MIGUEL SILVA – DN Madeira, opinião

Se há marca que fica deste governo nacional é a definição, clara como água, de que quem vai ser chamado em primeiro lugar para pagar a crise são os trabalhadores. A classe média, novamente. O mesmo fadário de sempre. Nos pobres não se pode mexer, porque são pobres. E nos ricos, não se mexe porque são ricos e o País precisa deles. Não lhes vá passar pela cabeça e investir noutro país mais complacente.

Quem trabalha vai pagar! Aliás, isso mesmo ficou claro quando o ministro das Finanças afirmou, no seu tom demasiado calmo (a fazer lembrar os primeiros discursos de Xanana Gusmão, mas em bom português) que é mais fácil ir ao bolso dos trabalhadores do que à máquina do Estado. Numa entrevista a Judite de Sousa, agora na TVI, Vítor Gaspar fez lembrar Marcelo Rebelo de Sousa. Pode-se cortar na despesa do Estado? perguntava ela. Pode-se! dizia ele. Mas é eficaz?, perguntava ela. Não, não é tão rápido! respondeu ele, mais palavra, menos palavra. Ou seja, disse o ministro, com todas as letras, é mais fácil por os contribuintes a pagar do que emagrecer a máquina do Estado.

E isso ficou por aí.

Agora, que estamos no fim do mês, quando a esmagadora maioria dos portugueses começa a contar moedas pretas entre notas de cinco euros, anda o governo entretido em saber como descalçar a bota sobre se deve ou não taxar as grandes fortunas deste País. De um lado temos uma esquerda que acha que sim, que quem mais ganha mais deve contribuir. Do outro lado temos um centro-direita, mais comedido e a lembrar, talvez justamente, que entre quem mais ganha estão alguns dos maiores empregadores deste País.

E andamos nisto.

Entretanto, mais pragmáticos, outros países já terão decidido taxar as maiores fortunas, como França e Espanha. E Portugal, mais uma vez, sente-se tentado a fazer aquilo que mais temos feitos nos últimos anos: praticar a política da 'Maria vai com as outras'. Não sabemos bem o que fazer e então fazemos como fazem os outros. Mas o governo português tem uma grande dúvida: deve taxar os lucros dos ricos ou as propriedades dos ricos.

E daqui ainda não saímos.

Voltando ao início, com uma certeza estão os portugueses que trabalham e descontam todos os meses. Esses já podem começar a fazer contas de somar para as despesas do quotidiano e de 'sumir' para as prendas de Natal.

No meio de tudo isto, na Madeira, os mais incautos estarão a pensar que vamos passar entre a chuva. Ah povo enganado! Vai chover a bom chover a partir de Outubro!

Sem comentários:

Mais lidas da semana