terça-feira, 23 de agosto de 2011

PROBLEMAS FINANCEIROS CAUSAM DOENÇAS MENTAIS


Bastonário José Manuel Silva - Fotografia: Jornal de Angola

FILIPE EDUARDO – JORNAL DE ANGOLA

O bastonário da Ordem dos Médicos de Portugal, José Manuel Silva, deu a conhecer, em entrevista ao Jornal de Angola, que as dificuldades financeiras e sociais são a causa principal dos problemas mentais, “o que implica a necessidade de recursos para ajudar a população, quer em termos psico-terapêuticos como farmacológicos”.


Causas genéticas e questões culturais, e sobretudo as dificuldades económicas e a desestruturação da sociedade, constituem, segundo José Manuel Silva, as principais causas dos problemas mentais. 

 O bastonário referiu que alguém que careça de recursos para satisfazer as suas necessidades mínimas não tem satisfação pessoal e profissional. “Isto reflecte-se em mais ansiedade, mais nervosismo, mais depressão e mais suicídio”, sublinhou.

José Manuel Silva aponta duas soluções, designadamente, a melhoria do nível sócio-económico das populações, regiões ou países e a disponibilização de recursos para tratar as situações clínicas. 

O bastonário da Ordem dos Médicos de Portugal desconhece, ao certo, o número de doentes mentais existentes no seu país, mas afirma que o consumo de fármacos psicotrópicos é significativo, o que indicia as dificuldades sociais que o país está a atravessar neste momento, com o aumento do nível de desemprego e a redução das prestações sociais. Tudo isso, referiu, faz com que, em termos psicológicos, muitos cidadãos se descompensem e precisem de ajuda.

José Manuel Silva apelou aos governos dos países da CPLP para a necessidade de constituírem recursos que possam dar aos cidadãos as condições mínimas, para evitarem as doenças mentais que decorrem das dificuldades sociais. “As doenças mentais que têm a ver com uma interacção entre a genética e o ambiente, mas com uma maior determinação genética, como por exemplo a esquizofrenia, precisam, obviamente, de uma terapêutica específica e especializada”, sublinhou. 

O bastonário reconheceu que os governos nem sempre conseguem ir tão longe como desejam, por falta ou escassez de recursos para o fazer. Outro apelo de José Manuel Silva vai no sentido dos países disponibilizarem recursos clínicos e farmacológicos para o tratamento adequado dos cidadãos, o que implica uma preocupação particular não só com as doenças mentais, mas também com as condições de vida das populações em termos genéricos.

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