sábado, 27 de agosto de 2011

RAPIDINHAS DO MARTINHO – 33




MARTINHO JÚNIOR

GOLPE MILITAR

O golpe militar na Líbia está em vias de se consumar da pior maneira: com o recurso ao AFRICOM e à OTAN!

O que o binómio AFRICOM/OTAN fez na Líbia foi efectivamente participar de forma estimulante e decisiva num golpe militar com um papel preponderante na programação das operações, das acções político-diplomáticas, económicas e financeiras, a coberto das vantagens que as potências possuem, no Conselho de Segurança da ONU, como no “raio de alcance” de suas forças e interesses.

Deste modo, sem viabilizar o diálogo com vista a instalar um clima que conduzisse à paz e a eleições democráticas, o que se está a instalar pela via da força em Tripoli são fantoches, quaisquer que sejam a partir de agora seus “papeis”.

As sensibilidades africanas divergem: enquanto os componentes da SADC não reconhecem os “rebeldes” líbios e o processo de sua instalação no poder, tendo em conta a posição comum que tiveram para com o caso do golpe em Madagáscar (que faz parte da SADC), onde houve aliás muito menos efusão de sangue que na Líbia, outros como a Etiópia, a Nigéria e Cabo Verde, não têm objecções…

Independentemente da polémica, isto é sintomático da fragilidade do continente que não só não responde em uníssono, como se abre a todo o tipo de aventuras, só faltando convidar a que se continue com os procedimentos, manipulações e manobras típicos do binómio AFRICOM/OTAN e das potências dominantes que se propõem à hegemonia unipolar!

Dada a situação que está em curso na Nigéria, às tantas será aquele “explosivo” país do Golfo da Guiné o próximo a “experimentar” a aliança AFRICOM/OTAN!

A ANGOP publicou o espectro de notícias do dia referentes às diferentes posições que aproveito para juntar.
  
Martinho Júnior - 26 de Agosto de 2011.

Foto: Força tarefa da USNAVY que abriu as hostilidades na Líbia em pleno Mediterrâneo.
  
Líderes africanos debatem posição comum sobre Líbia

Addis Abeba - Uma reunião de alto nível do Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana (UA) sobre a Líbia realizou-se hoje (sexta-feira) em Addis Abeba, na Etiópia, para discutir sobre uma posição comum africana face à crise neste país.

Alguns países africanos, dos quais a Etiópia e a Nigéria, já reconheceram o Conselho Nacional de Transição (CNT) como a autoridade legítima da Líbia, uma posição contestada por outros países como a África do Sul.

A reunião do CPS, que se realiza a nível dos chefes de Estado, deverá pronunciar-se sobre o reconhecimento ou não do CNT por África.

Mas, entre os 15 membros do CPS, apenas três estão representados pelos seus chefes de Estado - Jacob Zuma da África do Sul, Yoweri Museveni do Uganda e Omar Guelleh, do Djibuti.

A secretária-geral adjunta das Nações Unidas, Rose Migiro, está presente na reunião para encorajar uma posição comum entre a organização mundial e a Comissão da UA.

"A União Africana sempre foi uma das parceiras estratégicas mais importantes da ONU e continuará a sê-la. Quando a ONU e a UA trabalharem juntos nós teremos êxito", declarou Migiro aos líderes africanos a quem ela transmitiu uma mensagem do Secretário-Geral da organização universal, Ban Ki-moon.

"Juntos devemos encorajar a emergência de uma nova liderança (na Líbia)", acrescentou a responsável da ONU, o que assemelha a um encorajamento a reconhecer o CNT.

A UA tentou levar as duas partes em conflito na Líbia à mesa das negociações para resolver pacificamente a crise.

Mas, o presidente da Comissão da UA, Jean Ping, declarou à reunião que os seus esforços não deram os resultados esperados.

Zuma, que à semelhança de Museveni está oposto ao reconhecimento do CNT, declarou que a UA está preocupada com a situação prevalecente e reclamou por uma transição rápida na Líbia.

"Nós devemos pôr termo a isto (a guerra na Líbia) ", disse o Presidente sul-africano.
    
Zimbabwe – Governo ameaça expulsar embaixador da Líbia após sua adesão ao CNT

Harare - O Zimbabwe ameaçou hoje (sexta-feira) expulsar o embaixador líbio, Taher Elmagrahi, após o anúncio da sua retirada da parte governamental para se colocar do lado dos rebeldes, noticia a AFP.

"O Conselho Nacional de Transição (CNT, rebelião líbia) não está acreditado em Harare. Se ele (Elmagrahi) disser agora que reconhece o CNT isto que quer dizer que já não representa os interesses do Governo líbio no Zimbabwe", declarou o secretário zimbabweano para os Negócios Estrangeiros, Joey Bimha, afirmando que o seu país "não reconhece o CNT líbio".

Elmagrahi anunciou quinta-feira que ele se juntou ao campo dos rebeldes e escreveu para o ministério dos Negócios Estrangeiros para o informar sobre a sua decisão, depois de substituir a bandeira oficial líbia pela do CNT.

O Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, mantém sólidas relações com o líder líbio, Muammar Kadafi, e criticou abertamente os rebeldes e os seus aliados ocidentais.
   
África do Sul diz que CNT líbio ainda não é governo legítimo

Addis Abeba - O presidente sul-africano Jacob Zuma, disse hoje (sexta-feira) durante uma conferência de imprensa conjunta da União Africana (UA) que o "Conselho Nacional de Transição (CNT) ainda não é governo legítimo".

O Conselho Nacional de Transição ainda não representa o poder "legítimo" na Líbia, já que continuam os combates no país, estimou hoje o presidente sul-africano Jacob Zuma, na sede da União Africana (UA).

"As forças (do CNT) estão a tentar tomar Trípoli (...), mas ainda ocorrem combates", razão pela qual não podemos afirmar que é neste momento o poder legítimo, afirmou.

A UA pediu a formação na Líbia de um "governo de transição que inclua todas as partes, que seria bem-vindo a ocupar um assento na União Africana", sem mencionar o CNT no seu comunicado, ao final de uma mini-cimiera em Addis Abeba.

A África do Sul teme uma guerra civil na Líbia e também deseja que a África resolva por si mesma, de forma pacífica, os problemas africanos.

Zuma acusou nesta semana a OTAN de afundar os seus esforços de mediação da UA, afirmando que "isso teria podido evitar muitas perdas humanas".

A UA não reconheceu até o momento de forma oficial o CNT como representante legítimo da Líbia, como fizeram vários países ocidentais.

A União Africana tentou em vão durante o conflito líbio uma mediação entre os rebeldes do CNT e o regime de Muammar Kadhafi, o que os primeiros rejeitaram, exigindo como condição prévia a partida do "Guia" da revolução líbia.
    
Nigéria – Governo rejeita críticas da África do Sul por reconhecimento do CNT

Abuja - O porta-voz da Presidência nigeriana, Reuben Abati, minimizou quinta-feira) as críticas da África do Sul depois de a Nigéria reconhecer oficialmente a legitimidade do Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia que combate o regime de Muammar Kadhafi.

Falando à imprensa quinta-feira, Abati disse que " a posição da Nigéria sobre a Líbia está conforme com os seus princípios enquanto país, a Nigéria apoia a vontade do povo líbio para que as suas aspirações sejam respeitadas e o Presidente espera que a reconciliação seja a prioridade do Governo de transição na Líbia".

"A reacção da África do Sul, que se opõe ao reconhecimento do Governo de transição na Líbia, apenas lhe concerne", realçou.

A Nigéria, segundo Abati, reserva-se o direito, enquanto país soberano, de tomar a posição que ela considera justa em qualquer questão de política estrangeira.

Por isso, a reacção sul-africana é inapropriada. A posição da Nigéria sobre a Líbia é muito clara e ela inscreve-se nos princípios de sobernia.
    
Governo etíope reconhece o CNT, apela UA para fazer o mesmo - oficial

Addis Abeba - A Etiópia reconheceu hoje (quarta-feira) o Conselho Nacional de Transição (CNT, órgaão dirigente da rebelião) como autoridade legítima interina da Líbia e apelou a União Africana (UA), cuja sede está em Addis Abeba, à fazer o mesmo.

"Nós decidimos conjuntamente a reconhecer o CNT como a autoridade legítima interina na Líbia", indicou Dina Mufti, a porta-voz do governo etíope, durante uma conferência de imprensa com os ministros dos Negócios Estrangeiros da Etiópia e da Nigéria.

A Nigéria reconheceu o CNT terça-feira.

Ainda hoje, o Governo de Cabo Verde renovou o reconhecimento da legitimidade do Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio e lhe solicitou que resolva a crise pela via do diálogo.

Num comunicado, o ministério cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros lembra que, já a 26 de Junho de 2011, reconhecera o CNT como "interlocutor legítimo" na "crise" líbia, em conformidade com os valores e declarações defendidos pela União Africana (UA).

"Face aos acontecimentos dos últimos dias, vem o Governo de Cabo Verde renovar o seu reconhecimento à legitimidade da CNT.

No seu texto, o executivo cabo-verdiano encorajou o CNT a levar a cabo uma transição que tenha em consideração a necessidade de uma acção política pacífica, com vista à constituição de um Governo de transição para a realização de eleições livres e democráticas.

O MNE cabo-verdiano realça que a transição deve abarcar "a importância em salvaguardar as aspirações e os interesses do povo líbio", na luta pela democracia, liberdade e respeito pelos direitos humanos.
  
Argélia – Governo continua a observar uma estricta neutralidade – oficial

Argel- A Argélia continua a observar uma "estricta neutralidade ao recusar qualquer ingerência nos assuntos internos da Líbia vizinha, disse hoje (sexta-feira) o porta-voz do ministério argelino dos Negócios Estrangeiros, Amar Belani.

Trata-se da primeira reacção oficial argelina, desde que os rebeldes líbios chegaram a capital, Trípoli, cidade que controlam a 98 porcento.

O governo não reconheceu o Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião líbia, e nunca solicitou oficialmente a partida de Muammar Kadhafi.

A Argélia reafirmou igualmente o "respeito da decisão de cada povo decorrente da sua soberania nacional", acrescentou o porta-voz nessa declaração transmitida à AFP.

Argel "conforma-se escrupulosamente com as resoluções das Nações Unidas e tem informado os membros do Conselho de Segurança, no âmbito da sua interacção com os organismos regionais sobre a crise líbia.

"Desde o início da crise na Líbia, a Argélia declarou, de maneira mais solene, que se tratava de um assunto interno da Líbia, que era em primeiro lugar com o povo líbio, tudo que se refere as suas implicações regionais e os termos da estabilidade e da sua segurança", sublinhou.
   
Aviões britânicos bombardeiam bunker na cidade natal de Kadhafi

Londres - Aviões britânicos bombardearam durante a noite um bunker na cidade de Sirte, reduto do regime e cidade natal de Muammar Kadhafi, anunciou hoje sexta-feira o ministério da Defesa (MoD).

"À meia-noite, uma formação de Tornados GR4s, que partiu da base da RAF (Royal Air Force) de Marham, em Norfolk, leste da Inglaterra, disparou uma salva de mísseis guiados de precisão Storm Shadow contra um bunker de um grande quartel-general na cidade natal de Kadhafi, Sirte", afirma um comunicado.

A televisão do regime líbio, Al-Jamariya, anunciou quinta-feira na sua página no Facebook que a OTAN estava a bombardear Sirte, onde segundo os rebeldes Kadhafi poderia estar escondido.

Os rebeldes planificaram hoje um novo avanço contra as forças pró-Kadhafi na cidade.

NR - Todos os títulos de notícias transcritas foram compilados de ANGOLA PRESS 

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