sábado, 10 de setembro de 2011

Angola: "Espero que manifestação sirva para que governo dê mais atenção...




... a necessidades da população" - padre em Luanda

FYS - LUSA

Lisboa, 10 set (Lusa) - A manifestação de sábado em Luanda pode ser um aviso para que o governo angolano dê mais atenção às necessidades básicas da população, disse à agência Lusa o padre Casimiro Gaspar, que elogiou a coragem dos jovens manifestantes.

"Oxalá (a manifestação) sirva para que o governo passe a dar mais atenção às necessidades básicas que são reivindicadas pela população e perceba que existe descontentamento", afirmou o padre português que vive há 32 anos em Angola e está colocado atualmente na paróquia Beata Anuarite, nos arredores de Luanda.

Apesar de considerar que o descontentamento ainda "não é um sentimento generalizado" na população angolana, e que o número de manifestantes foi reduzido, o pároco admite que a manifestação poderá ser uma chamada de atenção para o governo de José Eduardo dos Santos.

"Estes jovens tiveram uma certa coragem por aderirem a esta manifestação e tomarem uma posição clara contra aquilo que é um domínio muito grande do MPLA", apontou em declarações à Lusa em Lisboa, onde chegou esta semana.

No entender do pároco de 65 anos, as manifestações ocorridas no Norte de África, nomeadamente no Egipto, Tunísia e Líbia e que já levaram à queda de regimes naqueles países pode ter tirado o medo aos jovens angolanos de mostrarem o seu descontentamento.

O pároco Casimiro Gaspar acha que os jovens ao verem que "há países onde há uma contestação muito grande pelo facto do mesmo presidente estar há muito tempo [no poder]" podem pensar que se "os outros fizeram nós também podemos fazer".

"O facto de o mesmo presidente estar há muito tempo [no poder] parece-me que foi um dos "slogans" da manifestação", referiu.

Contudo, considera que, ao contrário do que se passou naqueles países, em Angola, o governo de José Eduardo dos Santos "está suficientemente seguro".

"Para já não vejo que possa haver manifestações significativas que criem uma instabilidade generalizada no país", anteviu.

Faz hoje precisamente uma semana que um grupo de jovens realizou uma manifestação em Luanda contra o presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que resultou na detenção e ferimento de um número indeterminado de participantes, bem como na agressão a alguns jornalistas.

A polícia anunciou a detenção de 24 pessoas, mas fontes próximas dos manifestantes falam em 50 detidos e a organização internacional Human Rights Watch denunciou na terça-feira que pelo menos 30 pessoas permaneciam incontactáveis ou em paradeiro desconhecido.

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