segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Brasil: DILMA DIZ A PETISTAS QUE ERROS E ACERTOS DE LULA TAMBÉM SÃO SEUS




CORREIO DO BRASIL, com Reuters – de Brasília

A uma plateia de militantes e personalidades petistas, a presidente Dilma Rousseff disse na noite de sexta-feira que ajudou a construir o legado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que os erros e acertos de seu antecessor são seus também.

- Uma herança é pouco, é como se fosse aquelas camadas que fundamentam o solo e que garantem que as pedras tenham vários graus de solidez. Eu estou firmada sobre uma pedra muito sólida – discursou Dilma durante o 4º Congresso Nacional do PT.

- Não é herança porque eu ajudei a construir essa pedra, eu estava lá. Os erros e acertos dela são meus erros e meus acertos – acrescentou Dilma, pouco antes de criticar a imprensa por, segundo ela, tentar caracterizar o legado de Lula como “herança que não é bendita.”

Aliás, as críticas à mídia foram um ponto comum nos discursos de Dilma, Lula – que se disse vítima de “mentiras”-  e do presidente do partido, Rui Falcão, que acusou a “imprensa marrom” de “caluniar, injuriar ou difamar” políticos do partido.

A presidente contestou ainda as alegações de que não teria habilidade política suficiente para exercer a Presidência. A avaliação é feita, inclusive, por alguns aliados, que alegam inabilidade da presidente na condução política do governo, mas foi creditada por Dilma à oposição.

- Especulam sobre a minha suposta inapetência política de que eu sempre fui uma gerente tecnocrata muito despreparada para o exercício da Presidência – disse.

- Eles (oposição) esquecem o fato que tenho muito orgulho de ter (feito política), quando era muito difícil fazer política no Brasil, porque dava cadeia e morte – disse Dilma, lembrando os tempos em que foi militante na ditadura, arrancando aplausos dos quase 2 mil petistas.

O 4º Congresso do PT segue até domingo e vai aprovar uma nova resolução nacional para a legenda e discutir a reforma do estatuto do partido.

Um dos principais pontos da resolução que deve ser aprovada no domingo diz que “a questão dos juros e do câmbio precisa ser enfrentada com medidas mais ousadas. O câmbio elevado é uma ameaça à economia brasileira, que exigirá no curto prazo medidas de forte impacto”, segundo texto obtido pela agência inglesa de notícias Reuters.

3 comentários:

Anónimo disse...

A mais recente edição da revista portuguesa VISÃO traz uma longa reportagem — 12 páginas — sobre as ligações, nem sempre muito claras, entre Miguel Relvas e empresários e políticos brasileiros. Relvas é ministro de Assuntos Parlamentares de Portugal e pertence ao PSD, um partido de centro-direita, que venceu recentemente as eleições. Embora o PT, segundo a sua resolução, esteja empenhado em derrotar o “neoliberalismo”, um dos grandes amigos de Relvas no Brasil é o “esquerdista”… José Dirceu! Muito bem! A crítica do “companheiro” à mídia não é gratuita. Aliás, “gratuidade” é uma palavra que o Zé não conhece. O homem está sempre “trabalhando”.

O objeto da longa reportagem da revista “Visão” é Relvas, com seus múltiplos tentáculos. Um deles é o grupo de comunicação português Ongoing, que já chegou ao Brasil. E adivinhem pelas mãos de quem… Acertou quem disse “Dirceu”.

O busílis é o seguinte: a Ongoing tem um jornal no Brasil chamado Brasil Econômico, de que a namorada de Dirceu é administradora e onde ele é colunista. Oficialmente, os portugueses são donos de apenas 29,9% do empreendimento. Os outros 70,1% pertenceriam a Maria Alexandra Vasconcellos, brasileira que é casada com o português Nuno Vasconcellos, presidente do… grupo Ongoing!!! Entenderam? A Constituição proíbe que estrangeiros controlem empresas de comunicação no país. E o PT, vejam vocês, escreveu em sua resolução que quer regulamentar a mídia para fazer cumprir a… Constituição!!! Uns verdadeiros patriotas! O Ministério Público está investigando o caso. Esclarecido isso, leiam trechos da reportagem da revista Visão. A fama do rouba-hóstia já atravessou o “mar oceano”, como diriam os poetas portugueses de antigamente.

Anónimo disse...

*

(…)
Dirceu está inelegível até 2015 e é o principal visado no caso que começará a ser julgado este ano e conta 36 acusados [mensalão]. Prova de que ainda mexe - e muito -, Dirceu foi capa da revista VEJA esta semana. A revista chama-lhe “O Poderoso Chefão”, título brasileiro para a saga de “Dom Corleone, O Padrinho” e uma forma de ilustrar a sua teia de influências no governo e nas empresas. Dirceu, agora consultor de multinacionais, conhece bem Portugal. E Miguel Relvas. O ministro português recorda tê-lo conhecido “por intermédio de amigos comuns”, sem relações empresariais pelo meio. “Encontrei-o ocasionalmente”, diz.

A revista lembra de uma viagem que Dirceu fez a Portugal em 2007. No aeroporto de Lisboa, um brasileiro o saudou: “Tem ladrão na fila”. Segue mais um trecho da reportagem.

À espera de Dirceu [em Portugal] estava João Serra, dono da construtora Abrantina e sócio do escritório de advogados Lima, Serra, Fernandes e Associados. Da sociedade fazem parte Fernando Fernandes, ex-administrador da SLN (BPN) e atual grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), organização maçônica a que estará ligado Relvas. Outro sócio que acompanhou Dirceu na estada na capital portuguesa foi Antônio Lamego, ex-advogado de José Braga Gonçalves no caso Moderna. Segundo Dirceu, Lamego era amigo do general João de Matos, ex-chefe do Estado-Maior do Exército angolano. Na época, os três combinaram encontrar-se na Costa do Sauípe, no Brasil, para tratar de negócios.

Nesses dias lisboetas, Dirceu ficou hospedado no Pestana Palace. Andou de Jaguar preto, jantou no Vela Latina, bebeu Pera Manca e disse querer investir em Angola. “Meu interesse é infraestrutura: rodovias, telefones, telecomunicações.” O consultor do milionário mexicano Carlos Slim e do magnata russo Berezevosky, falou também da sua atividade: promover negócios de portugueses no Brasil e de brasileiros em Angola. No dia da partida de Lisboa, Dirceu adormeceu e teve de correr para o aeroporto: “Lamentava ter comido muito e bebido duas garrafas de vinho na noite anterior em companhia do deputado Miguel Relvas, seu amigo há décadas” (…).

No Brasil, apontam a Dirceu ligações à Ongoing. Um dos links é Evanise Santos, a namorada. Também referida no “mensalão”, é diretora de marketing do Brasil Econômico, jornal do grupo e da Ejesa, empresa da mulher do líder da Ongoing. Amiga da presidente Dilma, Evanise foi coordenadora de relações públicas no Palácio do Planalto no tempo de Lula. Dirceu escreve no jornal. A investida da Ongoing no Brasil foi atribuída às influências de Dirceu, mas o grupo desmente. Reinaldo Azevedo, da Veja, não cai. “No meio político, o ‘Brasil Econômico’ é chamado “aquele jornal do Dirceu”, escreveu.

Anónimo disse...

O ex-ministro é visto como um símbolo do pior que o País tem. (…)”Nada mudou depois do mensalão. A promiscuidade do Governo com seus aliados persiste”, afirma Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado. Para Fernão Lara Mesquita, jornalista e atual administrador do jornal O Estado de S. Paulo, mistério é coisa que não existe: “Se viesse um dia a cair no Brasil, Sherlock Holmes ficaria desempregado. Não há nada para descobrir. É tudo ’sexo explícito’”, refere. Segundo ele, Dirceu “é o especialista nos trabalhos sujos. Tudo o que é realmente grande na roubalheira geral está a cargo dele”. Fernão Mesquita inclui na polêmica o caso Ongoing, grupo que considera o “cavalo de troia” da estratégia para o domínio multimédia no universo lusófono.

Num momento em que “o Brasil é o maior exemplo histórico de execução de um projeto de tomada de poder pelo controle dos meios de difusão da cultura ‘burguesa’”, a Ongoing “e os banqueiros por trás dela vieram a calhar”, aponta. A Ongoing, acionista da PT [Portugal Telecom]~, da Impresa e da Zon, é liderada, no Brasil, por Agostinho Branquinho, que não quis falar à VISÃO, invocando o seu “período de jejum” da política portuguesa. É amigo e companheiro de partido de Relvas.

O ministro tem em mãos a privatização da RTP e saberá do interesse da Cofina e da Ongoing no canal. No Brasil, o grupo viu arquivada uma queixa por alegada violação da lei relativamente às origens estrangeiras do seu capital. “A verdade prevalece, apesar das campanhas de alguma concorrência”, diz um porta-voz da empresa. Fernão Mesquita não ficou convencido. “Nunca superamos, vocês e nós, o sistema feudal. Seguimos vivendo sob um rei e seus barões. Não há poderes independentes.”

(…)
Blog Reinaldo Azevedo

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