sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Moçambique: EXEMPLO QUE VEM DA ÁFRICA DO SUL




Os media nacionais e internacionais noticiaram, esta semana, que um tribunal da África do Sul proibiu o polémico líder da Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano (ANC), Julius Malema, de entoar canções que incitem ao ódio racial.

A acção judicial resultou de um processo-crime movido por uma associação cívica, a Afriforum, na sequência do emprego, por aquele dirigente juvenil, de palavras “morte ao bóer” e “disparem contra o bóer”, contidas em canções por ele entoadas em vários comícios. Além de proibir que no futuro Julius Malema entoe os referidos cânticos, o tribunal ordenou também que o mesmo pague parte das custas do queixoso, no caso a Associação Afriforum.

Para um país como a África do Sul, com um passado de opressão e discriminação racial, as referidas palavras atentam contra a paz e reconciliação nacional.

De acordo com a notícia, à luz dos direitos adquiridos pelos cidadãos da África do Sul, e que são garantidos pela Constituição, frases e atitudes como as daquele jovem político não são tolerados por colocarem em risco a dignidade e a segurança de grupos étnicos.

Esta exemplar intervenção judicial contra o líder da Liga da Juventude do ANC deve ser tomada, quanto a nós, como um exemplo a seguir para a correcção de alguns comportamentos negativos evidenciados por certos dirigentes de partidos políticos do nosso país.

Pronunciamentos com marcas de incitamento à violência são frequentemente feitos pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, perante o olhar cúmplice e indiferente de muitos.

Palavras como “vou incendiar o país...”, “vou matar ...” “Moçambique vai arder...” são habituais no léxico do presidente do maior partido da oposição nacional.

Tal como a África do Sul, o nosso país viveu longos momentos de guerra de destruição que ninguém quer voltar a viver, mesmo aqueles que não fizeram parte dessa história.

Os efeitos de uma guerra são por demais conhecidos: morte de pessoas inocentes e destruição, num ápice, de infra-estruturas económicas e sociais cuja edificação, muitas vezes, levou uma eternidade.

Pronunciamentos incendiários como os que habitualmente saem da boca de Afonso Dhlakama poderão, um dia, desencadear reacções populares descontroladas e prejudiciais para os esforços que todos realizamos para o desenvolvimento do nosso país.

O  “refrão”  que ultimamente se ouve daquele dirigente político anuncia o aquartelamento de desmobilizados  e promete revolução até Dezembro com o objectivo de derrubar o Governo eleito democraticamente.  

Não obstante algumas vozes minimizarem o verdadeiro alcance dos pronunciamentos do líder da Renamo, é tempo de “apelar” a Afonso Dhlakama ao uso de vocabulário apropriado a um Estado de Direito.

Associações cívicas, como as de defesa dos direitos humanos existentes no nosso país, devem seguir o exemplo da Afriforum, da África do Sul, levando à barra do tribunal todos aqueles que com suas atitudes públicas ponham em causa o bem-estar da maioria.

Basta de palavras de incitamento à violência porque elas não constroem, pelo contrário destroem, retraem o investimento e atrasam o processo de desenvolvimento que todos almejamos.

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