quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Governo precisa de 1M€ para manuais após Banco Mundial banir editora Macmillan




MMT - LUSA

Maputo, 01 set (Lusa) -- O Ministério da Educação de Moçambique necessita de um milhão de euros para adquirir livros de cinco títulos de disciplinas da 3ª a 6ª classes, após a editora britânica Macmillan ter sido banida pelo Banco Mundial.

Em 2010, o Banco Mundial afastou a editora britânica Macmillan dos seus projetos de financiamento durante seis anos por envolvimento em atos de suborno no Sudão, facto que está a afetar Moçambique.

A produção de livros, em Moçambique, é da responsabilidade de três editoras, entre as quais as portuguesas Texto Editora e Porto Editora mas cabe à Macmillan produzir quantidades consideráveis de livros do ensino primário.

A verba em falta servirá para a compra de mais de um milhão de livros da 3ª, 4ª, 5ª e 6ª classes, cuja produção de conteúdos estava confiada à histórica editora britânica desde 2004, no âmbito de um acordo com as autoridades moçambicanas.

O porta-voz do Ministério da Educação de Moçambique, Manuel Rego, disse que o executivo moçambicano está agora à procura de alternativas para a angariar a verba, visando suprir a necessidade dos manuais a tempo de serem usados no próximo ano letivo.

Citado pelo jornal Notícias, Manuel Rego afirmou que, "das negociações em curso com vista à aquisição dos livros, se chegou a um entendimento no sentido de se adquirir livros ao preço do custo de produção, um gesto considerado como humanitário" por parte da editora.

"Para este ano, o setor teve de levantar os livros nas mãos da Macmillan a título de crédito, razão pela qual foi contraída uma dívida com a editora no valor de 90 milhões de meticais (2,3 milhões de euros)", disse o porta-voz do Ministério da Educação moçambicano, garantindo que parte do empréstimo já foi pago.

A autoria dos cinco títulos de uma disciplina de cada classe (3ª, 4ª, 5ª e 6ª) é da Macmillan, pelo que o MINED deverá comprá-los, para garantir que o ano letivo de 2012 arranque com os materiais já distribuídos aos alunos.

Há dias, o ministro da Educação de Moçambique, Zeferino Martins, disse haver dois cenários imediatos para resolver o problema: o primeiro, é obter-se recursos próprios para pagar esses títulos e ter os livros em janeiro de 2012, o segundo é elaborar fichas com os conteúdos desses manuais para, posteriormente, distribuir aos professores.

Uma fonte ligada ao setor disse hoje à Lusa que, neste caso, cabe ao Governo abrir um novo concurso público para a produção de conteúdo das classes abrangidas, mas afastou qualquer possibilidade de outras editoras comprarem a patente da Macmillan, por temerem represálias do Banco Mundial, um dos principais financiadores da educação moçambicana.

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