sexta-feira, 30 de setembro de 2011

MORREU O JORNALISTA DUDA GUENNES





O jornalista brasileiro Eduardo Guennes Tavares de Lima, conhecido como Duda Guennes, e autor da mais antiga coluna da imprensa de Lisboa "Meu Brasil Brasileiro" do jornal "A Bola", morreu hoje de madrugada em Lisboa vítima de doença prolongada.

Duda Guennes nasceu a 21 de Julho de 1937 no Recife, no Pernambuco (Brasil), era filho de um coronel e chegou a estudar num colégio de Jesuítas. Casou em Portugal e deixou uma filha de 28 anos.

Chegou a Portugal com a Revolução dos Cravos, na véspera da manifestação "Maioria Silenciosa", iniciativa política levada a cabo em setembro de 1974 por alguns setores conservadores da sociedade portuguesa, civil e militar que apoiavam o então Presidente da República General Spínola.

O humor "sibilino" e os dotes culinários eram algumas das suas principais características, como disse à Lusa João Matias, um amigo de Duda também jornalista. Acima de tudo, outros amigos próximos, contactados pela agência Lusa, descrevem-no como "um fantástico contador de histórias e um grande amigo".

Os seus dois grandes sonhos - ver o estádio Maracanã e assistir ao pôr-do-sol na famosa praia do Arpoador no Rio de Janeiro - consegui-os cumprir num mesmo dia da década de 50.

Trabalhou na rede "O Globo", fez parte do brasileiro "Pasquim" e foi correspondente em Lisboa. Desde 1980 que escrevia para a coluna "Meu Brasil Brasileiro" do jornal "A Bola", crónicas que mais tarde viria a publicar em livro, com várias histórias do mundo futebolístico.

Uma delas vem descrita no 'blog' brasileiro, Vitrola dos Ausentes, de Paulo Ribeiro: "Garrincha, certa vez, respondeu a um diretor que lhe chamou de boémio por frequentar boates. "O senhor também já foi visto várias vezes em velório e não é defunto.

"O Duda tem mesmo várias histórias. Escreve sobre candomblé, sobre o folclore brasileiro, além de contar também coisas inacreditáveis de seus amigos. Um deles (descobri pelo Mauro Ventura) colecionava "bens imateriais". É. O cara colecionava apertos de mão. O sujeito trazia anotadas todas as mãos importantes que já apertara, de JK à Rita Lee, tinha o registo até da Rita Pavone", conta ainda o blog.

Duda Guennes colaborava atualmente também no jornal Comércio de Pernambuco, mas ao longo da sua vida escreveu para diversos jornais e revistas, foi crítico de teatro e comentador do Carnaval do Rio de Janeiro, chegou a traduzir revistas de Walt Disney e transcrevia do português brasileiro para o português de Portugal.

Actualmente, escrevia um livro sobre a morte.

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