...pouco contacto com os açorianos
VAM - LUSA
Santa Cruz das Flores, 23 set (Lusa) - O presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, considerou hoje "positiva" a visita do chefe de Estado ao arquipélago, mas lamentou que o formato utilizado não tenha proporcionado mais proximidade com as pessoas e empresas.
"Foi uma visita que foi positiva e que foi muito direcionada. Eu achei que estava muito bem posicionada esta ideia do Presidente da República de focalizar a sua atenção nas ilhas da coesão", afirmou Carlos César, em declarações aos jornalistas num jantar nas Flores.
O presidente do Governo Regional dos Açores, que desde terça-feira acompanhou toda a visita que Cavaco Silva realizou às ilhas de Santa Maria, Graciosa, São Jorge, Corvo e Flores, não deixou, contudo, de lamentar o formato da deslocação, que não proporcionou ao chefe de Estado muito momentos de contacto com os açorianos.
"O formato utilizado não proporcionou uma maior proximidade com as pessoas, com as empresas, com as dificuldades da nossa economia, nem com os seus sucessos, mas ainda assim foi uma boa oportunidade do Presidente da República se aperceber do trabalho que estamos a fazer", sublinhou.
Apesar disso, continuou o presidente do Governo Regional dos Açores, foi bom ver que o Presidente da República considerou que as políticas de desenvolvimento que têm sido adotadas nas chamadas "ilhas da coesão" são "corretas" e estão a surtir efeitos.
"É um encorajamento sentir que outros órgãos do Estado partilham da nossa opinião sobre o modelo de desenvolvimento e os esforços que estamos a empreender", acrescentou.
Questionado se esta visita contribuiu para diminuir a tensão nas suas relações com Cavaco Silva, depois de este, há dois anos, ter vetado por duas vezes o Estatuto Político-Administrativo dos Açores, Carlos César recusou a existência de qualquer "tensão especial".
Aliás, frisou, a sua atitude sempre foi a mesma: "Elogio aqueles que estão a favor dos Açores e critico aqueles que considero que não estão a ajudar o desenvolvimento dos Açores, estão a estimular uma incompreensão".
Durante a discussão do Estatuto disse ter sido "claro", ao entender que "o Presidente da República estava a estimular um sentimento nacional contra as autonomias e contra os Açores, em particular", garantindo que "se essa discussão fosse hoje de novo o faria".
Interrogado se entende que a visita de Cavaco Silva aos Açores, que termina no sábado em São Miguel, foi apenas uma "visita de 'charme' com poucos efeitos práticos", Carlos César recordou que um chefe de Estado não governa.
"Penso que o Presidente da República leva uma mensagem muito clara, a de que nós fazemos um grande esforço por desenvolver os Açores, a que nós gerimos as nossas finanças públicas com grande sentido de rigor, a de que não fazemos mais porque não temos mais dinheiro", argumentou.
No arquipélago continua a utilizar-se o princípio de só comprar aquilo que se pode pagar, reforçou o presidente do Governo Regional dos Açores.
"Isso é algo que abona aos Açores e que na atualidade portuguesa é uma circunstância não muito frequente", destacou.
*Foto em Lusa
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