SIC NOTÍCIAS - LUSA
O primeiro-ministro português defendeu hoje, na Assembleia-Geral da ONU, a criação de um Estado Palestiniano, desde que o acordo de paz entre palestinianos e isrealitas seja assinado e se a comunidade internacional se comprometer com a segurança de Israel.
Pedro Passos Coelho intervinha no debate anual das Nações Unidas um dia depois de a Palestina entregar um pedido de reconhecimento como membro de pleno direito da organização, que já foi encaminhado para o Conselho de Segurança.
A iniciativa palestiniana "deve ser o resultado e a consequência lógica da conclusão das negociações, pelo que entendemos que se trata de uma manifestação de interesse que se materializará quando o acordo de paz for celebrado", disse Passos Coelho, em português, na primeira intervenção no plenário anual da ONU.
A opção preferida pelos países da União Europeia, e que Passos Coelho sublinhou na intervenção, é um estatuto intermédio para a Palestina junto da ONU, de Estado não membro, enquanto prosseguem negociações diretas com Israel.
Esse estatuto, referiu, "traduziria um passo importante para a criação do novo Estado. E significaria um compromisso acrescido dos Palestinianos com o processo das negociações, reforçando a sua confiança na via para o acordo de paz definitivo e global".
Portugal, atualmente membro do Conselho de Segurança, irá neste processo usar a sua "sensibilidade singular no diálogo com o Médio Oriente", dando prioridade a uma posição europeia conjunta que "faça pontes e facilite compromissos", conduzindo à criação de um Estado palestiniano, mas à "segurança de Israel".
Das "primaveras árabes", Passos Coelho evocou Egito, Tunísia e em particular a Líbia, a que Portugal continuará a "dar o seu contributo para o êxito da transição" democrática, no Conselho e Comité de Sanções, a que preside.
"Portugal viveu a sua transição democrática em 1974. Estamos disponíveis para partilhar aquela experiência também como expressão da nossa solidariedade e encorajamento", disse.
"Um elemento importante desta nossa experiência foi, aliás, a contribuição e a participação plena e em plano de igualdade das mulheres portuguesas no processo político pós-revolução", adiantou Passos Coelho.
O primeiro-ministro defendeu ainda uma tomada de posição do Conselho de Segurança contra a Síria, que está a ser negociada há meses sem êxito, para pôr fim a uma "degradação da inaceitável e insustentável" situação.
"Muitos inocentes continuam a pagar na região 1/8do Médio Oriente 3/8 um preço alto pelas suas legítimas aspirações. (...) Exortamos o Governo sírio para que ponha fim à violência e à repressão das legítimas aspirações democráticas do seu povo", adiantou.
A transição no Médio Oriente, afirmou, torna também "ainda mais evidente o impasse que se verifica no dossier nuclear iraniano".
"Urge que Teerão entenda que é tempo de mudança, que é tempo de cooperar no seu interesse e a bem da paz e da segurança internacionais", adiantou Passos Coelho.
Na intervenção de cerca de 20 minutos, defendeu ainda uma maior cooperação entre a ONU e organizações regionais -- União Europeia, União Africana, Liga Árabe e também Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que "tem uma forte vocação para o reforço do multilateralismo, ao serviço da paz, da segurança e da democracia".
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