SIC NOTÍCIAS - LUSA
Os cerca de 100 jovens que hoje marcharam em Luanda desmobilizaram a meio da tarde, pondo fim à manifestação que decorreu sem qualquer detenção, apesar de a polícia os ter impedido de atingirem o Largo da Independência.
Um dos organizadores da marcha, Massilon Chindombe, disse à agência Lusa que os manifestantes "começaram a dispersar pelas 15:30".
A marcha de jovens, que pedem a libertação do grupo de manifestantes detidos a 03 de setembro, deixou o cemitério de Santa Ana às 11:00 em direção ao largo da Independência.
Cerca de 10 minutos depois, os jovens foram parados pela polícia que apelou para que seguissem o itinerário determinado pelo governo da província de Luanda e se dirigissem ao Campo de Felício.
Depois do impasse, com os manifestantes a rejeitarem essa ordem e a permanecerem no local em que tinham sido parados, estes "aceitaram" a sugestão das autoridades", disse Chindombe.
Ainda assim, a marcha até ao campo de Felício acabou por não se concretizar.
"Nós queríamos ir para o sítio indicado em conjunto ou em pequenos grupos. A polícia não aceitou, queria que dispersássemos e cada um fosse lá ter pelos seus meios", justificou Massilon Chindombe, acrescentando que perante a resistência das autoridades preferiram manter-se onde foram "bloqueados".
Mais tarde, pelas 15:30, os jovens dispersaram, pondo fim à manifestação.
William Tonet, advogado de defesa dos jovens que foram detidos e que também integrou a marcha, contou à Lusa que convenceu os jovens a cumprirem as ordens da polícia para evitar conflitos.
"Sugeri que se manifestassem ao lado do cemitério de Santa Ana para inviabilizarem que agentes provocadores ligados à segurança do Estado, que se introduzem na marcha como se fossem manifestantes, pudessem dar motivo a detenções pela polícia", explicou.
Ainda segundo o advogado, a marcha terminou "sem detenções".
Apesar ter terminado de forma pacífica, a ação de protesto deu, durante a manhã, origem a um incidente que envolveu a equipa da RTP.
Segundo relatos de testemunhas, um indivíduo não identificado tentou roubar a câmara da RTP o que levou a polícia a intervir. No meio da confusão, o equipamento ficou danificado.
O porta-voz do Comando Geral da Polícia Nacional angolana, sub-Comissário Carmo Neto, confirmou à Lusa este incidente, acrescentando que "ainda não está apurado o que se passou".
Quanto aos obstáculos colocados pela polícia a que a marcha se dirigisse ao Largo da Independência, o responsável afirmou apenas cumpriram "as diretivas do governo da província".
"A polícia é apartidária, não se imiscui no sucesso ou insucesso das manifestações políticas", garantiu Carmo Neto.
O Governo Provincial de Luanda decidiu, já este mês, delimitar os espaços nos quais é permitida a realização de manifestações, impedindo assim a realização fora dos lugares indicados.
Segundo o advogado William Tonet, este despacho do governo provincial serve para "impedir manifestações do centro da cidade, mandando-as para a periferia" o que, considera, "é inconstitucional e vai contra a lei das manifestações".
Os jovens que hoje se manifestaram têm previstas mais atividades, entre palestras e reuniões, apesar de ainda não haver uma data marcada para nova marcha.
"Enquanto não forem resolvidos os problemas, não paramos", garantiu Massilon Chindombe.
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