domingo, 25 de setembro de 2011

PROTESTO EM LUANDA TERMINA PACIFICAMENTE E SEM DETENÇÕES




SIC NOTÍCIAS - LUSA

Os cerca de 100 jovens que hoje marcharam em  Luanda desmobilizaram a meio da tarde, pondo fim à manifestação que decorreu  sem qualquer detenção, apesar de a polícia os ter impedido de atingirem  o Largo da Independência. 

Um dos organizadores da marcha, Massilon Chindombe, disse à agência  Lusa que os manifestantes "começaram a dispersar pelas 15:30".
  
A marcha de jovens, que pedem a libertação do grupo de manifestantes  detidos a 03 de setembro, deixou o cemitério de Santa Ana às 11:00 em direção  ao largo da Independência.
 
Cerca de 10 minutos depois, os jovens foram parados pela polícia que  apelou para que seguissem o itinerário determinado pelo governo da província  de Luanda e se dirigissem ao Campo de Felício.
  
Depois do impasse, com os manifestantes a rejeitarem essa ordem e a  permanecerem no local em que tinham sido parados, estes "aceitaram" a sugestão  das autoridades", disse Chindombe.
 
Ainda assim, a marcha até ao campo de Felício acabou por não se concretizar.

"Nós queríamos ir para o sítio indicado em conjunto ou em pequenos grupos.  A polícia não aceitou, queria que dispersássemos e cada um fosse lá ter  pelos seus meios", justificou Massilon Chindombe, acrescentando que perante  a resistência das autoridades preferiram manter-se onde foram "bloqueados".

Mais tarde, pelas 15:30, os jovens dispersaram, pondo fim à manifestação.

William Tonet, advogado de defesa dos jovens que foram detidos e que  também integrou a marcha, contou à Lusa que convenceu os jovens a cumprirem  as ordens da polícia para evitar conflitos.
 
"Sugeri que se manifestassem ao lado do cemitério de Santa Ana para  inviabilizarem que agentes provocadores ligados à segurança do Estado, que  se introduzem na marcha como se fossem manifestantes, pudessem dar motivo  a detenções pela polícia", explicou.
 
Ainda segundo o advogado, a marcha terminou "sem detenções". 

Apesar ter terminado de forma pacífica, a ação de protesto deu, durante  a manhã, origem a um incidente que envolveu a equipa da RTP. 

Segundo relatos de testemunhas, um indivíduo não identificado tentou  roubar a câmara da RTP o que levou a polícia a intervir. No meio da confusão,  o equipamento ficou danificado. 

O porta-voz do Comando Geral da Polícia Nacional angolana, sub-Comissário  Carmo Neto, confirmou à Lusa este incidente, acrescentando que "ainda não  está apurado o que se passou". 

Quanto aos obstáculos colocados pela polícia a que a marcha se dirigisse  ao Largo da Independência, o responsável afirmou apenas cumpriram "as diretivas  do governo da província". 

"A polícia é apartidária, não se imiscui no sucesso ou insucesso das  manifestações políticas", garantiu Carmo Neto. 

O Governo Provincial de Luanda decidiu, já este mês, delimitar os espaços  nos quais é permitida a realização de manifestações, impedindo assim a realização  fora dos lugares indicados.  

Segundo o advogado William Tonet, este despacho do governo provincial  serve para "impedir manifestações do centro da cidade, mandando-as para  a periferia" o que, considera, "é inconstitucional e vai contra a lei das  manifestações".
 
Os jovens que hoje se manifestaram têm previstas mais atividades, entre  palestras e reuniões, apesar de ainda não haver uma data marcada para nova  marcha.
 
"Enquanto não forem resolvidos os problemas, não paramos", garantiu  Massilon Chindombe.  

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