Depois da catástrofe no Japão e da decisão do governo alemão de desistir da energia atômica, a Siemens não vê mais futuro em negócios com usinas nucleares. A decisão tem a anuência de seu parceiro russo Rosatom.
Na esteira da mudança da política energética na Alemanha, a empresa Siemens decide abandonar todos os seus negócios com usinas nucleares. "Para nós, a decisão já foi tomada", disse o presidente da empresa, Peter Löscher, em entrevista publicada pela revista alemã Spiegel neste domingo (18/09).
"Não vamos mais assumir a responsabilidade total pela construção de usinas nucleares ou por seu financiamento", disse Löscher. Segundo ele, as razões são, entre outras, o claro posicionamento da sociedade e dos políticos do país com vista a um abandono da energia nuclear após a catástrofe em Fukushima.
Löscher informou que a planejada joint venture nuclear com a companhia russa Rosatom não irá se concretizar. Em vez disso, pretende-se trabalhar com o parceiro "em outros campos". Após o afastamento dispendioso da Areva, companhia francesa sócia de negócios nucleares, a Siemens não podia se dar ao luxo de que o mesmo acontecesse com a Rosatom.
Interesses econômicos
Recentemente, Löscher já havia sinalizado que, após o fim da parceria nuclear com a francesa Areva, a Siemens não iniciaria uma aliança com a Rosatom. Em 2009, o presidente da Siemens havia decidido encerrar a cooperação com a Areva, dando preferência, naquela época, a uma joint venture com a Rosatom. Os planos naquele momento eram de que, até 2030, deveriam ser construídos 400 reatores nucleares em todo o mundo, com um investimento de 1 trilhão de euros, disse então Löscher.
Juntamente com a Rosatom, a Siemens dera inícios aos planos de um novo gigante da tecnologia nuclear, ao lado da Areva, Mitsubishi, Westinghouse e da união entre a GE e Hitachi. Após a multa de 682 milhões de euros pela desistência da parceria com a Areva, já por razões financeiras, a companhia alemã tinha interesse numa desistência consensual dos planos de joint venture com a empresa russa.
Segundo um porta-voz da Rosatom, a separação dos russos não custará um centavo a Siemens. Ao mesmo tempo, a Rússia pertence ao rol dos países emergentes, no qual a Siemens espera ampliar seus negócios em outros setores nos próximos anos.
Nas últimas semanas, a Siemens fechou um contrato bilionário com o setor ferroviário russo e anunciou a fundação de uma joint venture para a construção de turbinas a gás com a empresa russa Power Machines OJSC.
Desistência questionada
Críticos da energia nuclear saudaram o anúncio de abandono da energia nuclear pela Siemens. "No entanto, isso é inconsequente, caso a empresa continue a fornecer turbinas e geradores para usinas nucleares", disse Jochen Stay da iniciativa antinuclear Augestrahlt.
A Siemens deveria desistir completamente dos negócios com as usinas nucleares, pois, no final, não faz diferença se a empresa tem parte nos componentes nucleares ou convencionais de um reator, disse o ativista.
CA/dapd/dpa/rtr - Revisão: Soraia Vilela
Sem comentários:
Enviar um comentário