sábado, 24 de setembro de 2011

XANANA GUSMÃO EXCLUI PORTUGUÊS DO ENSINO BÁSICO E RECEBE “HONORIS CAUSA”




A Unidade e a Força de Timor-Leste como Nação residem no Português e no Tétum
LORO NAROMAN*
“A UNIFICAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA, é um factor de IDENTIDADE NACIONAL, de UNIDADE na COMUNICAÇÃO e um meio de APERFEIÇOAMENTO e CONSOLIDAÇÃO da LÍNGUA TÉTUM a médio prazo…”
Aproximam-se as eleições presidenciais, e já se avistam, no que respeita à solidificação da língua portuguesa, sintomas de divisão e enfraquecimento, que atentam contra a UNIDADE e COESÃO nacionais…
A língua portuguesa é uma língua madura, perfeitamente estruturada, a qual tem vindo a enriquecer o tétum, no seu processo linguístico, e naturalmente se reconhece a sua importância no futuro de Timor-Leste. Para além de fazer parte da história da libertação do povo e ser um manancial de informação cultural, histórica e científica é também um factor unificador preponderante, quer na expansão do conhecimento, quer na eliminação do obscurantismo e da ignorância.
Mais uma vez, começamos a perceber que a forte intenção de abolir as línguas nacionais (português e tétum) das escolas primárias de Timor-Leste, terá como consequência uma complexa divisão em termos nacionais. Além de mais, estando próximas as eleições presidenciais, melhor seria que se criassem condições para envolver a sociedade num sentimento de unidade que solidificasse a ideia de retomar a construção de um Timor-Leste mais justo, onde predominasse a fraternidade, o desenvolvimento económico e social, a justiça e a equidade.
Se não, vejamos:
A ideia de implementar as línguas locais nas escolas primárias, sendo as mesmas mais de quinze, coloca-nos perante um processo muito demorado e complexo, exigindo a existência (ou não) de um “batalhão” de pessoas preparadas para o ensino das diferentes línguas, e para a respectiva elaboração de livros, manuais, programas, e todo o material curricular correspondente.
Além disso, as línguas locais são línguas de comunicação oral, não suficientemente estruturadas para a divulgação do conhecimento escrito. E, o facto de não existirem professores para o efeito, nem material curricular necessário, leva-nos a concluir que não é possível introduzir um aprendizado coerente e coeso. 
Por consequência, ficamos assim, perante um País totalmente fragmentado pela quantidade de línguas, uma torre de Babel, onde todos falam e ninguém se entende, e evidentemente as línguas unificadoras, o português e o tétum, se diluirão nesta confusão.
Além disso, a ser implementada tal ideia, mais uma vez nos defrontamos com uma situação perigosamente divisionista, sendo cada região uma “ilha” separada do todo. As pessoas se sentirão isoladas das outras regiões, deixará de existir fluidez na comunicação e a troca de conhecimentos encontrará cada vez mais dificuldade, pela simples razão de que a maioria dos timorenses não entende todas as línguas locais existentes em Timor-Leste. Todavia, sendo as mesmas parte integrante da história de Timor-Leste, devem ser protegidas e objecto de estudo científico.
Ora, a questão em causa, afigura-se mais de carácter político do que simplesmente linguístico, tendo presente a escolha do momento: aproximação de eleições presidenciais decisivas.
Obviamente, é imprescindível a existência de uma língua forte, unificadora, que simbolize a nossa identidade histórica e nos conduza a um bem viver, resultante de uma comunicação colectiva correctamente estruturada, onde as ideias e as palavras se espalhem com facilidade promovendo a união, a harmonia, a divulgação do conhecimento e a evolução do pensamento cultural timorense.  
Apostar fortemente no português agora, como língua unificadora, enquanto o tétum se vai aperfeiçoando a um ritmo realista, é um factor fundamental para solidificar a independência, e envolver toda gente no processo de desenvolvimento de Timor-Leste, que foi intencionalmente interrompido em 2006.
Por outro lado, escrever a nossa história cultural e política, incluindo a nossa história silenciada, para que finalmente nos reconheçamos a nós próprios timorenses de Timor-Leste, tenhamos orgulho nos nossos heróis de ontem e de hoje e sejamos respeitados pelo que fomos, pelo que somos e pelo que viremos a ser.
De facto, pela experiência dramaticamente vivida em 2006, fomos testemunhas de que os perigos da Nação provêm de grupos divisionistas internos e externos que servem os interesses de políticos facilmente corrompidos pelo poder. Continuamos a perceber que não existe um verdadeiro interesse de governar para o desenvolvimento e a estabilidade interna de um Timor-Leste que seja efectivamente dos timorenses, mas sim um Timor-Leste, “Paraíso” de oportunistas indiferentes aos interesses colectivos, que se regem simplesmente pela ganância do poder e do dinheiro, indiferentes aos resultados caóticos de tais divisionismos estratégicos. 
Além disso, algumas políticas internacionais terão interesse em manter uma situação de permanente divisionismo, que surge nos momentos de grande importância política para os destinos de Timor-Leste, para assim poderem gerir, manipular e confundir os timorenses, conforme interesses políticos visivelmente duvidosos.
Por várias vezes Timor-Leste foi violentamente invadido por forças externas, mas a honra, lealdade e a honestidade de muitos timorenses, criou o elemento da União, cujo resultado se viu no culminar da Independência e da criação de um projecto sério de Desenvolvimento Sustentável para a Nação, que resultasse num progressivo bem estar das suas gentes e na elevação do seu nível cultural.
Reconquistar e perpetuar este projecto de Desenvolvimento Sustentável, é o nosso objectivo maior. Mas, continuamos a sentir que existe uma força tremenda e obscura que procura destruir a nossa UNIÃO e IDENTIDADE. 
A existência de uma língua unificadora, o português, escolhida pela vontade expressa dos timorenses, e consagrada na constituição, abrirá caminhos seguros para a expansão e divulgação do conhecimento e para o aprofundamento de ideias e de questões inerentes ao bem-estar e ao progresso humano e igualitário. A ignorância e o mercenarismo desaparecerão da nossa sociedade, e teremos uma visão mais clara, que nos permitirá participar activamente, impedindo práticas políticas de baixo nível que conduzem os destinos da população à miséria e à “cegueira” colectiva.
A acontecer a eliminação da língua portuguesa no ensino primário, o projecto linguístico para uma comunicação unificada desaparece, ficando enfraquecida a Unidade e a Força de Timor-Leste como Nação. A subordinação aos poderes golpistas, passará a ser parte do dia-a-dia, e se instalará uma fragilidade cultural que poderia até por em risco a nossa identidade nacional.
Para chegarmos a esta conclusão, não é preciso irmos longe das nossas fronteiras, basta recuperar a fabulosa história da nossa libertação e independência para reconhecermos o valor e o poder de uma língua comum, falada e escrita, compreendida por todos. 
Neste momento, que precede a campanha eleitoral, é importante a tomada de consciência relativamente a todas as medidas que tencionem, mais uma vez, dividir o povo e comprometer o futuro de Timor-Leste.
Para tirar partido da história, há que relembrar a divisão brutal e oportunista que foi arquitectada recentemente, em 2006, cujas consequências estratégicas resultou no aumento da pobreza na população e na ausência do pensamento crítico e social. Foi rápido o enriquecimento dos “arquitectos” de tal divisão, e dos seus apoiantes, alguns dos quais são internacionais, “colados” a contratos multimilionários, prolongados indefinidamente no tempo. Longe de serem humanistas dispostos a trabalharem com o povo na mesma direcção, também eles foram sugando as riquezas nacionais, pactuando com o avanço de políticas pouco sérias.
O Timor de 2011, é incomparável ao Timor de 2006, e ao mesmo tempo comparável…
Incomparável, porque até 2006 existia um projecto de Desenvolvimento sustentável, que estava a ser implementado passo a passo, mas que era constantemente atacado e que foi vergonhosamente destruído…
Comparável, porque já se nota agora, o início de divisões internas. Uma força atentando contra a solidificação da língua portuguesa, mesmo sabendo que seria um factor de unidade e de fluidez na comunicação; a mesma força, defendendo a implementação e ensino das línguas locais na educação primária, mesmo perante a total evidência de que isso seria um processo tecnicamente complexo e falhado, provocando ainda mais dificuldade na comunicação e no aprendizado. 
A força das línguas, português e tétum, simbolicamente representativas da nossa cultura e, além de mais, escolhidas pelo Povo timorense, contrastam com a imposição de uma língua, que não represente a nossa cultura e que seja simplesmente implementada com fins de enfraquecimento nacional e cultural.
No momento importante que atravessamos, temos de reunir esforços para reconstruir a Nação, envolver TODOS num processo de UNIDADE à volta de ideais fortes, não esquecendo que a UNIFICAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA, é um factor de IDENTIDADE NACIONAL, de UNIDADE na COMUNICAÇÃO e um meio de APERFEIÇOAMENTO e CONSOLIDAÇÃO da LÍNGUA TÉTUM a médio prazo…
*Loro Naroman profissional da educação em Timor-Leste
NOTA DE MARGEM DE PÁGINA GLOBAL
Xanana Gusmão, PM em Timor-Leste, chega a Portugal na próxima segunda-feira em visita oficial. Tem sido destacado pela imprensa portuguesa a sua visita e sobretudo a distinção que a Universidade de Coimbra lhe reserva com o grau de Doutor Honoris Causa. O fundamento para tal título é a afirmação da lusofonia, o que é ridículo e enganoso.
Na realidade Xanana Gusmão é no presente um ativo e importante elo do lóbi anglófono em Timor-Leste. Na qualidade de primeiro-ministro do país aprovou recentemente o diploma que institui a eliminação do português no ensino básico. Medida que não vai servir a unidade e identidade de Timor-Leste como nação naquele lugar do mundo.
 Devemos perguntar com toda a legitimidade sobre o sentido que fará galardoar o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, como defensor da lusofonia após ele próprio ter demonstrado que é seu antagónico. Esta será uma pergunta bastante pertinente e obrigatória que os jornalistas em Portugal devem fazer aos que decidiram galardoar o PM timorense, devendo igualmente perguntar com toda a frontalidade a Xanana Gusmão porque razão decidiu pela eliminação do português no ensino básico no seu país. Projeto que está identificado com o lobie anglófono existente e ativo em Timor-Leste, de que a sua mulher, Kirsty Sword Gusmão, é parte destacadamente integrante e a que, pelos vistos, Gusmão aderiu. Refira-se que a eliminação do português naquelas circunstâncias é uma decisão que está a ser tomada à revelia da maioria do Parlamento Nacional timorense e dos principais líderes e partidos da oposição.
Voltaremos com brevidade a abordar o tema. Aos interessados em acompanhar o que a propósito tem vindo a ser publicado em Página Global, sugerimos que acedam à ligação TIMOR-LÍNGUA.
(Redação)

10 comentários:

Anónimo disse...

Este artigo já devia ter sido dirigido muito antes à Universidade Coimbra para poder tomar em consideração a atribuição do grau de doutor honoris causa ao Xanana Gusmão ao fim deste mês.

Logicamente ele não é a pessoa certa a ser galardoado. A universidade Coimbra decidiu galardoar o Xanana Gusmão por sua "afirmação lusofonia", que é, a difusão da língua portuguesa em Timor-Leste.

Ironicamente, o PM Xanana Gusmão criou-se o Decreto-Lei n.º 18/2011
de 2 de Fevereiro, para deitar fora língua portuguesa do ensino básico em Timor-Leste. Ridículo, pois não? O escritor disse muito bem quanto às reacções públicas no que diz respeito à sua decisão política.

Repare, a mulher do Xanana Gusmão, Sra. Kristy Sword é manobradora brutal de tal política para por em causa a língua portuguesa em Timor-Leste e levando a cabo a introdução da língua inglesa no país. O Xanana obedeceu-se muito bem.

O CAUSADOR como esse, não merece o grau de doutor honoris CAUSA. viva

Anónimo disse...

A língua a ser adotada em Timor-Leste e de exclusiva competência dos timorenses.

Anónimo disse...

Também o riko soi é da exclusiva competencia de Timor leste e que o que aconteçe ?

Anónimo disse...

Denúncia justa. Lamentavel que os jornalistas em Portugal andam dormindo ou ao serviço desses mesmos lobbies. Como é possivel tal pouca vergonha da parte dos catedráticos de Coimbra é o que estamos para saber. Catedráticos e jornalistas parecem preferir obedecer e perder a honra. Honras sujas, como é dito em escrito mais em acima.
Vergonha senhoras. Tenham vergonha por serem tão cobardes e nãp botarem a verdade das vossas obediencias em público. Xanana passou a o maior traste de Timor Leste desde há muito tempo. Não sabem isso, não?

Anónimo disse...

Se isso e uma decisao politica, Xanana fez uma decisao politica mais realista! Como Timorense, deposito o meu apoio total a esta decisao. Consolidar a independencia e esforcar ser mais timorense, nao mais portugues. Mais asiatico, nao mais europeu! Para essa razao, e um orgulho gritar bem alto "Viva Xanana!"

Anónimo disse...

Não foi o xanana que decidiu mas a sua mulher, timorense....

Anónimo disse...

Compreendo, porque não corre na pele do Loro, sangue timorense. Como País independente, a obrigação do Governo Timorense é promover a lingua porguesa no País, como membro da CPLP. Mas, isto não significa, tem que esquecer ou pôr de lado o desenvolvimento do Tétum que também é Lingua Nacional, através do desenvolvimento das linguas locais. O Loro critica Xanana, por que ele não tem cultura linguistica, e consequentemente não pretence a nenhum dos dialectos locais. Desde modo, egoisticamente ignora que Timor-Leste é um País Independente e Soberano, que também tem a obrigação de desenvolver a Lingua Nacional que é o Tetum, enriquecendo-o com as linguas locais, incluindo a lingua portuguesa. Loro, faça primeiro análise profunda antes endereçar criticas de carácter destrutiva, pois não hás-de convencer ninguém, com essas críticas emocionais. Estás enganado, se assim pensas!!!

Viva Xanana Gusmão, Viva Timor-Leste!

Anónimo disse...

"Ironicamente, o PM Xanana Gusmão criou-se o Decreto-Lei n.º 18/2011
de 2 de Fevereiro..."
Alguém me sabe explicar que Decreto-Lei é esse? É que consultei o Jornal da República e não o encontrei. Existe um Decreto-Lei com essse número, mas nada tem a ver com educação!
Aguardo esclarecimentos...

Hussi barak, ida disse...

Irmão Loro, eu li a proposta submetido por Kirsty Gusmão no site da Embaixadora da Boa Vontade para a Educação e eu entendo e concordo com as intenções a respeito do uso da língua materna no primeiro ano de escolaridade. Espero que este plano seja posto em prática e que receba o apoio de profissionais de educação de Timor Leste, como o Irmão. A proposta, como eu a entendo, não é eliminar o Português do currículo, mas para treinar e aclimatar os alunos para a prática de aprendizagem. A língua de ensino no ano pré-primário e no primeiro ano da Primária é a língua materna, seja Mambae, Makassae, Baikeno, Kemak ou outras das nossas línguas maternas. Eu imagino as crianças aprendendo sobre as cores, as letras e os sons em Tetum ou em Português que elas fazem quando colocados juntos e outras coisas que eles aprendem neste primeiro ciclo de aprendizagem, num ambiente de ensino usando as suas línguas maternas. Tétum será a língua de ensino do 2 º ano, onde os alunos transferên da língua materna para o tétum, ate o 4 º ano de estudos. O Português é introduzido no 5 º ano e Inglês no 9 º ano de estudos. Bahasa Indonésia é oferecida no 9 º ano e os alunos podem escolher como eletiva se quizerem. Novamente, como eu a entendo, de nenhum modo este plano procura abolir o Português de Timor Leste e promover o uso do Inglês. Para mim, é o mais coerente e melhor pensado plano para revigorar o Tétum e re-introduzir o Português em Timor Leste. Há muitas maneiras de fazer as coisas, cada uma única para a situação de um país. A situação de Timor Leste é única. E assim, precisamos encontrar um plano que leva em conta as circunstâncias, que sendo único, o plano também deve ser único. Este plano é uma dessas. O que a Kirsty Gusmão propõe permite a expansão da participação dos timorenses no processo de sua educação, pois faz com que a linguagem da educação é acessível a todos e é no espírito dos nosso Ukun Rasik An. O irmão está em Timor e conhece melhor as dificuldades que colocar esse plano em ação pode encontrar. No entanto a necessidade é sempre a mãe da invenção e para cada dificuldade há uma maneira de superá-lo se estamos dispostos a encontrar a solução.
Antonio.

Anónimo disse...

O que Kirsty propõe tem o apoio financeiro - brutal - da Austrália. Se o dinheiro viesse de Portugal ou do Brasil, não haveriam de faltar críticas por parte desta senhora que é tão timorense como eu sou árabe (onde está a Uma Lulik dela? O passporte é um papel...). Como o projecto é apresentado de forma apelativa e tendo subjacente um projecto neo-colonial muito bem alinhavado, há sempre quem caia nas boas intenções - que enchem o Inferno.
Julgo que isto não tem nada a ver com questões políticas internas, nem atiro as minhas munições a Xanana. Ele defende, mal ou bem, o povo timorense, disso não tenho dúvidas. E com certeza que, como homem inteligente que é, enquanto for vivo, não deixará que um disparate destes vá avante. Se o suportou temporariamente - interessante que nunca se preonunciou publicamente sobre o mesmo - foi porque não conseguia calar a mulher.Mas se ele «calou» muita gente, não lhe custará, a seu tempo, mandar o projecto multilingue para uma altura em que faça mais sentido.

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