ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA
“O perdão da dívida grega não é solução para Portugal”, diz o vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva. Isto porque, explica, o perdão da dívida “é o fim de linha”, a que só se deve recorrer se todas as medidas falharem.
A ser assim, não restam dúvidas. A solução grega assenta que nem uma luva nas ocidentais praias lusitanas já que, como todos sabem (embora nem todos o admitam), Portugal vai falhar em toda a linha, seja ela de alta velocidade ou do tipo não… nem sai de cima.
Moreia da Silva esteve uma hora em reunião com o seu sumo pontífice, Pedro Passos Coelho, e saiu com a lição estudada, ou não fosse também ele um bom aluno dessa honorável instituição que forma ministros, secretários de Estado, gestores etc. e que dá pelo nome genérico de Juventude do PSD. Popularmente essas organizações são conhecidas como escolas de tachos ou de chulos.
“Com este Orçamento do Estado, Portugal pode cumprir as metas”, disse Moreia da Silva, reproduzindo as instruções recebidas. E como um dos muitos reprodutores do bacanal lusitano até nem esteve mal. A qualidade da reprodução era boa, e era isso apenas que se esperava.
Aliás, nas juventudes partidárias a primeira e única regra é a de aprender a pensar pela cabeça do chefe… seja ele qual for. A perenidade dessa qualidade atávica dos políticos portugueses é garantida, entre outras, pela obrigatoriedade de se ter uma coluna vertebral amovível.
É claro que, por falta de instruções do chefe, Moreira da Silva não comentou as declarações hoje proferidas por Cavaco Silva, que defendeu que os cortes nos subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos e pensionistas “violam o princípio da equidade fiscal”.
Quem alinhou com Moreira da Silva, mesmo que isso possa espantar alguns incautos (onde me incluo), foi o vice-presidente do CDS, Nuno Melo.
Até as palavras reproduzidas são similares ou iguais. "Um perdão da dívida é um fim de linha trágico", disse Nuno Melo, insistindo (como mandou, na circunstância, o mesmo sumo pontífice) na ideia de que a situação portuguesa é diferente da grega.
Quanto ao que disse Cavaco Silva, também aqui (descubra as diferenças… se for capaz) o CDS-PP não quis comentar. Apesar disso, até porque é vice-presidente do partido, Nuno Melo sempre acrescentou que as "preocupações que são de todos", o que "não invalida um caminho que tem que ser percorrido e que não se consegue sem medidas de austeridade".
* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado
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