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Pequim, 07 out (Lusa) - A organização Human Rights Watch (HRW) apelou hoje à libertação de Liu Xiaobo, lembrando que, um ano depois de lhe ter sido atribuído o Prémio Nobel da Paz, o dissidente chinês continua "injustamente preso".
"O governo chinês ficou sob observação quando presidentes e primeiros-ministros manifestaram preocupação acerca do tratamento de pessoas como Liu Xiaobo. Todos os que lhe demonstraram apoio devem pressionar para a sua libertação e para acabar com a perseguição de pessoas como ele", disse a diretora da HRW para a China, Sophie Richardson, num comunicado difundido no dia em que será a anunciado o Nobel da Paz 2011.
Antigo professor universitário e crítico literário, Liu Xiaobo, 55 anos, foi condenado em dezembro de 2009 a onze anos de prisão por "atividades subversivas". Foi a sua terceira detenção desde a sangrenta repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, em junho de 1989.
Desde o anúncio da atribuição do Nobel da Paz 2010 a Liu Xiaobo, no dia 08 de outubro do ano passado, a própria mulher do dissidente, Liu Xia, ficou incontactável, numa situação de prisão domiciliária, dizem ativistas dos direitos humanos.
O silêncio oficial em torno de Liu Xiaobo foi quebrado há cerca de uma semana, por irmãos do dissidente.
"O governo chinês permitiu que irmãos de Liu divulguem a informação de que ele foi autorizado a sair brevemente da prisão no dia 18 de setembro para se avistar com familiares", refere o comunicado da Human Rights Watch, organização com sede nos Estados Unidos.
Citando também os irmãos de Liu Xiaobo, a HRW refere que Liu Xia visitou o marido na prisão em agosto.
Liu Xiaobo foi um dos promotores da "Carta 08", manifesto inspirado na Carta 77 lançada por Vaclav Havel na antiga Checoslovaquia e que defendia a introdução de reformas políticas na China, nomeadamente o fim do regime de partido único, a independência do poder judicial e a liberdade de associação.
O governo chinês rejeitou as críticas ao processo de Liu Xiaobo, considerando-as uma "ingerência grosseira nos assuntos internos da China", e qualificou a decisão tomada o ano passado pelo Comité Nobel Norueguês como "uma falta de respeito pela soberania judicial chinesa".
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