DEUTSCHE WELLE
Lideranças econômicas do grupo querem que Alemanha, Brasil e China ajudem zona do euro a superar a crise. Enquanto solução ainda é incerta, mundo assiste a uma onda de manifestações.
Enquanto lideranças econômicas do G20 discutiam saídas para a crise da dívida na zona do euro, manifestantes foram às ruas em várias partes do mundo protestar contra os bancos e as duras medidas de austeridade que vêm sendo adotadas por alguns governos para conter seus déficits. Uma onda de protestos inspirada no Occupy Wall Street, dos Estados Unidos, ocorreu neste sábado (15/10) em cidades como Berlim, Roma, Bruxelas e Londres.
Após o encontro de dois dias em Paris, os representantes das 20 economias ricas e emergentes colocaram ainda mais pressão sobre os europeus, para que solucionem rapidamente a crise na zona do euro, evitando o contágio de outras economias. O grupo sugeriu que países que apresentam alto superávit – como Alemanha, China e Brasil – deveriam ajudar a economia global, impulsionando suas demandas internas.
"Aqueles que apresentam maiores superávits também devem implementar políticas para voltar o crescimento para suas demandas internas", afirmaram ministros das Finanças e chefes de bancos centrais em um comunicado ao final do encontro, referindo-se a "economias avançadas".
"Economias emergentes em superávit deverão acelerar a implementação de reformas estruturais para reequilibrar demandas por meio do aumento do consumo interno", ressaltou o comunicado, em referência à China e ao Brasil.
Papel do FMI
Os ministros das Finanças do G20 também defenderam o uso do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) para conter a crise da dívida. "Aguardamos decisões adicionais que aumentem a força do FEEF para controlar o contágio, bem como o resultado do encontro de cúpula da UE do dia 23 de outubro", afirmaram na declaração conjunta. Os líderes europeus devem se encontrar nesta data para apresentar propostas mais concretas para a saída da crise.
Os países do G20 comprometeram-se a continuar permitindo, por meio de seus bancos centrais, o acesso a crédito para que as instituições financeiras possam se capitalizar.
Eles também defenderam que o Fundo Monetário Internacional (FMI) disponha de recursos "adequados" para enfrentar crises financeiras como a atual. De acordo com o ministro francês das Finanças, François Baroin, o assunto deverá ser debatido no encontro dos líderes políticos do G20 que será realizado entre os dias 3 e 4 de novembro em Cannes. Ele afirmou que os resultados deste encontro serão "decisivos".
O papel do FMI diante da crise europeia ainda divide opiniões no G20. Durante os debates em Paris, as lideranças financeiras rejeitaram proposta do Brasil, da Índia e da China de elevar o capital da instituição, para que ela pudesse comprar títulos públicos de países com problemas orçamentários, como Itália ou Espanha, ou mesmo oferecer créditos para resgatar bancos. Os Estados Unidos posicionaram-se contrários à proposta.
Onda de protestos
As contínuas incertezas sobre os rumos da economia global motivaram uma onda mundial de protestos. Em Roma, quase 200 mil pessoas foram às ruas um dia após o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, ter obtido um voto de confiança da Câmara dos Deputados. A Itália – terceira maior economia da zona do euro – tem sido uma fonte crescente de instabilidade econômica no bloco por conta dos altos níveis de suas dívidas.
O governo de Berlusconi adotou um pacote de austeridade de 60 bilhões de euros para prevenir uma eventual necessidade de ajuda financeira ao país, assim como ocorreu com a Grécia, Irlanda e Portugal.
"Os jovens estão certos em se indignar. Eu os entendo", afirmou o presidente do Banco Central italiano, Mario Draghi, que em novembro assume a chefia do Banco Central Europeu.
Na Alemanha, onde a opinião pública tem se mostrado cética com relação ao resgate à Grécia, cerca de 5 mil pessoas protestaram em frente ao prédio da Chancelaria Federal em Berlim. Em Bruxelas, sede da União Europeia, cerca de 2 mil pessoas foram às ruas como forma de pressionar líderes europeus.
Na Austrália, ativistas de Sidney levantaram placas com os dizeres: "Não se pode comer dinheiro". Reino Unido, Japão, Nova Zelândia, Filipinas, Taiwan e África do Sul também foram palco de protestos.
MS/dpa/lusa/ap/afp
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