segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Portugal: DIGA ADEUS À SUA REFORMA





Andamos habituados a más notícias e já nada parece surpreender. A notícia de que o défice está muito acima do previsto vale tanto como a notícia de que vai chover num dia de Inverno. Aprendemos a encolher os ombros, mesmo quando nos dizem que um novo fundo de pensões, neste caso o do Banco de Portugal, poderá servir para reduzir o défice.

O Eurostat aceita como receita uma coisa que é claramente uma despesa futura, com a agravante de ser uma despesa não controlável, porque não há como saber durante quanto tempo essas reformas vão ter de ser pagas. A passagem de fundos de pensões privados para a esfera pública é um empréstimo com juros altos e prazos indefinidos. Em matéria de fundos de pensões, privados e público, são já uns milhares de milhões de euros utilizados para pagar o desacerto das contas públicas. Olhando para a presente austeridade, é fácil de ver que, continuando neste caminho, no futuro não haverá reformas.

Há poucos anos, era Vieira da Silva ministro da Segurança Social, fez-se uma grande reforma do sector. Novas formas de contagem dos descontos e idade da reforma indexada à esperança média de vida significam menos dinheiro e entrada na reforma mais tarde. Era a única forma de garantir a sustentabilidade do sistema por mais uns anos. Já com o anterior Governo começou a trabalhar-se para arrasar com esta sustentabilidade, e o caminho segue com o actual Executivo. O dinheiro dos fundos de pensões desaparece, mas ficam a cargo mais uns largos milhares de actuais e futuros pensionistas.

Mais cedo que tarde, vão dizer--nos que o nosso sistema de Segurança Social já não é sustentável e explicar-nos que, por mais descontos que tenhamos feito, o Estado não poderá dar-nos mais do que um rendimento mínimo. A prazo seremos todos pobres pensionistas, a não ser que façamos um plano de poupança reforma. O Estado já não nos merece o mínimo de confiança e empurra-nos para as mãos dos privados. Empurra-nos para fundos de pensões multinacionais que enriquecem a emprestar dinheiro com juros proibidos a países como Portugal.

E tudo isto acontece por causa do monstro de que falava há uns anos Cavaco Silva. A despesa pública imparável e insaciável leva- -nos os impostos extras no consumo, vai levar-nos metade do subsídio de Natal e prepara-se para comer mais um fundo de pensões. Não há ninguém a lembrar-se de que aos monstros quanto mais se dá de comer mais difícil se torna dominá-los. Neste fim-de-semana convenci-me. Tenho 47 anos, 20 e muitos de descontos, estou a 20 da idade da reforma, mas quando lá chegar o Estado não vai ter para me devolver o dinheiro que eu lhe confiei. Adeus reforma.

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