sábado, 15 de outubro de 2011

SOBRE A DÍVIDA, O DESEMPREGO E A POBREZA NA EUROPA




PRENSA LATINA, em Especiais

Havana (Prensa Latina) A quase dois anos do início da crise da dívida européia, a maioria dos habitantes do Velho Continente continuam hoje padecendo por suas principais conseqüências, entre elas o desemprego e a pobreza, segundo todas as fontes.

Uma mesma realidade pessimista os assola depois de tantos meses, pois o panorama permanece praticamente invariável, ou talvez pior.

No entanto, a experiência parece não se ter em conta, ao menos entre os que têm em seu poder a possibilidade de adotar determinações decisivas, já que para os problemas crescentes ainda sem se resolver faz-se necessária uma mesma receita: a austeridade.

Por isso, nos dias recentes, os ministros da Economia dos 27 países da União Européia (UE) decidiram manter a estratégia do ajuste fiscal como melhor fórmula para combater a crise.

Nesse sentido, os países que definem como resgatados (Grécia, Portugal e Irlanda) e os que têm requerido ajuda do BCE (Itália e Espanha) têm que aplicar os ajuste exigidos com o objetivo de reduzir o déficit.

Só que nesta ocasião sugeriram a Alemanha e a nações como Suécia, Finlândia ou Luxemburgo, que têm margem de manobra orçamental, um estímulo limitado a fim de impulsionar o crescimento e evitar que a austeridade afogue as possibilidades de recuperação.

Empero, a crise segue impactando o Velho Continente, a ponto de o Fundo Monetário Internacional (FMI) prognosticar que o crescimento econômico desacelerará em 2012.

Num documento sobre as Perspectivas da Economia Regional acrescentou que, como o panorama mundial é mais desalentador, aumenta a aversão ao risco e as tensões na dívida soberana e nos mercados financeiros se aprofundam.

Neste sentido, o diretor para Europa do FMI, Antonio Borges, salientou a importância de mudar as políticas econômicas, principalmente pela persistente crise no Velho Continente.

Também considerou que os bancos requerem uma injeção de capital milionária para recuperar a confiança dos investidores.

Sobre o segundo plano de salvação para a Grécia, decidido em julho, destacou que é necessário revisa-lo se concentrando mais na sustentabilidade da dívida e no relançamento do crescimento.

DESCONFIADOS E COM RAZÃO

No meio de tal situação, o sentimento não podia ser outro, já que segundo um relatório da Comissão Européia, a confiança na economia da união caiu em setembro 3,4 por cento, principalmente pelas dificuldades no mercado trabalhista.

Analistas consideram que o elevado desemprego, uma das conseqüências da crise financeira global que estourou em 2008, mantém a incerteza entre os consumidores.

A isso se une a acentuação da desigualdade, outra das conseqüências mais visíveis da deterioração da situação econômica.

Segundo um estudo da auditora Ernst & Young, a brecha econômica entre os países do norte e do sul do Velho Continente manterá sua tendência de ascensão nos próximos anos.

Países como Alemanha, Áustria, Bélgica e Finlândia crescerão ao menos dois por cento neste ano, enquanto para o Produto Interno Bruto (PIB) da Espanha e Itália se augura um débil desenvolvimento.

Sobre o apartado trabalhista, a investigação referiu-se a nações como Holanda, onde a taxa de desemprego situou-se em 2010 em torno de 4,5 por cento, muito abaixo da de Espanha, com um índice de desocupação superior aos 21 pontos.

A este respeito, o Escritório de Estatísticas da União Européia, Eurostat, comunicou que as desigualdades entre as 27 nações integrantes do grupo se agravaram.

Indicou que a região mais enriquecida da UE, o centro de Londres, é sete vezes mais rica que a de maior pobreza, Severozapaden, em Bulgária.

Ainda precisou que as 20 zonas de piores dificuldades se localizam na Romênia, Polônia, Hungria e Bulgária.

Entre as de melhor situação encontram-se regiões da Alemanha, Holanda, Dinamarca e Reino Unido, evidenciando as grandes diferenças entre os do leste e oeste do grupo.

Ademais, segundo uma pesquisa da Comissão Européia (CE), 75 por cento dos europeus consideraram que a pobreza aumentou por causa da conjuntura recessiva, pela qual muitos têm tido dificuldades para pagar as faturas do lar.

A percepção agrava-se em países como Grécia ou Espanha, onde a austeridade tem sido a receita mais socorrida.

Na nação ibérica, ao redor de 85 por cento da população observaram um incremento da miséria, enquanto 16 por cento dos interrogados reconheceram que o dinheiro mal lhes sobra para terminar o mês.

A Grécia é uma das nações onde mais cidadãos falam de um forte incremento da pobreza, com 74 por cento, seguida pela Romênia, com 65, Portugal 61 e Espanha com 60 por cento.

No entanto, os temores pela agudização desse mal também se intensificam em outros países onde as medidas de ajuste orçamental são menos visíveis.

Tanto é assim, que em algumas das grandes potências da UE, como Alemanha ou França, a percepção do problema supera a média comunitária.

Entretanto, o pessimismo segue fazendo das suas entre os cidadãos do Velho Continente, enquanto há cada vez menos otimistas.

* Jornalista da redação de Economia da Prensa Latina.

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