quinta-feira, 20 de outubro de 2011

XANANA GUSMÃO CRITICA AJUDA INTERNACIONAL DADA AOS ESTADOS FRÁGEIS




MSE - LUSA

Díli, 19 out (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, criticou na terça-feira a ajuda internacional, sublinhando que pode "enfraquecer os processos internos" e "impedir a construção institucional" durante um discurso em Juba, Sudão do Sul.

O primeiro-ministro timorense falava no retiro ministerial do g7+, que decorreu na capital do Sudão do Sul e reuniu 17 Estados frágeis.

"A nossa experiência mostra justamente que a ajuda tem potencial para enfraquecer os nossos processos internos; para na verdade impedir a construção institucional", afirmou no seu discurso, a que a Agência Lusa teve hoje acesso.

"Não lutámos pela independência para agora deixarmos de ser senhores do nosso próprio desenvolvimento", salientou.

Segundo o primeiro-ministro timorense, a "ajuda pode resultar em programas caros controlados por países estrangeiros, nos quais a maior parte dos fundos acaba por reverter para as nações doadoras sem beneficiar significativamente o povo".

"Temos igualmente verificado que a prestação de ajuda pode ser inflexível e demasiado burocrática, fazendo com que haja fundos gastos nos sítios errados e com que os fundos não possam ser usados para impedir conflitos emergentes que ameaçam o Estado", destacou.

Xanana Gusmão afirmou também que Timor-Leste teve que "lidar com os peritos em desenvolvimento, que procuraram impor as suas soluções com base na oferta ou em modelos pré-definidos, não tendo em atenção a cultura, o contexto e a realidade do país".

Para o primeiro-ministro timorense, para se atingir o desenvolvimento "não basta servir alguns passos fáceis e universais" como se estivesse a seguir "uma receita num livro de culinária".

"Todos os Estados frágeis são diferentes e requerem abordagens distintas", disse.
O chefe do Governo timorense defendeu que cabe aos Estados recetores da ajuda externa "estabelecer as prioridades e assumir o controlo", o que "envolve aceitar a responsabilidade".

Xanana Gusmão defendeu também um "novo sistema de ajuda" que reconheça que os Estados frágeis "não conseguem atingir a maior parte dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio".

"O sistema precisa reconhecer que antes de se poderem atingir os ODM é necessário iniciar um processo interrelacionado de construção de paz e construção de Estados", defendeu.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Alexandre Gusmão,

Efectivamente é mais dificil desenvolver o país do que ganhar uma guerra contra a Indonésia. Timor ficou com o menino nos braços sem tecnicos e aparentemente sem capacidade de atrair os tecnicos Timorenses que se encontram no estrangeiro, esses infelizmente ainda não regressaram.
A eletricidade parece estar no bom caminho, com percalços pelo meio, mas parece ir ser uma realidade. Faltam as estradas, depois das estradas, vai ser muito mais fácil desenvolver Timor.

Beijinhos da Querida Lucrécia

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