CORREIO DO BRASIL, com Vermelho.org - de Bogotá
A Justiça da Colômbia abriu uma “investigação preliminar” contra o vice-presidente Angelino Garzón por conta de uma suposta reunião que manteve há anos com guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), revelou nesta quinta-feira a procuradora-geral Viviane Morales.
Em entrevista à rádio RCN, a procuradora-geral explicou que o processo foi aberto por um dos juízes da Corte Suprema de Justiça (CSJ), a partir do testemunho de um desertor do grupo rebelde.
A suposta reunião ganhou destaque após ser denunciada por Diego Hernández Trejos, um ex-guerrilheiro da Frente 30 das Farc, em uma audiência livre aos promotores da União Nacional de Justiça e Paz, jurisdição de transição para atender rebeldes e paramilitares que deixaram os grupos armados.
Parte da versão de Hernández foi revelada pela rádio La FM, de Bogotá. Na entrevista, o desertor garantiu que a reunião ocorreu no dia 19 de fevereiro de 2002 e que contou com comandantes insurgentes conhecidos como “J”, “Freddy” e “Richard”, que entregaram, segundo a fonte, uma quantia de US$ 84,6 mil.
Viviane disse que um dos juízes da CSJ recebeu cópias da versão recolhida pelo instrutor do caso e decidiu abrir uma investigação preliminar. Segundo o desertor, Garzón se reuniu com comandantes das Farc na zona rural de Dagua, região do departamento de Valle del Cauca, onde o vice-presidente foi governador entre 2003 e 2007.
Viviane observou que, apesar de o desertor ter dito que Garzón exercia o cargo de governador nessa época, na realidade ele era ministro do Trabalho. Garzón foi ministro do Trabalho no Governo do agora ex-presidente conservador Andrés Pastrana (1998-2002) e, depois de cumprir seu mandato no Governo de Valle del Cauca, foi designado como representante permanente da Colômbia na ONU.
A procuradora-geral disse que o agora vice-presidente já respondeu as acusações do ex-rebelde em carta ao procurador-geral, Alejandro Ordóñez, com cópia para ela. Na mensagem, “há evidentes circunstâncias que confirmam em princípio certas inconsistências na versão do acusado”, acrescentou Viviane, que defende requisitos mais rígidos para este tipo de investigações, que podem ficar sem comprovação ou se tratar de mentiras.
– Aqui o normal é iniciar uma investigação preliminar – destacou a procuradora geral. Viviane também observou que o caso de Garzón é um dos mais de 9 mil que possuem origem em acusações de ex-paramilitares e ex-guerrilheiros.
Conhecido sindicalista e jornalista formado, Garzón fez parte da campanha que levou ao poder o presidente Juan Manuel Santos, no cargo desde agosto de 2010. Até esta sexta-feira, o vice-presidente não estará no país, já que faz uma visita oficial à Suíça e Noruega.
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