sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Guiné-Bissau: PAM inicia fase de transição, para menos alimentos e mais assistência




FP - LUSA

Bissau, 18 nov (Lusa) - O Programa Alimentar Mundial (PAM) vai reduzir na Guiné-Bissau a doação de alimentos e investir mais nas áreas de capacitação das instituições e das populações nos aspetos da assistência alimentar.

"O PAM está numa fase de transição", passando de "atividades mais no âmbito da emergência", caracterizada por ajuda alimentar, para uma fase de "sistema de assistência alimentar", porque estão criadas as condições e há mais estabilidade, justificou hoje em Bissau o representante do PAM, Pedro Figueiredo.

Em declarações à Agência Lusa, o responsável explicou que parte da insegurança alimentar na Guiné-Bissau pode ser combatida com dietas mais variadas e ricas, difundindo-se o conhecimento do valor nutricional de alimentos locais, como o amendoim ou o caju.

"Essa capacitação também passa pela promoção de compras locais e de produção local. Já existem iniciativas e queremos, com agências parceiras, promover esse tipo de formação", acrescentou.

Depois, disse, na Guiné-Bissau e no resto do mundo o PAM está também a concentrar esforços nas crianças de tenra idade. "Na nossa reunião global, no mês passado na Suíça, foi definido um programa como prioridade que é ter como foco os primeiros mil dias da criança, a gestação e mais dois anos".

É que, acrescentou à Lusa, "está provado que o desenvolvimento do cérebro humano nessa fase é crítico. Foi mostrado que o cérebro de uma criança de três anos que teve uma alimentação normal é quase o dobro, em tamanho, do que o cérebro de uma criança que não teve".

Pedro Figueiredo frisou que os dirigentes a nível mundial estão a ser alertados "para esta gritante preocupação, de que se deve investir nas crianças desde o período de gestação, porque é importantíssimo para o desenvolvimento dos países".

Numa conferência de imprensa na qual explicou a nova filosofia do PAM para a Guiné-Bissau o responsável disse que, no entanto, as mudanças não serão "de um dia para o outro" e garantiu que o PAM continuará, nos próximos anos, a fornecer alimentos para os programas que tem no país, entre eles o das cantinas escolares.

"Mas seremos mais criteriosos na seleção das escolas", disse, exemplificando que das 800 escolas que eram apoiadas o PAM apoia agora 600. No entanto, disse, a fase de transição será de mais de 10 anos.

Pedro Figueiredo frisou que não se pode dizer que há situações de fome na Guiné-Bissau mas admitiu que a pobreza do país é um fator "que impede o acesso adequado aos alimentos", daí o empenho na promoção de novas dietas, no aproveitamento de alimentos até agora não utilizados, e na reabilitação de bolanhas (campos de arroz) e de hortas.

Na Guiné-Bissau, onde está desde 1975, o PAM presta assistência a mais de 300 mil pessoas, das quais cerca de 180 mil são alunos das escolas, até ao 6.º ano, que recebem uma refeição diária. Com a UNICEF, outra agência das Nações Unidas, apoia os centros de saúde materno-infantil, e tem ainda programas de apoio a doentes com Sida e à reabilitação de bolanhas.

*Foto em Lusa

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