quarta-feira, 30 de novembro de 2011

TONY NEVES DEMOLIDOR: “KITY ESTÁ HABITUADA A TRATAR TODOS POR ESTÚPIDOS”



O LIBERAL

O lastro de desmandos da ministra das Finanças é imparável, provocando à sua volta uma onda de incomodidade e de constrangimentos ao Governo. E, cada vez mais, começa a ser incompreensível que José Maria Neves a mantenha em funções. Será por alguma razão oculta?

Praia, 30 de Novembro 2011 – A edição online de “A Semana”, fez ontem notícia, discreta e remetida para a secção “Registos” – uma espécie de armário dos fundos do jornal – de dois post’s de António Neves, o PCA da TACV e irmão do Primeiro-ministro, no mural da sua página no Facebook, onde invectiva Kity – a inefável ministra das Finanças e do Plano -, por razão de uma notícia publicada na folha da Filó, a que o próprio se refere como “jornal oficial”…

António Neves, sem papas na língua, rechaça a notícia referente à “renegociação e acerto do Governo com a International Lease Finance Corporation (ILFC) para a compra de dois novos Boeings”, que – segundo o próprio jornal – “não agradou ao PCA da TACV”.

De férias no Brasil, Tony Neves faz uma primeira referência a notícias que “o jornal oficial tem publicado sobre mim e sobre a TACV”, segundo o próprio “tudo estórias montadas, enviesadas e truncadas, encomendadas para falsear a verdade e promover o A Semana, por um lado, e a Sra. MF por outro”… Por MF, como é bom de ver, entenda-se Ministra das Finanças, a quem Neves não poupa logo a seguir: “O que nem o A Semana, nem a Kity, nem ninguém pode negar é que, durante a gestão conduzida por mim, a TACV passou de um prejuízo de 814 mil contos em 2008 - para memória, iniciámos funções em Julho - para um outro prejuízo de 141 mil contos em 2009. E, para 2010, foi o próprio A Semana que noticiou no seu número desta última terça-feira um resultado positivo de 28 mil contos. Isto é o que conta. É por aí que se avalia o desempenho".

RELAÇÕES TENSAS

A alegada “encomenda” a que Tony se refere, poderá ser uma alusão à marcação serrada que o jornal de Filó tem vindo, nos últimos meses, a fazer à actuação do PCA e que, segundo fonte próxima do irmão do Primeiro-ministro, “verte a mais repulsiva campanha de assassinato de carácter”, aventando, ainda, que “o António criou muitos anti-corpos na comunicação social porque, pouco depois de ter tomado posse, acabou com a escandaleira das viagens pagas aos jornalistas, não raras vezes utilizadas por responsáveis de vários órgãos de comunicação para fins particulares”. Seja por tal razão, ou não, aquele que é visto como “jornal oficial” não teria tido tal arrojo se, como ainda diz a nossa fonte, “não tivesse o ‘agreement’ de altos responsáveis do partido” [PAICV]. Aliás, também é sabido que as relações pessoais entre os dois irmãos – António e José Maria – já tiveram melhores dias.

Mas, mais adiante – e num outro post – António Neves é demolidor do “jornal oficial”: “para desvalorizar o desempenho da actual Administração e dos trabalhadores da TACV, o A Semana começa por dizer que a Kity desconfia das contas e que, por isso, encomendou um reforço da auditoria às mesmas. Hoje já vem dizer que o que a Kity quer são projecções para o futuro. Enfim, quando não se tem cão, caça-se com…”.

HOSTIL E DESLEAL

O retrato traçado da conduta de Cristina Duarte, não sendo uma novidade, até por razão de ser essa a opinião de colaboradores próximos da ministra, dá a entender até que ponto António Neves está disposto a “esticar a corda”, dando dela uma imagem nada lisonjeira, porquanto “Kity empenhou-se desde sempre numa porfiada hostilidade, ostensivo boicote e profunda deslealdade em relação à actual Administração da TACV”, alega o PCA, argumentando que essas atitudes tiveram a “participação empenhada e conivência assumida do A Semana”, adiantando que “Kity está habituada a tratar todos por estúpidos - e tem-no conseguido”, e deixando um aviso: “ A ver vamos até quando”…

SEM BRONCAS…

Num “aviso à navegação”, o irmão de José Maria Neves quer, também, deixar claro: “Para que conste, informo a todos que não tenho nenhuma bronca com a Kity, Ministra das Finanças. O que não aceito dela nem de ninguém é que me espezinhe, me despersonalize, me torne num maltrapilho qualquer ao serviço dos seus caprichos e oscilação de humor”, porquanto está “investida numa função de Estado não para humilhar e ofender, mas, sim, para trabalhar com as pessoas na base do respeito e consideração que lhes são devidas”.

Num remate final, Neves sugere a continuação da invectiva com novos episódios, ao mesmo tempo que se insurge contra o “jornal oficial”: “Quanto à renovação da frota, o A Semana está a antecipar uma estória encomendada pela Kity porque julgo que ela começa a tomar consciência da burrada que fez como resultado da sua sanha contra a Administração da TACV. Mas sobre isso falaremos numa próxima oportunidade”…

KITY “QUEIMA TUDO À VOLTA”

Os comentários de António Neves, seguramente pensados e amadurecidos antes de partilhados no Facebook, vêm relevar a estrutura central das críticas que, ultimamente – e partindo até do seu próprio ministério – têm colado Cristina Duarte à imagem de “pessoa arrogante e conflituosa”, que “queima tudo à volta por vaidade e irascibilidade”... E, de facto, o lastro de mudanças de humor da ministra tem tipo picos preocupantes, mais recentemente, com deputados da oposição, com a Inspecção Geral de Finanças, com o governador do Banco de Cabo Verde, com os sindicatos e, inclusive, com os próprios jornalistas.

Já são “casos” a mais para uma única pessoa. O que, inclusive, provoca algumas interrogações: “ela só cria embaraços ao Governo, o que levará o Primeiro-ministro a mantê-la na pasta das Finanças?”, disse ainda a nossa fonte.

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