ANTÓNIO VERÍSSIMO
Ao longo de mais de seis décadas de vida, com os respetivos altos e baixos que tocam a todos, a uns mais que a outros, não tenho memória de em adulto estar a experimentar tantas dificuldades para equilibrar e gerir o orçamento doméstico – que me recorde só experimentei algumas dificuldades sérias em criança devido a perseguições da PIDE, do regime salazarista a meu pai, que decerto foram um enorme quebra-cabeças para os meus pais e se refletiu em toda a família. Tive consciência disso e não é por acaso que não pactuo com ditaduras de qualquer espécie, nem com esta democracia da treta em que atualmente mal sobrevivemos. Urge escoicear para bem longe estes malfadados Cavacos, Passos, Portas e quejandos. Há portugueses a passar fome, a perderem as suas casas depois de perderem os empregos. Há miséria envergonhada que só é visivel para os que estão realmente atentos ao que os rodeia... Este país virou uma merda. Retomou o justo epíteto de Pátria Madrasta devido a tanto roubo por parte de tão poucos ladrões.
As dificuldades que atualmente experimentamos são de causas profundas e de total responsabilidade da promiscuidade existente entre políticos e os donos do tétrico mercado. Estes políticos venderam-se à ditadura imposta, sempre à espera de recompensas. E elas são visíveis quando nos apercebemos de que depois de ministros, presidentes disto e daquilo, etc, etc., obtêm remunerações douradas e reformas douradas. Os escroques safam-se e tramam-nos, tramando a democracia sem contemplações. Porque sem justiça não existe democracia.
Termina dentro de horas 2011. Um ano aziago em que metade dele foi tramado por José Sócrates e a outra metade por Pedro Passos Coelho com seus pares Portas e Cavaco Silva, entre outros. “Atrás de mim virá quem pior fará”. Verdade, muito pior que Sócrates na imposição de “sacrifícios” – esclavagismo e fome – temos agora Passos Coelho. Pelo dito, ainda agora a procissão vai no adro. Adágio popular que indica que vem por aí mais desemprego, mais fome, mais miséria. Os governos neoliberais ao serviço dos interesses do mercado já avisaram que 2012 vai ser pior que 2011. Porque eles estão de mãos dadas com a súcia de ladrões e oportunistas que nos espoliam tudo, até a vida se necessário.
Atendendo ao panorama perspetivado sabemos que não vamos ter um ano de 2012 minimamente bom, nem paz social peculiar em democracia e numa sociedade minimamente justa. Os responsáveis acoitam-se no atual governo com sede em São Bento, nos oportunistas deputados que puxam para eles vantagens imensuráveis e imorais à custa de todos nós, em Belém, onde coabita com a confusão e oportunismo da hora, do momento, um PR que diz uma coisa mas que faz o que vai contra os interesses dos portugueses, favorecendo as injustiças decretadas pelo governo daquele Bando de Mentirosos… Enfim, uns protagonistas e um cenário muito danoso, penoso e triste.
Aos causadores desta verdadeira catástrofe, nacional e internacional, seria hipócrita da minha parte, louco até, se lhes desejasse um Bom Ano, nada disso. Desejo-lhes exatamente o contrário: muitos azares, a começar por uma disenteria que os incapacite de exercer os cargos que ocupam para nos tramarem. Disenteria incontida até por fraldas especiais, se possível. Borrem-se e desapareçam depois de devolverem todos os valores que nos roubaram ao longo destes imensos anos de mordomias imorais. Esta sacanagem é o que merece.
Depois disso acontecer decerto que todos nós respiraremos de alívio e tudo melhorará se soubermos defender a justiça, a democracia, os direitos constitucionais que agora estão a ser pisoteados e rasgados, destruídos.
*Também publicado em Página Lusófona, blogue do autor.
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