DEUTSCHE WELLE
Em seu primeiro ano de mandato, a presidente da República mostra estilo discreto, enfrenta a corrupção e encerra 2011 com aprovação de 72% dos brasileiros.
Em um ano de governo, Dilma Rousseff passou de uma desconhecida no cenário internacional a chefe de Estado que ofereceu ajuda à Europa em crise. Vista inicialmente como mera sucessora de Lula, ao longo dos primeiros doze meses de mandato, Dilma impôs seu estilo e saiu da sombra do líder carismático.
"Ela mostrou que tem o próprio perfil, que não seguiria apenas a política de Lula, mas traria a sua própria tônica", analisa Claudia Zilla, especialista do Instituto Alemão de Relações Internacionais e de Segurança (SWP) em conversa com a DW Brasil. Mas a capacidade brasileira de apoiar a Europa é vista com reservas. "A pergunta é: como a economia brasileira vai se desenvolver daqui para frente? Haverá ainda espaço para tanta autoconfiança?", questiona a pesquisadora sobre o futuro da habilidade financeira do país diante da crise que assola os mais ricos.
Essa investida do Brasil por mais espaço na comunidade internacional, que Dilma buscou com menos afinco que Lula, ainda é um pouco "incompreendida". "Os europeus não sabem se essa oferta de ajuda é um jogo de cena, um jogo de relações públicas para se projetar internacionalmente, ou se o país tem condições de concretizar esse apoio", avalia Rafael Duarte Villa, diretor do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP).
Em seu primeiro ano, a presidente não conseguiu comprovar a capacidade de auxiliar efetivamente a Europa. De qualquer maneira, a líder esteve bastante ocupada com problemas internos de grande repercussão: a queda de sete ministros, seis deles envolvidos em denúncias de corrupção.
Perdas, mas com ganhos
"Ela mostrou que tem o próprio perfil, que não seguiria apenas a política de Lula, mas traria a sua própria tônica", analisa Claudia Zilla, especialista do Instituto Alemão de Relações Internacionais e de Segurança (SWP) em conversa com a DW Brasil. Mas a capacidade brasileira de apoiar a Europa é vista com reservas. "A pergunta é: como a economia brasileira vai se desenvolver daqui para frente? Haverá ainda espaço para tanta autoconfiança?", questiona a pesquisadora sobre o futuro da habilidade financeira do país diante da crise que assola os mais ricos.
Essa investida do Brasil por mais espaço na comunidade internacional, que Dilma buscou com menos afinco que Lula, ainda é um pouco "incompreendida". "Os europeus não sabem se essa oferta de ajuda é um jogo de cena, um jogo de relações públicas para se projetar internacionalmente, ou se o país tem condições de concretizar esse apoio", avalia Rafael Duarte Villa, diretor do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP).
Em seu primeiro ano, a presidente não conseguiu comprovar a capacidade de auxiliar efetivamente a Europa. De qualquer maneira, a líder esteve bastante ocupada com problemas internos de grande repercussão: a queda de sete ministros, seis deles envolvidos em denúncias de corrupção.
Perdas, mas com ganhos
A saída em série começou aos seis meses de governo: Antonio Palocci, ex-ministro da Casa Civil, foi o primeiro a deixar o cargo acusado de enriquecimento ilícito. Os ministros do Transporte, da Agricultura, do Turismo, do Esporte e do Trabalho renunciaram depois – só Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa, deixou o posto por motivos não ligados à corrupção, em julho.
Apesar dos escândalos, o maior desafio de Dilma se converteu em ganhos. "O lado positivo desse cenário é que ela enfrentou os problemas, tomou decisões, demonstrou sensibilidade às denúncias", ressalta Jorge Abrahão, do Instituto Ethos. E acrescenta: "Não que a corrupção tenha sido maior nesse ano. O potencial de escândalos de corrupção sempre foi alto em todos os governos. A postura que a presidente tem tido é positiva ao enfrentar essas questões."
Para Duarte Vila, a postura da presidente foi "inovadora" ao decidir "não negociar a corrupção". O povo brasileiro também parece estar satisfeito: o estilo Dilma Rousseff de governar é aprovado por 72% da população. Para 56% dos cidadãos, a administração da primeira presidente do país é "ótima", revelou a pesquisa da CNI-Ibope de dezembro.
Nesse quesito, a sucessora superou o mentor: Lula encerrou o seu primeiro ano de governo, em 2003, com aprovação de 42% da população, segundo pesquisa do Instituto Datafolha.
Nesse quesito, a sucessora superou o mentor: Lula encerrou o seu primeiro ano de governo, em 2003, com aprovação de 42% da população, segundo pesquisa do Instituto Datafolha.
Continuidade e estilo
Dilma seguiu com os programas sociais implantados na administração passada, baseados na transferência de renda. A presidente acertou em continuar com a "luta contra pobreza", pontuou Claudia Zilla. Nos próximos anos, no entanto, Dilma pode encontrar mais dificuldade: "Há cada vez menos dinheiro para ser distribuído. Então, os programas sociais que são baseados na transferência de renda ficam sob pressão", justifica Zilla, lembrando o contexto internacional de recessão.
Com um estilo bem mais discreto e menos mediático, a presidente passou doze meses tentando controlar a inflação, cuja previsão é de 6,5% em 2011, como também tentou preservar a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto, que deve ser de 3% neste ano. "Se não acontecer nenhum fato interno que faça Dilma perder as rédeas do rumo político, o restante do mandato deve ser tranquilo", prevê Duarte Villa.
Promessa assumida durante a campanha eleitoral, o desenvolvimento sustentável ainda não virou uma marca do governo, opina o representante do Instituto Ethos. "Há muitos investimentos sendo feitos, muitos sem considerar padrões sociais, ou ambientais. É desejável que o governo tenha uma postura que equilibre essas dimensões. Crescimento de um país não é só crescimento econômico."
Autora: Nádia Pontes - Revisão: Carlos Albuquerque
Dilma seguiu com os programas sociais implantados na administração passada, baseados na transferência de renda. A presidente acertou em continuar com a "luta contra pobreza", pontuou Claudia Zilla. Nos próximos anos, no entanto, Dilma pode encontrar mais dificuldade: "Há cada vez menos dinheiro para ser distribuído. Então, os programas sociais que são baseados na transferência de renda ficam sob pressão", justifica Zilla, lembrando o contexto internacional de recessão.
Com um estilo bem mais discreto e menos mediático, a presidente passou doze meses tentando controlar a inflação, cuja previsão é de 6,5% em 2011, como também tentou preservar a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto, que deve ser de 3% neste ano. "Se não acontecer nenhum fato interno que faça Dilma perder as rédeas do rumo político, o restante do mandato deve ser tranquilo", prevê Duarte Villa.
Promessa assumida durante a campanha eleitoral, o desenvolvimento sustentável ainda não virou uma marca do governo, opina o representante do Instituto Ethos. "Há muitos investimentos sendo feitos, muitos sem considerar padrões sociais, ou ambientais. É desejável que o governo tenha uma postura que equilibre essas dimensões. Crescimento de um país não é só crescimento econômico."
Autora: Nádia Pontes - Revisão: Carlos Albuquerque
Sem comentários:
Enviar um comentário