quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

EUA À BEIRA DO “DEFAULT” POLÍTICO



Pedro Duarte - Económico

O impasse no Congresso levou o país à beira do incumprimento.

Tal como na Europa, também nos EUA as divisões políticas geraram, este ano, uma profunda perda de confiança dos eleitores nos seus governantes. A tomada de controlo por parte dos republicanos da Casa dos Representantes - graças ao impulso do movimento ‘Tea Party' que se opõe a um aumento das despesas do Estado - permitiu a este partido bloquear durante todo o ano as iniciativas dos democratas do Presidente Obama.

O impasse político permanente só permitiu compromissos nas questões mais básicas, e mesmo assim só após negociações de última hora, levando a popularidade do Congresso a cair para os 9%, o valor mais baixo de sempre. O caso mais grave ocorreu no início de Agosto, onde a recusa absoluta dos republicanos em aceitarem o aumento de impostos aos mais ricos, proposto pelos democratas, adiou a extensão dos limites legais do endividamento do Estado, tendo o país estado a horas de entrar em incumprimento da sua dívida. O episódio teve como consequência a primeira descida de sempre do ‘rating' máximo ‘AAA' dos EUA pela Standard & Poor's (S&P), o que era até então considerado como impensável.

"Nos últimos meses, a capacidade de fazer política e as instituições políticas enfraqueceram-se mais do que o esperado", alertou na altura a S&P, considerando que as divisões entre os dois grandes partidos levantam grandes dúvidas sobre a capacidade dos EUA em reduzir a dívida pública, que superou, em 2011, os 100% do PIB. "Os únicos acordos conseguidos só o foram porque tinham datas-limite. Para além disso, não há incentivos para os dois partidos trabalharem em conjunto antes das eleições de 2012", lamenta Sarah Binder, especialista da Brookings Institution.

A incapacidade do Congresso em chegar a acordo para reduzir a dívida do país, bem como o facto dos republicanos voltarem atrás em compromissos acordados levou o Presidente Obama a desabafar na semana passada que "já chega deste impasse ridículo".

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