terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Guiné-Bissau: Embaixadores da UE condenam conflitos militares de segunda-feira



INFORPRESS – LUSA, com foto

Bissau, 27 Dez (Inforpress) - Os embaixadores da União Europeia acreditados na Guiné-Bissau condenaram hoje os conflitos militares de segunda-feira e declararam o total apoio às autoridades democráticas, a quem pedem um inquérito sobre os acontecimentos.

A posição dos diplomatas europeus foi transmitida aos jornalistas pelos embaixadores de Portugal, António Ricoca Freire, de França, Michel Flesch, e por Joaquin Gonzalez Ducay, representante residente da União Europeia em Bissau, após uma reunião com o Governo guineense.

Os três diplomatas foram recebidos em audiências separadas pelo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, depois de terem estado numa reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros guineense, Mamadu Djaló Pires, com os elementos da comunidade internacional acreditados em Bissau.

Ganzalez Ducay disse que a União Europeia "condena firmemente" qualquer tentativa de pôr em causa as autoridades legítimas da Guiné-Bissau e declarou o seu apoio ao Governo, a quem pede, porém, que faça um inquérito "de acordo com os procedimentos e as leis" guineenses para um esclarecimento dos incidentes de segunda-feira.

"A União Europeia está solidária com as autoridades da Guiné-Bissau a quem dá o apoio total para continuar o processo da reforma e da estabilização do país", disse o embaixador da União Europeia na Guiné-Bissau, lançando um apelo aos militares.

"Fazemos um apelo às Forças Armadas para que continuem a ser o que são, umas Forças Armadas republicanas, dispostas a apoiar o poder civil. Que mostrem que estão lá para defender o poder democrático da Guiné-Bissau", enfatizou Ducay.

No mesmo sentido, o embaixador de Portugal, António Ricoca Freire, salientou a condenação já expressa pelas autoridades portuguesas aos acontecimentos de segunda-feira e reiterou o apoio de Lisboa ao Governo de Bissau.

"Estaremos ao lado das autoridades constitucionais da Guiné-Bissau no sentido de uma reposição da ordem e sobretudo no sentido dos processos do inquérito que deverão ser desenvolvidos pelas instituições competentes na maior legitimidade e no respeito pelo Estado de direito", assinalou Ricoca Freire.

O embaixador de França, Michel Flesch, afirmou que o seu país, tal como toda a comunidade internacional, "deseja que a vida democrática se desenrole de forma normal na Guiné-Bissau, dentro das regras".

O diplomata francês entende assim que os conflitos militares de segunda-feira demonstram a necessidade de a comunidade internacional continuar com os apoios à Guiné-Bissau.

"Os eventos das últimas 24 horas mostram bem que embora haja progressos na Guiné-Bissau há que continuar com o processo da reforma do setor da Defesa e Segurança. Temos que ser positivos e otimistas mesmo que de quando em vez haja dificuldades", notou Michel Flesch.

Os conflitos militares de segunda-feira levaram à detenção de pelo menos seis pessoas, entre as quais o chefe do Estado-Maior da Armada, Bubo Na Tchuto.

O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses, António Indjai, considerou que os conflitos foram uma “tentativa de subversão da ordem constitucional”, mas o Governo negou que tenha havido uma tentativa de golpe de Estado, confirmando apenas um assalto ao paiol do Exército.

Nos conflitos já na madrugada de segunda-feira para hoje ficou gravemente ferido um agente da polícia, disse aos jornalistas o ministro do Interior guineense, Fernando Gomes.

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