Artur Silva |
O Governo guineense negou que tenha havido uma tentativa de golpe de Estado, mas confirmou um assalto ao paiol do Exército, e anunciou uma comissão de inquérito para analisar os conflitos militares ocorridos hoje no país.
Questionado pelos jornalistas sobre uma alegada tentativa de golpe de Estado hoje na Guiné-Bissau, o ministro da Educação, Artur Silva, falando em nome do Governo, respondeu de modo lacónico: "não".
Horas antes, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses, António Indjai, disse que "um grupo de militares quis alterar a ordem constitucional" no país, mas que a situação foi rapidamente controlada.
"Não aconteceu nada demais. Apenas posso dizer que há um grupo que quis alterar a ordem constitucional, mas o Estado-Maior General das Forças Armadas neutralizou-o e a situação está neste momento sob controlo", disse o general Indjai.
O porta-voz do Governo confirmou que "um grupo de pessoas assaltou o paiol do Estado-Maior do Exército e retirou algumas armas".
"Neste momento, está tudo sob controlo", disse Artur Silva.
O porta-voz do Governo não esclareceu o objetivo que motivou o assalto ao paiol nem confirmou a existência de detidos, remetendo explicações para a comissão de inquérito que será criada.
O governante guineense falava aos jornalistas no final de uma reunião entre dirigentes políticos guineenses e chefias militares, na qual participou também o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.
O paradeiro de Carlos Gomes Júnior permaneceu desconhecido durante uma parte do dia de hoje, havendo informações não confirmadas de que se encontraria nas instalações da embaixada de Angola em Bissau.
"Infelizmente, houve esta perturbação à ordem, mas está tudo calmo", disse Carlos Gomes Júnior aos jornalistas, após o final da mesma reunião.
Os jornalistas questionaram Carlos Gomes Júnior sobre a possibilidade de envolvimento de políticos nos incidentes de hoje, mas o primeiro-ministro escusou-se a responder, antes de entrar na sua viatura e dirigir-se para a sua residência, que fica em frente da representação diplomática angolana.
Um dirigente do Movimento da Sociedade Civil da Guiné-Bissau, Luís Vaz Martins, denunciou ao final da manhã de hoje a ocorrência de "movimentações militares anormais" nalguns quartéis do país, o que disse tratar-se de "mais uma insubordinação dos militares" ao poder civil.
A situação na capital permaneceu calma, mas a rua que dá acesso à casa do primeiro-ministro em Bissau foi cortada ao trânsito ao início da tarde e a segurança da zona foi reforçada com polícias e militares.
Por seu lado, o chefe do Estado-Maior da Armada, Bubo Na Tchuto, convocou os jornalistas para lhes dizer não tinha nada a ver com as movimentações militares no país.
"O meu nome sempre é associado a confusão. Mas, posso dizer ao país que não tenho nada a ver com o que se estará a passar. Foi o próprio chefe do Estado-Maior (António Indjai) que me ligou, esta manhã, a perguntar se seriam os meus homens que tentaram atacar o paiol, ao que lhe respondi que não são os meus homens e não tenho nada a ver com tudo isso", disse Bubo Na Tchuto.
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