NUNO CASTELO-BRANCO - AVENTAR
Os brasileiros e os chineses estão revoltados com aquilo que parece ser verdade: a EDP vai ser vendida aos alemães, apesar destes apresentarem a proposta de compra pelo menor valor. Os entusiastas de tudo o que venha de Berlim, tentam encontrar justificações de telejornal, como a “gestão cuidada, a inovação tecnológica”, ou rematando, a sempiterna “Europa”.
A verdade parece ser outra e não terá outro nome senão chantagem política – com as “fábricas da economia/PIB” como escondida ameaça – e da mais descarada. A inversão dos mercados deu nisto que se vê. Em troca dos bastante discutíveis favores de usura monetária nesta situação da crise financeira, os nossos parceiros da “U.E.” pretendem adquirir empresas a preço de saldo, controlando o apetecível mercado e podendo obter mais um posto na conquista pela total hegemonia. Experiência disso têm eles, não haja qualquer dúvida e o Diário de Notícias declara o Sr. Mexia como uma entidade que bem se tem mexido para dar o bolo à E.ON. O Jornal de Negócios chega ao ponto de afirmar que os alemães já prometeram a manutenção do esfalfante cargo na administração da EDP – afinal, também existe corrupção vinda da Deutschland – e assim, as más línguas dizem ser este o verdadeiro motor do mexido vorwärts de Mexia. Conhecendo-se os procedimentos da gente do Esquema vigente, não nos admiraríamos nada.
Escandalosamente ignorantes como somos nesta matéria técnica, não sabemos se as autoridades portuguesas têm qualquer tipo de visão acerca de uma estratégia energética para o país e qual a coordenação que poderia existir a longo prazo, entre Portugal e alguns países do mundo lusófono. Os fous d’amour pela Alemanha – país que sem reservas admiramos, mas que inegavelmente se encontra demasiadamente distante dos interesses nacionais de Portugal -, decerto darão tratos de polé à imaginação, sabendo-se que existem muitas e importantes empresas brasileiras e chinesas, tão ou mais aptas que as suas homólogas germânicas. A política deve agora imiscuir-se nos famosos “mercados” que nada mais são, senão política feita por quem não tem legitimidade popular para a fazer.
A autêntica loucura, é prosseguirmos no caminho do abandono dos nossos antigos mercados além-mar, insistindo no esquizóide monopólio europeu.
Politicamente, nem faz sentido qualquer tipo de aposta ou concurso. Pague o que pagar – e paga mais que os alemães -, o Brasil deve ter a prioridade. Parece-nos que a GALP concordará.
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