terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O RACISMO À BRASILEIRA É O PRINCIPAL PROBLEMA DOS AFRO DESCENDENTES




Maria Cláudia Santos - VOA News

A discriminação racial atrelada á desigualdade social é uma constante dentro e fora dos territórios brasileiros

A luta pelo enfrentamento do “racismo à brasileira” é, inegavelmente, a principal pauta dos movimentos afrodescendentes no Brasil. A afirmação é do coordenador do Círculo da Juventude Afrodescendente das Américas, Richarles Martins, um dos participantes do evento internacional que discute, esta semana, no estado da Bahia, a situação dos povos de origem africana que vivem na Ibero-América.

O Afro XXI é realizado na capital Salvador até este sábado (19). A expectativa é de que deste evento seja retirada a Carta de Salvador, com propostas de ações práticas para a inclusão dos afrodescendentes nos países da região. Richarles Martins lembra que a discriminação racial atrelada á desigualdade social é uma constante dentro e fora dos territórios brasileiros. “O racismo é estruturante do processo de desigualdade social na realidade Latino Americana e Caribenha. Nesse sentido, qualquer construção de política que tenha objetivo de combater a desigualdade passa pelo enfrentamento ao racismo e, necessariamente, pela garantia da participação da juventude e da mulher afrodescendente nos processos de inclusão e de desenvolvimento”, afirma o coordenador do Círculo da Juventude Afrodescendente.

O dirigente do movimento negro concorda que, no Brasil, a população afrodescendente tem dificuldades específicas em efetivar políticas afirmativas para negros por causa do tipo do racismo dissimulado do brasileiro. “Nós não temos compreensão de que somos racistas, que discriminamos em razão da raça e etnia. Contudo, eu acredito que tivemos alguns avanços em especial na última década com a implementação de políticas afirmativas nas universidades, com a criação de mecanismos institucionais, como a Secretaria de Políticas Públicas de Igualdade Racial com status de Ministério da Presidência da República. Nós temos exemplos de conquistas, mas a sociedade brasileira anda passa por um processo de aprimoramento das formas democráticas de constituição do nosso estado nas novas formas de fazer política.”

Para Martins, esse processo histórico de racismo do brasileiro interfere muito na vida prática da maior parte da população afrodescendente. “Seja na perspectiva do não reconhecimento da sua identidade, de ainda termos uma representação, inclusive midiática. Os afrodescendentes, as negras e os negros, não se vê representado nos espaços de poder e na mídia como um todo: na novela, no jornal. Isso interfere no nosso processo de saúde mental e na nossa construção de identidade. Então, é inegável que ainda hoje na nossa sociedade, com todos os avanços e todo o processo de desenvolvimento econômico, temos no nosso processo societário muita dificuldade de garantir equidade para a sociedade que mais necessita.”

Além dos específicos de cada país, os povos afrodescendentes enfrentam desafios ainda maiores em momentos como o atual, de crise econômica, quando temos o recrudescimento de práticas racistas e xenofóbicas. “Nesses processos de crise a população que mais sofre é a afrodescendente. Cada vez mais temos desafios e pautas para lutar até efetivamente conquistar uma sociedade mais justa e igualitária,” destaca Martins.

Um das provas de que a luta racial é impactada em todos os lugares pelas articulações mundiais, na opinião do dirigente do movimento negro jovem, foi a baixa participação de países no evento realizado este ano, em Nova York, pelas Nações Unidas, para comemorar os 10 anos da Conferência Mundial de Combate ao Racismo, realizada em Durban. “Nós tivemos pouquíssimos países presentes após 10 anos de comemoração da conferência que é o maior mecanismo legal de combate ao racismo no mundo. Isso é um reflexo de que a pauta do racismo se articula diretamente com as transformações no mundo, com os processos de articulação entre os países. E outro exemplo que tange a isso, a sociedade brasileira em 2001 contava com mais de 200 organizações sociais do movimento negro na Conferência Mundial do Racismo. E no evento mais importante desse ano que deveria ser a reunião de avaliação dos 10 anos de Durbam agente tinha apenas sete organizações sociais do movimento negro presente.”

3 comentários:

Anónimo disse...

Agência Brasil constrange brancos à adoção de crianças negras.

Por Klauber Cristofen Pires

Eu já escrevi sobre este mesmo assunto umas duas ou três vezes. Sabem aquele relógio que os seguranças carregam consigo e que precisam ser acoplados a diversos pontos do estabelecimento, de hora em hora? Pois tal é a campanha que constrange os brancos a adotar crianças negras. Ela é persistente e periódica. Daqui a uns dois meses vou encontrá-la novamente.


Olhem lá, não tenho nada contra que brancos adotem crianças negras. É um ato de amor e um ato cristão. Eu sou é contra o constrangimento psicológico com intenções político-ideológicas que tem sido disparado contra a população branca.


Leiam com atenção à matéria abaixo, da Agência Brasil. Ali diz que há atualmente 51 crianças negras aptas para adoção, sendo que apenas 17 casais brancos aceitam-nas. Isto significa que há então 34 crianças negras que poderiam ser adotadas por casais negros! Agora, vão me dizer que não há 34 casais negros com condições sócio-econômicas adequadas no Distrito Federal?


Minha sogra - uma pensionista do INSS - adotou uma menina negra que se tornou a única doutora de sua comunidade de origem. Nenhum governo de nenhum partido jamais logrou tal sucesso, malgrado suas fórmulas cheias de siglas e regras. Só o que se tem é muita deseducação e muito desvio de verbas, inclusive para a merenda escolar.


Se há algum motivo relevante - muito embora não confessado - pela população branca é que o movimento negrista de inspiração socialista-gramscista está conseguindo fazer acontecer o que não havia por meio de sua denúncia fraudulenta - a segregação racial motivada pelo ódio e pela propaganda mentirosa.

Anónimo disse...

Crianças negras ainda são preteridas por famílias candidatas à adoção

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Três anos após a criação do Cadastro Nacional de Adoção, as crianças negras ainda são preteridas por famílias que desejam adotar um filho. A adoção inter-racial continua sendo um tabu: das 26 mil famílias que aguardam na fila da adoção, mais de um terço aceita apenas crianças brancas. Enquanto isso, as crianças negras (pretas e pardas) são mais da metade das que estão aptas para serem adotadas e aguardam por uma família.
Apesar das campanhas promovidas por entidades e governos sobre a necessidade de se ampliar o perfil da criança procurada, o supervisor da 1ª Vara da Infância e Juventude do Distrito Federal, Walter Gomes, diz que houve pouco avanço. “O que verificamos no dia a dia é que as família continuam apresentando enorme resistência [à adoção de crianças negras]. A questão da cor ainda continua sendo um obstáculo de difícil desconstrução.”
Hoje no Distrito Federal há 51 crianças negras habilitadas para adoção, todas com mais de 5 anos. Entre as 410 famílias que aguardam na fila, apenas 17 admitem uma criança com esse perfil. Permanece o padrão que busca recém-nascidos de cor branca e sem irmãos. Segundo Gomes, o principal argumento das famílias para rejeitar a adoção de negros é a possibilidade de que eles venham a sofrer preconceito pela diferença da cor da pele.
“Mas esse argumento é de natureza projetiva, ou seja, são famílias que já carregam o preconceito, e esse é um argumento que não se mantém diante de uma análise bem objetiva”, defende Gomes. O tempo de espera na fila da adoção por uma criança com o perfil “clássico” é em média de oito anos. Se os pretendentes aceitaram crianças negras, com irmãos e mais velhas, o prazo pode cair para três meses, informa.

Anónimo disse...

Há cinco anos, a advogada Mirian Andrade Veloso se tornou mãe de Camille, uma menina negra que hoje está com 7 anos. Mirian, que tem 38 anos, cabelos loiros e olhos claros, conta que na rotina das duas a cor da pele é apenas um “detalhe”. Lembra-se apenas de um episódio em que a menina foi questionada por uma pessoa se era mesmo filha de Mirian, em função da diferença física entre as duas.
“Isso [o medo do preconceito] é um problema de quem ainda não adotou e tem essa visão. Não existe problema real nessa questão, o problema está no pré-conceito daquela situação que a gente não viveu. Essas experiências podem existir, mas são muito pouco perto do bônus”, afirma a advogada.
Hoje, Mirian e o marido têm a guarda de outra menina de 13 anos, irmã de Camille, e desistiram da ideia de terem filhos biológicos. “É uma pena as pessoas colocarem restrições para adotar uma criança porque quem fica esperando para escolher está perdendo, deixando de ser feliz.”
Para Walter Gomes, é necessário um trabalho de sensibilização das famílias para que aumente o número de adoções inter-raciais. “O racismo, no nosso dia a dia, é verificado nos comportamentos, nas atitudes. No contexto da adoção não tem como você lutar para que esse preconceito seja dissolvido, se não for por meio da afirmatividade afetiva. No universo do amor, não existe diferença, não existe cor. O amor, quando existe de verdade nas relações, acaba por erradicar tudo que é contrário à cidadania”, ressalta.

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