domingo, 22 de janeiro de 2012

EUA: Acirra disputa entre republicanos para enfrentar Obama nas urnas



Deutsche Welle

Mitt Romney ainda é o favorito dos republicanos para disputar a presidência dos EUA, mas reviravoltas nas primárias tiraram-no da zona de conforto. Pesquisas recentes mostram que ele e Newt Gingrich estão empatados.

A política norte-americana dá sinais de que pode ser bastante imprevisível. Na quinta-feira (19/01), o ex-governador do estado de Massachusetts Mitt Romney tinha grandes chances de vencer as três votações primárias do partido republicano. Na manhã seguinte, ele torcia para que sua vitória em New Hampshire não fosse a única.

A mudança repentina se deu depois que os resultados da bancada de Iowa de 3 de janeiro foram corrigidos, dando a vitória não ao moderado Romney, mas ao conservador Rick Santorum.

Para consternação de Romney, o governador do Texas, Rick Perry, desistiu da corrida presidencial e deu lugar ao ex-presidente da Câmara dos Representantes Newt Gingrich pouco antes das primárias na Carolina do Sul.

A franca liderança de Romney naquele estado parece ter evaporado. As pesquisas mais recentes mostram um empate técnico entre Romney e Gingrich, que é considerado o único candidato capaz de enfrentar Romney pela nomeação republicana.

As voltas e reviravoltas na Carolina do Sul essa semana ilustram o quão volátil pode ser a simpatia dos votantes durante a época de primárias. Elas também realçam os pontos fracos individuais de cada candidato republicano.

Ricaço do povo

O principal problema para o multimilionário Romney é a imagem pública dele como elitista, que dá pouca importância aos trabalhadores comuns. No início da semana, ele admitiu pagar apenas cerca de 15% de imposto sobre sua renda (a alíquota máxima para um funcionário é de 35%), adquirida principalmente através de investimentos, alguns dos quais localizados no conhecido paraíso fiscal das Ilhas Caimãs.

Ele também tem sido evasivo a respeito de publicar sua declaração de imposto de renda dos últimos anos, ponto sublinhado por Gingrich, que divulgou sua própria declaração durante o debate de quinta-feira.

Críticos dizem que a empresa de capital privado Bain Capital, onde Romney construiu sua fortuna pessoal, é especializada em cortar empregos em prol dos lucros. Nada disso contribui necessariamente para melhorar sua fama entre os eleitores, em tempos de prolongada recessão da economia no país.

No debate de quinta-feira, Gingrich aproveitou para retratar o favorito das prévias como membro da parcela de 1% da sociedade norte-americana que desfruta de privilégios, enquanto a taxa de desemprego beira os 8%. Mas o debate de quinta-feira também mostrou que Gingrich era tão vulnerável a ataques quanto Romney.

Problemas de confiança pessoal

Gingrich já foi casado três vezes e, pouco antes do debate, sua segunda esposa deu uma entrevista na televisão dizendo que ele mentiu para ela durante o casamento e chegou a propor que eles mantivessem um relacionamento aberto.

Durante o debate ele negou o fato, mas, para muitas pessoas, o fato de Gingrich ter admitido mais de uma vez casos de adultério e ainda assim falar com frequência sobre valores familiares faz dele um hipócrita.

Conclusões prematuras?

A decisão de Rick Perry de abandonar a disputa deixou quatro canditados republicanos na corrida por uma vaga na disputa presidencial: Romney, Gingrich, Santorum e Ron Paul. Contudo, apenas uma pequena fração dos eleitores republicanos foram ouvidos até agora, e apenas 65 delegados foram de fato escolhidos – para vencer são necessários 1.144. Segundo críticos, esse sistema distorce os resultados de maneira contraditória.

"Ninguém gosta de moderação no debate", diz a cientista política Andrea Hatcher, da Sewanee University of the South. "Os partidos apelam para os extremos que têm mais condições de aparecer nas primárias e isso acaba produzindoainda mais extremismo no processo". Ao mesmo tempo, candidatos bem conectados com as bases do partido também se beneficiam.

"Seria muito difícil lançar um processo de nomeação popular que fosse mais fácil de controlar pelos republicanos do que a bancada de Iowa, mais a favor de um candidato natural do lugar do que New Hampshire e mais conservadora, embora maleável, do que a Carolina do Sul", diz Thomas Brogan, professor de Ciência Política no Albright College.

Se os eleitores na Carolina do Sul derem a Romney uma grande vitória, ainda assim isso não significaria sua nomeação. Mas se ele não vencer, o divertido e algumas vezes absurdo espetáculo das primárias deverá continuar por muitas semanas ainda.

Autora: Christine Bergmann, Washington (ff) - Revisão: Soraia Vilela

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