sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Guiné-Bissau: Ministro angolano satisfeito com medidas para punir "insurretos militares"



MB - Lusa

Bissau, 05 jan (Lusa) - O ministro da Defesa de Angola, Cândido Van-Dunem, que se encontra em visita à Guiné-Bissau, afirmou hoje que Luanda está satisfeita com as medidas que estão a ser tomadas pelas autoridades guineenses para "punir os insurretos militares".

Cândido Van-Dunem, que chegou hoje a Bissau onde vai permanecer até domingo, afirmou que recebeu indicações no sentido da punição dos responsáveis da crise militar de 26 de dezembro, no final de uma audiência com o procurador-geral guineense, Edmundo Mendes, com o ministro da Defesa, Baciro Djá, e com o chefe das Forças Armadas, António indjai.

"Depois desta visita à casa das leis ficámos com a impressão de que as autoridades guineenses estão empenhadas em pôr termo àquilo que são os atos de insubordinação, diríamos de instabilidade que vão sendo cíclicos na Guiné-Bissau", afirmou Cândido Van-Dunem.

"Da Procuradoria-Geral da República levamos a mensagem de que todos os esforços possíveis serão feitos no sentido de se apurar e se punir os infratores, que têm sido os perturbadores de um processo que, não só envolve o povo guineense, mas pode pôr em causa a intervenção de outros atores que têm estado a contribuir para a paz" na Guiné-Bissau, acrescentou Van-Dunem.

O ministro da Defesa de Angola também recebeu a mesma promessa do Chefe das Forças Armadas e do homólogo guineense, com os quais esteve reunido na mesma ocasião. "É um elemento que nos anima, que nos estimula porque nos faz crer que este processo está entregue em boas mãos", observou Cândido Van-Dunem.

O governante angolano aproveitou para comentar as críticas dos partidos da oposição guineense, que acusam Luanda de ingerência nos assuntos internos da Guiné-Bissau na crise militar de 26 de dezembro.

"Não pode haver em momento algum qualquer conotação dessa natureza, porque a característica da MISSANG nem sequer permite esta relação. Não temos tão-pouco disponibilidade operacional para poder ter qualquer relação com este tipo de comprometimento", disse.

Cândido Van-Dunem lembrou que a MISSANG (Missão Angolana de apoio à reforma do setor da Defesa e segurança na Guiné-Bissau) está na Guiné-Bissau no âmbito de um compromisso entre as autoridades dos dois países.

"A MISSANG está na Guiné-Bissau com base nos compromissos assumidos pela liderança dos dois países, portanto continuará aqui até que as autoridades e o povo da Guiné-Bissau não a desejem mais. A MISSANG é uma missão técnica, com uma natureza muito própria e específica", afirmou Cândido Van-Dunem.

A MISSANG "está aqui com o único propósito de ajudar as Forças Armadas da Guiné-Bissau no seu processo de reorganização e modernização. Em momento algum a Missang está aqui para se imiscuir nos assuntos internos da Guiné-Bissau. É uma garantia que estamos aqui a dar", sublinhou o ministro da Defesa angolano.

No passado dia 26 de dezembro, a Guiné-Bissau voltou a atravessar um período conturbado, marcado pela sublevação de um grupo de militares.

Da crise militar resultaram dois mortos e prisão do chefe de Estado-Maior da Armada, Américo Bubo Na Tchuto, e de outros 25 suspeitos.

O chefe de Governo disse posteriormente que o plano visava a sua eliminação física bem como do chefe das Forças Armadas, António Indjai, mas não confirmou informações da oposição de que passou o dia 26 sob proteção da missão angolana.

Angola está a apoiar financeira e tecnicamente o processo de reforma do setor de Defesa e segurança, tendo estacionado em Bissau um destacamento de cerca de 120 soldados que estão a ajudar na construção de casernas militares e ainda dar formação aos militares.

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