terça-feira, 31 de janeiro de 2012

MUDAM-SE OS TEMPOS… E AS NOSSAS VONTADES?




Dúnia Gonçalves* – Liberal, opinião – com foto

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Assim mudou Cabo Verde, a terra da Morabeza. A terra conhecida pelos brandos costumes, de gente afável e hospitaleira. Cabo Verde tornou-se numa terra de gangs, de selvajaria, de escândalo, de prevaricação, de corrupção, de prostituição, de morte, de choro, …. Digam-me, por favor, o que significa este conjunto de palavras bonitas “boas práticas de governação e democracia”. Significam, forjar resultados de relatórios que elevam os índices de Cabo Verde até ao topo, falseando uma imagem daquilo que não é. Tapando o sol com a peneira? Disseram-me, segundo relatórios, que vivo num País com mais qualidade de vida. Eu sei onde vivo. Eu vivo num país que tem enormes desafios. Não tenho emprego, vivo na pobreza, não tenho água, não tenho Luz, não consigo viajar para nenhum país do mundo. Porque me tratam de boba?! Disseram-me, segundo relatórios, que vivo num País com mais democracia. Só eu sei aonde vivo. Vivo num País onde se toma decisões por mim sem eu ser consultada. Disseram-me, segundo relatórios, que vivo num País com mais Liberdade. Aonde? Porque colocaram números “disque denúncia” para tudo quanto é lado. Sou morta ou presa a qualquer hora, a qualquer dia, no meio da rua, na minha casa, num bar com amigos. Tenho medo de falar, de escrever, de pensar! Disseram-me que vivo num país de grandes progressos. Que progressos? Umas vivendas no Palmarejo, uns carros de luxo na estrada, algumas lanchas voadoras no mar, na terra? Quiçá, no ar?! Não se esqueçam: isto é só para alguns. Não é para todos os cabo-verdianos. Não se esqueçam que tudo isto não é fruto do suor cansado. É fruto da conivência, “dum fetxá um oi”.

Este é o meu país. Um país imaginário, pintado de rosa. Creio Virtual.

Este é o meu país. De Sala de visitas, Cabo Verde tornou-se uma *****.

Como disse alguém e bem “É preciso falar a verdade aos cabo-verdianos e o governo precisa, urgentemente, de pôr os pés na terra”.

*DÚNIA GONÇALVES - Estudante de Jornalismo na Universidade Jean Piaget de Cabo Verde.

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