TSF
O ex-líder da CGTP reafirmou, no Fórum TSF desta segunda-feira, o alerta para os perigos que pairam sobre o movimento sindical.
Terminados os 25 anos a frente da CGTP, Carvalho da Silva confessou que não se sente desiludido nem frustrado quando olha para o passado, mas muito satisfeito com o progresso alcançado.
Contudo, mostrou-se inquieto com o futuro e com as pressões e as «fortíssimas ameaças» que pairam sobre o movimento sindical.
Quando se fala na «crise do sindicalismo» em Portugal, «alguns têm mesmo a leviandade de colocarem o sindicalismo como uma coisa ultrapassada e fazerem ataques lineares» ao sector, disse.
Carvalho da Silva acrescentou que «se os sindicatos forem encostados à parede, o descalabro da sociedade vai ser muito maior do que imaginamos», sobretudo numa época de crise mundial.
Se os sindicatos ficarem sem «espaço de intervenção mínimo», vincou, «as desigualdades e o aprofundamento de violências» podem representar um «perigo muito grande».
O ex-secretário-geral da CGTP destacou, ao defender que os sindicatos são organismos vivos, que não há nenhuma família política actual que se tenha estruturado ou que tenha nascido antes da afirmação do sindicalismo.
Carvalho da Silva disponível para ajudar a repensar a esquerda
Questionado no Fórum TSF desta segunda-feira sobre uma possível candidatura a Belém, o ex-secretário-geral da CGTP disse que tem vontade e disponibilidade para continuar a ajudar
«Tenho alguma disponibilidade e vontade de, naquilo que sou, nas minhas limitações e nas minhas capacidades, dar algum contributo à sociedade, mas o que pode resultar daí não imagino», respondeu o ex-líder da CGTP, para quem um sindicalista nunca deixa de o ser.
«Nós somos seres humanos e os nossos comportamentos não mudam assim. Há coisas que estão inculcadas em nós e que se podem manifestar, não posso garantir que numa ou noutra expressão de raciocínio não esteja ainda muito a carga do individuo que está a desempenhar a função», disse.
Carvalho da Silva confessa-se preocupado quanto ao futuro, mas não se sente desiludido quando olha para o passado.
«Fizemos um percurso extraordinário» em indicadores como a saúde, o ensino e a protecção social, afirmou, reforçando que «o progresso da sociedade foi extraordinário em poucas décadas».
O antigo secretário-geral da CGTP alertou que os governos não interpretam as mensagens dos movimentos sociais e que o documento que estabelece as condições do empréstimo externo é um exemplo disso.
«Na linguagem do actual governo, nós encontrámos uma apresentação ao país do interesse do Estado plasmado no conteúdo do memorando da "troika". Isto é uma fuga à responsabilidade», considerou.
*Com áudio no original
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