segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Krugman recomenda corte de 20% nos salários da periferia do euro




Eva Gaspar – Jornal de Negócios, com foto

Países como Portugal têm ainda de baixar mais os salários para recuperar competitividade. Com alguma inflação, o ajustamento será mais fácil, afirma o economista norte-americano e prémio Nobel da Economia.

Paul Krugman insiste hoje numa entrevista ao “Le Monde” que a principal solução para os desequilíbrios que ameaçam a sobrevivência da Zona Euro passa por uma descida dos salários nos países periféricos, onde se tem concentrado a perda de competitividade face ao centro – e, em particular, face à Alemanha.

“Para restaurar a competitividade na Europa ter-se-ia de fazer com que, daqui a cinco anos, os salários baixassem nos países menos competitivos 20% em relação à Alemanha”.

Já há quase dois anos que o economista norte-americano, galardoado com o Nobel da Economia, bate nesta tecla, defendendo que, face à impossibilidade de desvalorizar a moeda, os países periféricos têm de proceder a cortes nos salários, de modo a reequilibrar as balanças comerciais, atacando, desta forma, o que considera ser o principal motivo do seu excessivo endividamento.

Em Maio de 2010, o economista e professor de Princeton recomendava cortes salariais que podiam ir até 30%, dando como exemplos a Grécia, Espanha, Portugal, Lituânia e Estónia.

Nesta entrevista ao “Le Monde”, Paul Krugman volta igualmente a defender que tudo seria menos doloroso se a ortodoxia europeia – em especial o Banco Central Europeu (BCE) – aceitasse durante algum tempo uma inflação mais elevada do que os 2% que considera o máximo tolerável.

“A inflação não é o problema, é a solução”, diz, sugerindo às autoridades europeias que aceitem subidas nos preços na casa dos 4% ao ano, o que, só por si, apoiaria significativamente o processo de desendividamento dos países que têm a corda mais apertada em torno do pescoço.

Krugman insiste, de resto, que o combate ao endividamento excessivo – na Europa e nos Estados Unidos – deve ser feito, mas apenas “quando houver oportunidade”. Ou seja, quando a actividade económica e o emprego estiverem ancorados em trajectórias de crescimento. Não agora, portanto.

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