Dinheiro Vivo
Catroga, Celeste Cardona, Teixeira Pinto, Rocha Vieira, Braga de Macedo e Ilídio Pinho são dos novos membros do Conselho de Supervisão
Os acionistas de referência da EDP (Estado, BCP, BES, José de Mello Energia, Cajastur e Three Gorges) já escolheram os nomes que vão comandar a empresa nos próximos três anos e os dos 11 novos membros propostos para o Conselho de Supervisão, os seis que são portugueses têm ligações ao Governo.
Eduardo Catroga, que era vogal e agora assume a presidência, foi ministro das Finanças no terceiro Governo de Cavaco Silva e um dos nomes apontado para a mesma pasta no Governo de Passos Coelho.
A ele juntam-se os cinco independentes, membros que não representam nenhum acionista e que acumulam outros cargos fora da EDP. É o caso do próprio Catroga, presidente da SAPEC e administrador do banco Finantia.
Celeste Cardona foi ministra da Justiça do Governo de coligação de Durão Barroso; Braga de Macedo foi ministro das Finanças do segundo Governo de Cavaco Silva; Paulo Teixeira Pinto foi secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros nos dois governos de Cavaco e Vasco Rocha Vieira, o último governador de Macau, foi ministro da República nos Açores no I Governo de Cavaco Silva.
Só a ligação de Ilídio Pinho é menos definida, até porque não ocupou cargos em nenhum Governo PSD. Amigo de Mário Soares, o empresário do Norte apoiou a ascensão de Santana Lopes quando substituiu Durão Barroso, em 2004, como primeiro-ministro.
Além disso, é membro da administração da Fomentinvest, empresa de Ângelo Correia, ex-ministro da Administração Interna do Governo de Pinto Balsemão e onde Passos Coelho foi gestor. Contudo, segundo fontes do mercado, Ilídio Pinho terá sido escolhido pela ligação que tem a Macau e aos mercados asiáticos.
Para António de Almeida, que se prepara para abandonar o cargo de presidente da EDP após seis anos no cargo, a situação não é nova. “Nos dois mandatos em que estive na empresa, todos os independentes foram nomeados pelo Estado. Não nos conseguimos desligar do poder político”, disse ao DN/Dinheiro Vivo, à margem da assinatura do contrato da EDP e do Estado com a Three Gorges, que venceu a privatização da EDP.
Chineses já mexem na EDP
O Conselho de Supervisão e a administração da EDP terminaram o mandato no final de 2011, mas com a entrada dos novos acionistas chineses antecipou-se a eleição dos novos membros de Abril para 20 de Fevereiro, data para a qual foi marcada a Assembleia Geral extraordinária.
Uma das razões da antecipação era exactamente para que a Three Gorges pudesse ter já assento na empresa, como aliás foi exigido na proposta de compra dos 21,35% da EDP, mas apenas no Conselho de Supervisão, onde estão agora quatro chineses (ver infografia).
No conselho executivo não há chineses. António Mexia fica e Ana Maria Fernandes, CEO da Renováveis, sai da administração e vai para o Brasil. Uma opção que terá surgido como forma de tranquilizar os brasileiros, mostrando que a sua CEO não tem assento numa empresa detida por chineses, dizem fontes do mercado, ressalvando que é apenas uma leitura possível para a decisão.
Sem comentários:
Enviar um comentário