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Antigo Presidente diz que é importante "bater o pé" quando é preciso
"Se não se acabar com a vaga de desemprego, não vamos subsistir", alertou hoje Mário Soares, fundador do PS e Presidente da República durante dez anos.
O socialista tem confiança no futuro e na população portuguesa, mas reforçou que "acabar com o desemprego é o caminho" para sair da crise, caso contrário, daqui a um ano, "estar-se-á pior que em altura de austeridade".
Mário Soares, que falava, em Vila do Conde numa palestra subordinada ao tema "Portugal e a crise europeia", no âmbito da comemorações dos 22 anos da Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão (ESEIG), lembrou ainda que, quando foi primeiro-ministro, recorreu à ajuda internacional.
Mas, na altura, o FMI "não dava conferências de imprensa nem dizia que mandava no País", porque, e apesar de terem emprestado dinheiro, "não se tinha criado uma situação de dependência", disse.
Por isso, aconselhou: "É importante que os partidos funcionem, que as pessoas se entendam, mas não podemos fazer o que a 'troika' quer. Temos que bater o pé quando é preciso".
Mário Soares, também um dos fundadores do regime democrático no pós-25 de abril de 1974, lamentou ainda que as estruturas da União Europeia "não trabalhem como deveriam" e que os "princípios fundadores da Europa tenham desaparecido".
E a propósito lamentou o fato de a chanceler alemã, Angela Merkel, uma pessoa com quem Mário Soares diz não simpatizar, apesar de ser "sorridente e gordinha", ter "uma ideia estranha da Europa".
A prová-lo está o facto de já ter dito que não se deveria dar dinheiro à Grécia, porque os gregos eram "preguiçosos", algo que o antigo presidente da República portuguesa considera ser um argumento "falso".
Tanto mais que não podemos esquecer que o "início da civilização" se deu com os gregos e também com os romanos, recordou ainda.
Mário Soares sublinhou ainda que Merkel e o presidente francês, Sarkozy, estavam "enganados quando se opuseram a que se emitisse mais moeda", uma situação que o ex-dirigente acredita que se vai alterar, porque "a estupidez não vai tão longe e já há muita pressão de outros países", como Itália, Espanha e até a França, que considerou já estar também a ter grandes dificuldades.
Aliás, previu que esta dupla de dirigentes internacionais, que Soares apelidou de "Mercozy", onde "Merkel manda e Sarkozy obedece", vai perder o poder quando houver eleições nos seus países, o que poderá representar um "bom contributo" para a Europa.
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