Lisboa – A última reunião do Comitê Central do MPLA (realizada a 10 de Fevereir) foi marcada por um episódio invulgar no conclave do partido no poder em Angola. Em plena reunião, o histórico Ambrósio Lukoki entrou em trocas de palavras duras com o presidente do partido, José Eduardo dos Santos (JES), deixando este em embaraçado.
O actual embaixador de Angola na República da Tanzânia, Ambrósio Lukoki, levantou-se para transmitir ao líder do seu partido que, nos últimos tempos, têm se registado um certo distanciamento entre o MPLA e o povo. Reforçando o mesmo que "os problemas destes não estão a ser resolvidos". Em resposta, JES sublinhou que não se deveria apenas criticar, mas também participar nas reuniões e submeterem propostas para as soluções.
Inconformado com a resposta, Ambrósio Lukoki defendeu-se assegurando que é um militante empenhado e que participa, na maior parte das vezes, nas reuniões do seu partido. Para dar sustento nas suas afirmações, o antigo ministro da Educação do governo de Agostinho Neto disse que tem escrito inumeras vezes ao seu presidente para transmitir os problemas, mas - em contrapartida - nunca teve nem sequer uma resposta.
Entre outras questões levantadas pelo histórico do partido no poder, a troca de palavras entre os dois (ele e o JES) prolongou-se perto de 20 minutos, até ter chegado o momento que o ex-vice presidente do partido, Antônio Pitra Neto interferiu surgerindo que, as questões levantadas por Ambrósio Lukoki eram pertinentes e que fazia mais sentido se fossem debatidas numa outra reunião.
A intervenção de Pitra Neto foi interpretado como um gesto libertar José Eduardo dos Santos do debate em que se mostrava encabulado. Foi notado também que poucos aplaudiram quando JES dava as respostas a Ambrosio Lukoki. (Apenas um pequeno grupo de senhoras que batiam palmas)
Ambrosio Lukoki é respeitado no MPLA por seu percurso histórico. Foi membro do Bureau Político no tempo de Agostinho Neto de quem era muito próximo. No seguimento da morte de Neto chegou a ser visto como uma figura com créditos para sucessão presidencial. Foi, no entanto, prejudicado por questões regionalistas que se levantaram na altura. (Faz parte da etnia bacongo)
Nos dias que ocorrem, notabiliza-se pela frontalidade aos assuntos considerados de tabus. Há cerca de quatro anos atrás, numa reunião preparatória para as eleições de 2008, questionou sobre a problemática de sucessão presidencial. Ambrósio Lukoki tomou a palavra para perguntar se “no partido já não havia outros candidatos”.
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